A paixão do cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo, morto nesta terça-feira (8), pelo Clube Atlético Mineiro se estende ao longo de, pelo menos, oito décadas. Conselheiro grande benemérito da agremiação esportiva, o ex-arcebispo metropolitano da Arquidiocese coleciona histórias de amor com o time.
"Se eu pudesse fotografar o coração de cada atleticano veríamos maravilhas de amor, de ternura, de sofrimento e também momento de alegria", declarou emocionado em entrevista para o documentário Coração em Preto e Branco que, à época, relembrou o retorno do Atlético à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro.
Não à toa, o Atlético decretou luto oficial de três dias após a notícia da morte do bispo e manifestou, em suas redes sociais, solidariedade aos familiares e amigos de dom Serafim. O velório acontecerá ao longo de três dias na Igreja da Boa Viagem, região Central da capital, e assim o corpo será sepultado apenas na sexta-feira (11).
Nossa Senhora das Graças
Presidente de honra do Conselho de Ética e Disciplina do Atlético, o cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo guarda histórias curiosas e de muita fé em sua trajetória com o clube.
Entre elas está a clássica narrativa a respeito da estátua da Nossa Senhora das Graças, padroeira do Galo – história a que muitos atleticanos atribuem responsabilidade pelo rebaixamento do Atlético à Segunda Divisão do campeonato.
Quatro anos antes desse trágico período na trajetória do clube, o presidente Nélio Brant mandou que cobrissem com tinta preta o manto originalmente azul que pertencia à estátua da santa.
Assim, atribuindo a queda do Atlético à blasfêmia contra a Nossa Senhora, a diretoria do time mandou que substituissem às escondidas a imagem da santa pintada por uma nova durante a campanha na série B, isso tudo com as bençãos do dom Serafim.
O fim da história todos sabem: o Atlético venceu o campeonato, retornou à Série A e quebrou um jejum de seis anos sem títulos.