O projeto de criação de um filme plástico biodegradável feito com casca de maracujá rendeu à gaúcha Juliana Davoglio o primeiro lugar do Prêmio Jovem Cientista na categoria ensino médio. A motivação, segundo ela, veio do excesso de restos orgânicos gerados pelo cultivo da fruta, causando acúmulo de lixo e contaminação do solo. Com a aplicação do método casting, de criação de embalagens comestíveis, a estudante conseguiu ainda reutilizar o resíduo do maracujá.
A vencedora da 29ª edição do Prêmio Jovem Cientista na categoria Estudante do Ensino Médio, Juliana Davoglio Estradioto, durante entrevista na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). - Marcelo Camargo/Agência Brasil
“Queria solucionar esse problema ambiental que era o descarte inadequado da casca do maracujá”, contou. Em seu discurso, Juliana lembrou que os jovens sempre aprendem sobre grandes nomes do passado, mas raramente têm contato com alguém da própria idade e, muitas vezes, sentado ao seu lado na escola, fazendo ciência. “Descobri esse mundo pelo qual sou apaixonada. Nunca tinha usado um jaleco na minha vida”, completou, ao fazer referência ao jaleco branco de pesquisadora.
De acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mais de 1.550 estudantes e pesquisadores de todo o país se inscreveram para a 29ª edição do prêmio. O tema este ano foi inovações para conservação da natureza e transformação social.
O vencedor da 29ª edição do Prêmio Jovem Cientista na categoria Estudante do Ensino Superior, Célio Henrique Rocha Moura, durante entrevista na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Além de Juliana, o pernambucano Célio Henrique Rocha venceu na categoria ensino superior com uma pesquisa sobre como a percepção da população sobre áreas preservadas no Recife pode auxiliar na gestão de unidades de conservação.
“Recife é o meu laboratório. Lá, 30% do território é composto por fragmentos florestais e unidades de conservação”, explicou. “Num contexto de superurbanizacao, é muito importante levantar essa bandeira da conservação”, completou.
O vencedor da 29ª edição do Prêmio Jovem Cientista na categoria Mestre e Doutor, João Vitor Campos e Silva, durante entrevista na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Na categoria mestre e doutor, o primeiro lugar foi para o paulista João Vitor Campos, que fez um estudo sobre o impacto de um modelo de conservação na Amazônia que recupera populações de pirarucu e tem potencial para garantir às comunidades o equivalente a uma poupança bancária avaliada em R$ 30 mil anuais.
“Fico muito feliz com essa oportunidade de reconhecer o trabalho que vem sendo feito nas comunidades rurais”, disse, ao explicar que o pirarucu é uma espécie de importância cultural muito grande na Amazônia e que teve suas populações reduzidas de forma drástica por causa da sobrepesca. “É uma grande ferramenta de conservação da biodiversidade”, avaliou.
O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mario Neto Borges, durante anúncio dos vencedores da 29ª edição do Prêmio Jovem Cientista. - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Para o presidente do CNPq, Mario Neto, o Prêmio Jovem Cientista representa uma oportunidade de mostrar ao governo e aos políticos que entram em cena nesse período pós-eleição que não há nação desenvolvida se não houver investimentos adequados em ciência e tecnologia. “A criatividade, o esforço e a dedicação podem transformar esses jovens em grandes cientistas que o país tanto precisa”, concluiu.
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