MUNDIAL DE CLUBES

Todas as previsões sobre a final do Mundial de Clubes foram descartadas logo após o apito inicial. O Chelsea contrariou o que era esperado para a decisão, mostrou que o futebol “se resolve dentro de campo” e atropelou o favorito Paris Saint-Germain na tarde deste domingo (13/7). No MetLife Stadium, em Nova Jersey, a equipe inglesa se impôs desde o início, venceu o PSG por 3 a 0 graças ao brilho de Cole Palmer e o oportunismo de João Pedro e conquistou o título do torneio disputado nos Estados Unidos.

E “não foi uma novidade” para a torcida do Chelsea. Contrariar as previsões é algo que esse time fez nos últimos anos. Em 2012, quando conquistou a Liga dos Campeões pela primeira vez, a equipe azul de Londres bateu o Barcelona de Messi, Iniesta e Xavi na semifinal. Nove anos depois, os Blues venceram a Champions mais uma vez – garantindo vaga para o Mundial – ao bater o Manchester City de Pep Guardiola. E o ano de 2025 entrou para esse currículo de “azarão” do bilionário time inglês.

 O Paris Saint-Germain chegou à final após golear o Real Madrid e ter sofrido apenas um gol no Mundial de Clubes – diante do Botafogo, ainda na segunda rodada da fase de grupos. Porém, o Chelsea não teve medo de enfrentar os atuais campeões da Europa. O time inglês ocupou o meio-campo, anulou todas as armas do PSG, contou com o brilho do goleiro Robert Sánchez, que foi muito contestado durante a temporada, e ainda conseguiu atacar com precisão. E essa é a principal característica do camisa 10.

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Cole Palmer comemora gol pelo Chelsea na final do Mundial contra o PSG

(foto: ALEX GRIMM / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
 

Eleito melhor jogador do Mundial, Cole Palmer demorou a fazer uma grande partida, mas, aparentemente, o craque do Chelsea estava “esperando” a hora decisiva. Na final, o meia-atacante inglês de 23 anos fez dois gols idênticos e precisos e ainda deu uma assistência perfeita para que João Pedro fizesse mais um. O atacante brasileiro, que decidiu a semifinal diante do Fluminense com dois gols, brilhou novamente e justificou a contratação em meio ao torneio nos Estados Unidos.

Em resumo, a atuação do Chelsea foi perfeita, enquanto o Paris Saint-Germain não entrou em campo, e os jogadores comandados por Luis Enrique tiveram atuações terríveis – como o zagueiro brasileiro Lucas Beraldo, por exemplo. Coletivamente, o time de Enzo Maresca acabou com as chances dos franceses e levantou – de forma surpreendente pelo favoritismo do rival, mas merecida pelo desempenho na decisão – a taça do Mundial de Clubes.

Campanha do Chelsea no Mundial de Clubes

A trajetória do Chelsea até a conquista do Mundial de Clubes começou de forma irregular na fase de grupos. A equipe se classificou na segunda colocação da chave D, atrás do Flamengo, porque perdeu para o rubro-negro (3 a 1), na segunda rodada, mas venceu o Los Angeles FC (2 a 0) na estreia e o Espérance (3 a 0) para garantir a vaga no mata-mata.

 Na fase final do Mundial, o time de Enzo Maresca subiu de nível e atropelou os adversários. Nas oitavas, o Chelsea venceu o Benfica na prorrogação (4 a 1), e depois eliminou os brasileiros Palmeiras nas quartas (2 a 1) e Fluminense na semifinal (2 a 0), até atropelar o PSG (3 a 0) na grande decisão.

O jogo

Só um time em campo e não foi o favorito

A final do Mundial de Clubes teve só um time em campo. E não foi o favorito Paris Saint-Germain que dominou. Indo contra as previsões, o Chelsea se impôs desde o minuto inicial, amassou o rival no primeiro tempo e conseguiu abrir uma vantagem com três “tacadas de sinuca” de Cole Palmer.

 No minuto 7, Pedro Neto tocou para Enzo, que logo passou para João Pedro. O atacante brasileiro deu de letra para Palmer finalizar de primeira, e a bola até balançou a rede, mas pelo lado de fora, já que só “tirou tinta” da trave direita de Donnarumma. Porém, foi um presságio.

 Aos 22, Malo Gusto recebeu lançamento longo do goleiro Robert Sánchez, ganhou a dividida de Nuno Mendes, que falhou, e avançou. O lateral-direito até tentou finalizar com a perna esquerda, mas foi travado por Beraldo. Na sobra, ele encontrou Palmer na meia-lua, e o camisa 10 teve tranquilidade para dominar e chapar no canto direito do goleiro do PSG: 1 a 0.

