O ditado “nada é tão ruim que não possa piorar” foi desafiado pelo Cruzeiro. E o cancelamento do Troféu Inconfidência, com a taça ficando com o Uberlândia, é prova disso. O desejo da Raposa de não disputar o torneio sempre existiu, tanto que o clube tentou repassar a sua vaga, como quinto colocado da fase classificatória do Módulo I, para a URT, que foi a nona. Isso porque o maior atrativo da competição é uma possível vaga na Copa do Brasil do ano que vem. E os celestes já têm presença na competição nacional pelo ranking da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Diante da negativa da FMF, pois o regulamento do Módulo I prevê que não disputar o Troféu Inconfidência se caracteriza em abandono da competição, o que provoca multa, dois anos de afastamento das competições promovidas pela entidade e o retorno na Segunda Divisão do Estadual, que na verdade é a terceira, o Cruzeiro teve de jogar o torneio.


E a final desta quarta-feira (5), contra o Uberlândia, que foi cancelada pela FMF pelo fato de o time do Triângulo ter 13 pessoas da sua delegação positivas para Covid-19, seria viver literalmente o ditado popular “se ficar o bicho pega, se correr o bicho come”.

Perder a decisão do Troféu Inconfidência seria motivo de piada por parte dos rivais. Mas ganhar a competição, provocaria a mesma situação.

Com a decisão da FMF de cancelar a final, com a taça ficando com o Uberlândia, com a concordância do Cruzeiro, a Raposa foi esperta. Correu e o bicho não pegou.

Problema

Em entrevista ao Hoje em Dia, o diretor de futebol do Uberlândia, Fabrício Tavares, já tinha relatado a dificuldade do clube em decidir o Troféu Inconfidência em outra data: “O Uberlândia não tem calendário no segundo semestre. Cerca de 70% do grupo será liberado esta semana ainda. Ficarão apenas atletas formados em casa, que têm contratos mais longos com o clube. Sobrariam de oito a dez jogadores, de um total de 30”.

Depois de ter despesas de cerca de R$ 100 mil com dois jogos em casa sem torcida, viagem a Tombos e Belo Horizonte e testes para os dois jogos do Troféu Inconfidência, cada mês a mais do grupo de jogadores custaria até R$ 300 mil ao Uberlândia, o que foge à realidade financeira do clube.


“Não temos condições de manter a nossa folha, que é de cerca de R$ 220 mil, mas com encargos se aproxima dos R$ 300 mil. E seriam mais 40 testes, ao custo de R$ 249 cada, e mais uma viagem a Belo Horizonte, que fica em torno de R$ 10 mil, para se jogar o Troféu Inconfidência este ano. Vejo como solução, se ele for disputado, o ano que vem, antes do início do Estadual ou até durante o torneio. E isso vale também para a Recopa do Interior”.

Além disso, o dirigente destaca que os dois objetivos principais no Módulo I foram conseguidos, que é presença na Série D do Brasileirão ano que vem e também na Copa do Brasil 2021, caso Minas Gerais tenha mais uma vaga na competição.

Legal

A preocupação da FMF em cancelar a final era a questão legal, para evitar que o fato fosse judicializado. Isso porque Villa Nova e Tupynambás, que caíram para o Módulo II, tentam na Justiça Desportiva que o Campeonato Mineiro de 2020 não tenha rebaixamento por causa da pandemia pelo novo coronavírus.

Com a definição, a entidade com certeza se cercou juridicamente, pois garante que resolveu “cancelar, definitivamente, a partida entre as equipes do Cruzeiro Esporte Clube x Uberlândia Esporte Clube, válida pela Final do Troféu Inconfidência, por motivos alheios à vontade de ambas as equipes e, portanto, sem qualquer punição disciplinar e/ou regulamentar”.