O Plenário Amynthas de Barros, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, virou “arquibancada” na tarde desta terça-feira. Com direito a cantos tradicionalmente ouvidos nos estádios, dezenas de torcedores do Atlético acompanharam a aprovação em primeiro turno, com 38 votos favoráveis e nenhum contrário, do Projeto de Lei 817/19, que dispõe sobre ocupação e reparcelamento de solo do terreno onde o clube pretende construir a Arena MRV.
Eram necessários 28 votos favoráveis dos 41 vereadores para que o PL fosse aprovado. Durante os pronunciamentos antes da votação, as menções à torcida alvinegra eram frequentes - seja como forma de apoio, seja como provocação. Atleticanos respondiam com cantos.
O PL, datado de 29 de julho, foi enviado à Câmara pelo prefeito de BH e ex-presidente do Atlético Alexandre Kalil (PSD). Em resumo, o texto permite que o solo do terreno onde o clube pretende construir a Arena MRV possa ser, de fato, destinado a esse fim. O estádio será erguido no bairro Califórnia, na Região Noroeste da capital.
Antes de ser aprovado em plenário, quatro comissões da Casa haviam dado parecer favorável ao texto: Legislação e Justiça, Meio Ambiente e Política Urbana, Administração Pública e Orçamento e Finanças Públicas.
Acordo previamente costurado na Casa garantiu a aprovação do texto que regulariza a mudança da área onde será construído o estádio. Antes de ser sancionado, o projeto ainda precisa passar votação em segundo turno na Câmara, que será nesta quarta-feira, a partir de 14h30.
Clima de arquibancada
Torcedores do Atlético - a maioria ligada à organizada Galoucura - chegaram à Câmara de BH minutos antes do início da sessão e já iniciaram o apoio. Em determinado momento, fizeram até algumas ameaças: "Vereador que votar contra não tem voto de atleticano nunca mais" e "ou vota por amor ou vota por terror", em alusão a um canto usado no estádio para pressionar jogadores em campo.
Havia a possibilidade de a apreciação do PL do estádio do Atlético ser adiada por conta da possível obstrução da pauta do dia, movimento relacionado a uma discussão sobre o “Escola Sem Partido”. Acordo entre os vereadores, porém, permitiu a votação.
Os torcedores, ansiosos, pediam o adiantamento da votação: “Vota! Vota!” e “Vamos votar!”. Em certo momento, a presidente da Câmara, Nely Aquino (PRTB), precisou interromper as manifestações durante pronunciamento do vereador Dr. Nilton (PROS). “Eu peço à galeria que respeite a fala do vereador, porque toda vez que vocês se manifestarem, o tempo dele é parado. Com isso, demoramos mais”, disse.
Quando, enfim, a pauta foi à votação, as manifestações dos torcedores voltaram. No fim, atleticanos comemoraram a aprovação do projeto e entoaram cantos favoráveis ao clube. O momento da aprovação teve como trilha sonora o hino alvinegro.