Hoje (28) é dia de folga para a nadadora Carolina Santiago. Mas amanhã (29) ela volta com tudo para nadar os 400metros e os 50m livre. Na sexta-feira(30), Carol fecha os Jogos de Lima com os 100m livre.
Mas o ciclo de competições continua com foco no Mundial de Londres, que começa no dia 9 de setembro. “Vai ser uma maratona. A gente já vai direto daqui para a Inglaterra. A preparação já vem desde o ano passado para fazer bonito lá.”
Ouro na estreia no Parapan
Carol Santiago enxerga apenas 30% do que as outras pessoas veem, mas as lembranças de segunda-feira(26) ficarão eternamente nítidas na memória dela.
Portadora da síndrome Morning Glory, ela caiu na piscina em Lima para disputar os 100m costas, na classe SB12, que reúne atletas com baixa visão. Na primeira disputa individual em uma prova internacional no exterior, Carol conquistou a medalha de ouro e estabeleceu o novo recorde Parapan-Americano. “Foi muito especial. Acordar, cair na água, bater um recorde e levar o ouro. Tudo isso é demais.”
Até outubro do ano passado, a nadadora estava em Recife, competindo ao lado de atletas sem deficiência. Até que veio a transição para o Grêmio Náutico União de Porto Alegre, e depois para o Comitê Paralímpico em São Paulo.
A primeira competição no Centro de Treinamento (CT), na Capital Paulista, foi só em abril de 2019. “Foi natural. Amor à primeira vista. Era como se eu já estivesse na natação paralímpica sem ter sido apresentada. Eu conheci o pessoal do Grêmio Náutico União de Porto Alegre lá no Nordeste. Eles que me apresentaram o paradesporto. Mas treinei muito pouco lá. Fui quase direto para o CT Paralímpico. E o trabalho com a equipe do Leonardo Tomasello está excelente.”
Momentos de cegueira total e o apoio familiar
Em dois momentos, Carol chegou a perder a visão totalmente, devido à chegada de um líquido à retina. Situações que deixaram marcas na vida da atleta. “Aí tive que aprender a confiar mais nas pessoas. E tenho certeza que aqueles momentos foram fundamentais para eu chegar aonde estou hoje.” Com o tratamento, a cegueira regrediu, e a atleta voltou a ter visão parcial.
Nesse processo, os pais Rodolfo e Vera foram fundamentais. Não faltou apoio durante a descoberta da deficiência. A dedicação foi total quando ela decidiu partir atrás dos sonhos. Diferentemente do que ocorreu nesses jogos de Lima, eles a acompanham em muitas viagens. “A minha criação sempre foi essa. Para correr atrás dos meus sonhos. Infelizmente, os meus pais não puderam estar aqui. Mas, todo mundo está na torcida e, com certeza, muito felizes.”
Recordes mundiais no Brasil e futuro
Em abril, no Open Internacional em São Paulo, Carol já havia quebrado duas vezes o recorde mundial dos 100m peito. A melhor marca é 1min14s79. O primeiro recorde mundial da natação paralímpica brasileira desde os Jogos de Atenas 2004, com Fabiana Sugimori, nos 50m livre. “Foi tudo muito rápido. Há uns 10 meses, eu nem era paralímpica. E hoje estou aqui em Lima com esse ouro e já tenho até recorde mundial.”