Em seu show no Palco Sul do Planeta Brasil, no início da noite deste sábado (24), Caetano Veloso se referiu às chuvas que castigam Belo Horizonte e à tragédia de Brumadinho, que completou um ano na data de hoje.
O cantor e compositor baiano observou que "ontem e hoje" Belo Horizonte convive com tragédias naturais. E acrescentou: "Houve um desastre em Brumadinho e esse não foi um desastre natural. Que a nossa música sirva de consolo, no primeiro caso, e, no segundo, de perpétuo protesto". Ele emendou a fala com a canção Um índio.
Caetano subiu ao palco para uma apresentação no formato voz e violão, logo após o show "Ladrão", do rapper mineiro Djonga. A apresentação de Djonga, com horário de início às 16h20, estava em curso às 17h, horário em que foi localizado o primeiro corpo entre as 270 vítimas do rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão.
Djonga promoveu um minuto de silêncio pelas vítimas. Em seguida, ele disse que aquele era o "momento para pensar em quem tem menos condições do que a gente que está aqui" e destacou que, além de Brumadinho, mais gente teve a vida destruída pelas chuvas de ontem.
Depois da pausa silenciosa, que não teve adesão da totalidade do público, apesar do bonito momento dos braços levantados com as fitas brancas, o cantor mineiro deu outro recado. "Não vamos deixar de cobrar do poder público. Não vamos deixar de cobrar de quem a gente pôs lá. Mas não podemos esquecer de fazer a nossa parte, porque não dá para esperar nada de político", disse, sob aplausos.
Apesar da preocupação com as fortes chuvas que causaram estragos e mortes na Região Metropolitana de Belo Horizonte desde a última quinta-feira (23), o festival começou com tempo aberto na Pampulha. O trágico aniversário foi lembrado logo nos portões de acesso, onde fitas brancas eram distribuídas ao público para uma uma homenagem às vítimas.O show de Caetano durou exatamente uma hora e incluiu alguns dos sucessos mais conhecidos em sua voz, como Sozinho, O leãozinho, Reconvexo, Sampa e A luz de Tieta, que fez a multidão acompanhar à capela.
A banda de reggae Natiruts, que se apresentou no mesmo horário em que Caetano, mas em outro palco, também lembrou do assunto. O vocalista Alexandre Carlo convidou o público a erguer as mãos em uma "bênção às vítimas de Brumadinho, mas também aos heróis bombeiros, (que atuaram) em Brumadinho e também os de ontem e de anteontem (no socorro às vítimas das chuvas)".
Usando toda a estrutura do Mineirão (interior do estádio e esplanada), o Planeta Brasil tem 20 atrações nacionais e internacionais, divididas em três palcos principais, além de outros dois, montados no gramado, dedicados à música eletrônica. Foram previstas 14 horas de shows, desde as 12h deste sábado (24).
Além de Caetano, Djonga e Natiruts, Duda Beat, Anavitória e Daparte também foram alguns dos artistas que se apresentaram até o início da noite. Atrações como Black Alien, Matuê, Racionais e Tyga estavam escaladas para os shows de encerramento do festival.