Sete minutos depois, o torcedor do Chelsea comemorou um déjà vu. Como um volante, Colwill lançou Cole Palmer, que teve a lateral de campo para correr. O craque dos Blues teve até a oportunidade de tocar para João Pedro, mas preferiu levar para a perna esquerda e tocou com precisão mais uma vez, não dando chances para Donnarumma: 2 a 0.

E Cole Palmer “desfilava” em campo. O meia-atacante inglês teve liberdade novamente e, dessa vez, a “tacada de sinuca” não foi para o gol, mas sim para um companheiro. O camisa 10 encontrou João Pedro por trás da defesa, e o brasileiro teve apenas o trabalho de encobrir o goleiro italiano do PSG: 3 a 0.

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João Pedro comemora gol pelo Chelsea na final do Mundial contra o PSG

(foto: ALEX GRIMM / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
 

O herói improvável do Chelsea

Enquanto o Chelsea dominou, o Paris Saint-Germain mal chegou próximo ao gol de Robert Sánchez. No primeiro tempo, por exemplo, o goleiro fez duas defesas, e a posse de bola do time francês de 70% foi improdutiva.

 Nos minutos 15 e 17 do primeiro tempo, Doué teve duas chances. Na primeira, ele hesitou ao chutar e foi travado por Cucurella. Já no segundo lance, o francês chutou, e Sánchez fez uma grande defesa. O goleiro do Chelsea voltou a aparecer aos 47, quando João Neves cabeceou no canto direito, e ele evitou que o PSG diminuísse no fim da etapa inicial.

 E o goleiro espanhol foi o grande protagonista do segundo tempo. Com uma presença maior do Paris Saint-Germain, até pela necessidade de fazer gols para tentar voltar ao jogo, Sánchez foi exigido outras quatro vezes e fez a sua parte, se tornando um herói improvável da torcida do Chelsea, que tanto criticou o arqueiro na temporada.

 Logo no minuto 2 do segundo tempo, Kvaratskhelia fez boa jogada individual e finalizou. Nesse arremate, Sánchez espalmou errado, mas evitou o gol. Quatro minutos depois, em cruzamento desviado pela zaga do Chelsea, o goleiro fez grande intervenção em chute sem força de Dembélé. Já aos 13, Vitinha arriscou de fora da área, e o protagonista voltou a defender os Blues.

 E depois do protagonismo inicial de Sánchez, a parte final do segundo tempo ficou marcada pelo controle do Chelsea. Liam Delap, que entrou na vaga de João Pedro, até teve duas boas chances – nos minutos 22 e 34 -, mas parou em grandes defesas de Donnarumma.

 Próximo ao fim do jogo, o meio-campista João Neves puxou o cabelo de Cucurella e foi expulso pelo árbitro após revisão no VAR, em um lance que deu contornos ainda mais trágicos à atuação do PSG e comemorativos ao Chelsea.


Chelsea 3 x 0 Paris Saint-Germain

Chelsea:Robert Sánchez; Malo Gusto, Chalobah, Colwill e Cucurella; Reece James (Dewsbury-Hall 31 do 2º), Caicedo e Enzo Fernández (Andrey Santos 15 do 2º); Cole Palmer e Pedro Neto (Nkunku 31 do 2º); João Pedro (Delap 21 do 2º)
Técnico: Enzo Maresca

Paris Saint-Germain:Donnarumma; Hakimi (Mayulu 27 do 2º), Marquinhos, Lucas Beraldo e Nuno Mendes; Vitinha, João Neves e Fabián Ruiz (Zäire-Emery 27 do 2º); Dembélé, Doué (Gonçalo Ramos 27 do 2º) e Kvaratskhelia (Barcola 13 do 2º)
Técnico: Luis Enrique

Motivo: final do Mundial de Clubes
Local: MetLife Stadium, em Nova Jersey, nos Estados Unidos
Gols: Palmer 22 e 29 e João Pedro 42 do 1ºT
Árbitro: Alireza Faghani (AUS)
Auxiliares: Anton Shchetinin (AUS) e Ashley Beecham (AUS)
VAR: Bastian Dankert (ALE)
Cartões amarelos: Pedro Neto, Caicedo, Malo Gusto, Colwill, Dembélé e Nuno Mendes
Cartão vermelho: João Neves (39 do 2º)
Público: 81.118 pessoas