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Na corrida mundial pela vacina para combater a covid-19, o Brasil largou na lanterna, infelizmente, porque não tem mais, como no passado, capacidade nem competitividade para produzir Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), moléculas fundamentais para a fabricação de medicamentos em larga escala. Mudar esse quadro não será nada fácil.
Atualmente, o país produz apenas 5% dos insumos utilizados na fabricação de medicamentos no país, mas já foi capaz de elaborar cerca de 50%, na década de 1980, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi). Segundo o presidente da entidade sediada em São Paulo, Norberto Prestes, “serão necessários US$ 1 bilhão em investimentos para ampliar a capacidade nacional de produção da IFA para cerca de 20%, dentro de cinco a 10 anos”.
“Será preciso muito investimento e muita pesquisa para conseguirmos chegar a 20% de produção do IFA consumido no Brasil nesse prazo, o que poderá ajudar a reduzir preços de medicamentos”, informa o executivo.
De acordo com Prestes, o país poderá aproveitar as novas tecnologias utilizadas no desenvolvimento das vacinas contra a covid-19 — algumas delas, criadas por startups da área de biofármacos —, que reduziram drasticamente os prazos para o lançamento dos imunizantes. “Essas empresas fazem modelos de moléculas e de medicamentos artificiais que não precisam ser testados em humanos, porque tiveram êxito em simuladores”, destaca.
Nesse sentido, Prestes acredita que o Brasil poderia explorar mais a capacidade do acelerador de partículas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Sirius, lançado em 2018 e orçado em R$ 1,8 bilhão. “O Sirius está sendo subutilizado, porque precisa ter a tecnologia aprimorada, e poderia ser mais bem aproveitado no desenvolvimento dos IFAs no país”, afirma.
O executivo defende a destinação de investimentos tanto para o desenvolvimento de moléculas novas, quanto para aquelas que têm patentes quebradas ou em vias de serem quebradas — cujo prazo de desenvolvimento é menor, em torno de três a quatro anos.
Capacidade de reação
O país precisa investir em infraestrutura e no desenvolvimento tecnológico dos IFAs para ter conhecimento e capacidade para reagir a uma situação de pandemia, como a que estamos vivendo. Os Estados Unidos, por exemplo, importam da China 78% do IFA utilizado no país, mas, se quiserem mudar isso, eles têm infraestrutura e conhecimento para reagir em um ano ou dois e produzir insumos locais para os principais medicamentos, como antibióticos, remédios para câncer, para pressão alta ou para colesterol”, explica.
Prestes lembra que o Brasil é muito mais dependente das importações de IFA. No caso dos antibióticos, compra no exterior 100% dos insumos, porque não tem escala suficiente para produção local desses produtos para competir com os chineses.
Norberto Prestes abordará o desafio de investir na produção de IFA no país durante o VI Summit Brasil — evento on-line que será realizado no próximo dia 8 e que antecede a participação brasileira na BIO Digital 2021, maior encontro de biotecnologia do mundo, a ser realizado entre 10 e 18 de junho.
A Abiquifi desenvolve o projeto Brazilian Pharma & Health (BH&P), de estímulo à internacionalização e ao aumento das exportações das empresas do setor, em parceria com a Apex-Brasil. O programa selecionou cinco startups brasileiras para serem apresentadas no evento virtual sediado nos Estados Unidos. Entre elas, está a PHP Biotech, de Botucatu, no interior de São Paulo, startup que pesquisa uma molécula para o triplo-negativo, um dos tipos mais agressivos de câncer de mama, ainda sem tratamento eficaz e que atinge 300 mil mulheres todos os anos.
Projeto de lei
O projeto de lei nº 4.209/2019, que determina, para fins de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quais os medicamentos que contenham IFA nacional sejam enquadrados na categoria prioritária, será importante para o avanço da produção nacional desses insumos, na avaliação do presidente da Abifiqui. A matéria, aprovada pelo Senado Federal em maio, foi encaminhada para a Câmara dos Deputados e o executivo está otimista em relação à tramitação da proposta.
