O início apático e com dificuldades na recepção pareciam prever o pior para a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei na manhã desta quarta-feira (horário de Brasília). O clima desfavorável – com muita gritaria das jogadoras do Comitê Olímpico Russo, que simulavam a torcida dentro de quadra –, porém, foi mudando na Ariake Arena. Com apoio das arquibancadas, que contavam com pelo menos 20 credenciados brasileiros, a equipe virou a partida, venceu por 3 sets a 1 (23/25, 25/21, 25/19 e 25/22) e se classificou para a semifinal dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

O Brasil volta à quadra na sexta-feira para disputar vaga na final olímpica contra a Coreia do Sul. A outra semifinal terá EUA x Sérvia. Os jogos serão à 1h e às 9h (ambos de Brasília), novamente na Ariake Arena.

Ao final da partida, o técnico José Roberto Guimarães saiu correndo pela quadra, comemorando a vitória. As atletas brasileiras se abraçaram emocionadas. As reações dão o tom do que significou o jogo.

A intensidade russa no início do duelo abalou psicologicamente o Brasil, que vinha de campanha perfeita na primeira fase da Olimpíada, com cinco vitórias em cinco partidas. Era a única equipe invicta no torneio de vôlei dos Jogos, contabilizando tanto o feminino quanto o masculino.

O fator mental se agravou com o começo ruim nos fundamentos. O saque adversário entrou, e o time do técnico José Roberto Guimarães sofria para parar Arina Fedorovsteva e Irina Voronkova nos ataques.

O revés no primeiro set teve reverberou no início do segundo, que também teve predomínio russo. Foi quando a comissão técnica brasileira resolveu colocar Macris no jogo.

Titular do time, a levantadora ainda não está na plenitude da forma física após sofrer uma lesão no tornozelo direito na partida diante do Japão, na primeira fase. Mas entrou mesmo assim. Ela, Gabi e Rosamaria (que também saiu do banco de reservas) foram fundamentais para o crescimento da Seleção Brasileira e a consequente vitória no segundo set numa virada impressionante.

Nesse momento, cresceu também a participação da torcida brasileira, que contou com uma presença especial: a nadadora Ana Marcela Cunha, que poucas horas antes havia conquistado a medalha de ouro na maratona aquática. A tensão das arquibancadas passou para a quadra.

Críticas ao técnico russo

Treinador do Comitê Olímpico Russo, o italiano Sergio Busato foi muito criticado por torcedores brasileiros pelo comportamento na área técnica.

Em 2019, ele já despertou a ira de outras adversárias por um motivo grave: um gesto racista, imitando olhos puxados, após uma vitória sobre a Coreia do Sul.

Nesse ambiente tenso, o Brasil manteve a cabeça no lugar e venceu o terceiro set. E o quarto começou de maneira favorável também. O Brasil abriu vantagem logo no começo e parecia encaminhar uma vitória tranquila para fechar o jogo. Só parecia.

As russas se recuperaram no ataque e contaram com erros adversários para virar a parcial: 17 a 15. Mas no fim deu tudo certo. Triunfo e vaga na semifinal garantida – para festa (e alívio) das arquibancadas verde e amarelas.