“Esse projeto de lei é muito importante e, quando for sancionado, vai garantir mais um mecanismo para o setor farmacêutico poder avançar nos investimentos de IFAs e nos pedidos junto à Anvisa”, completa Prestes. Segundo ele, o Ministério da Ciência e Tecnologia tem melhorado a interlocução com o setor e passou a dar prioridade a essa agenda, sinalizando que pretende transformar o atual grupo de trabalho temporário que trata de temas relacionados à saúde em um departamento permanente da pasta.
"O Sirius está sendo subutilizado, porque precisa ter a tecnologia aprimorada,
e poderia ser melhor aproveitado no desenvolvimento dos IFAs no país”
Norberto Prestes,Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos
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Atualmente, o país produz apenas 5% dos insumos utilizados na fabricação de medicamentos no país, mas já foi capaz de elaborar cerca de 50%, na década de 1980, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi). Segundo o presidente da entidade sediada em São Paulo, Norberto Prestes, “serão necessários US$ 1 bilhão em investimentos para ampliar a capacidade nacional de produção da IFA para cerca de 20%, dentro de cinco a 10 anos”.
“Será preciso muito investimento e muita pesquisa para conseguirmos chegar a 20% de produção do IFA consumido no Brasil nesse prazo, o que poderá ajudar a reduzir preços de medicamentos”, informa o executivo.
De acordo com Prestes, o país poderá aproveitar as novas tecnologias utilizadas no desenvolvimento das vacinas contra a covid-19 — algumas delas, criadas por startups da área de biofármacos —, que reduziram drasticamente os prazos para o lançamento dos imunizantes. “Essas empresas fazem modelos de moléculas e de medicamentos artificiais que não precisam ser testados em humanos, porque tiveram êxito em simuladores”, destaca.
Nesse sentido, Prestes acredita que o Brasil poderia explorar mais a capacidade do acelerador de partículas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Sirius, lançado em 2018 e orçado em R$ 1,8 bilhão. “O Sirius está sendo subutilizado, porque precisa ter a tecnologia aprimorada, e poderia ser mais bem aproveitado no desenvolvimento dos IFAs no país”, afirma.
O executivo defende a destinação de investimentos tanto para o desenvolvimento de moléculas novas, quanto para aquelas que têm patentes quebradas ou em vias de serem quebradas — cujo prazo de desenvolvimento é menor, em torno de três a quatro anos.
Capacidade de reação
O país precisa investir em infraestrutura e no desenvolvimento tecnológico dos IFAs para ter conhecimento e capacidade para reagir a uma situação de pandemia, como a que estamos vivendo. Os Estados Unidos, por exemplo, importam da China 78% do IFA utilizado no país, mas, se quiserem mudar isso, eles têm infraestrutura e conhecimento para reagir em um ano ou dois e produzir insumos locais para os principais medicamentos, como antibióticos, remédios para câncer, para pressão alta ou para colesterol”, explica.
Prestes lembra que o Brasil é muito mais dependente das importações de IFA. No caso dos antibióticos, compra no exterior 100% dos insumos, porque não tem escala suficiente para produção local desses produtos para competir com os chineses.
Norberto Prestes abordará o desafio de investir na produção de IFA no país durante o VI Summit Brasil — evento on-line que será realizado no próximo dia 8 e que antecede a participação brasileira na BIO Digital 2021, maior encontro de biotecnologia do mundo, a ser realizado entre 10 e 18 de junho.
A Abiquifi desenvolve o projeto Brazilian Pharma & Health (BH&P), de estímulo à internacionalização e ao aumento das exportações das empresas do setor, em parceria com a Apex-Brasil. O programa selecionou cinco startups brasileiras para serem apresentadas no evento virtual sediado nos Estados Unidos. Entre elas, está a PHP Biotech, de Botucatu, no interior de São Paulo, startup que pesquisa uma molécula para o triplo-negativo, um dos tipos mais agressivos de câncer de mama, ainda sem tratamento eficaz e que atinge 300 mil mulheres todos os anos.
Projeto de lei
O projeto de lei nº 4.209/2019, que determina, para fins de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quais os medicamentos que contenham IFA nacional sejam enquadrados na categoria prioritária, será importante para o avanço da produção nacional desses insumos, na avaliação do presidente da Abifiqui. A matéria, aprovada pelo Senado Federal em maio, foi encaminhada para a Câmara dos Deputados e o executivo está otimista em relação à tramitação da proposta.
“Esse projeto de lei é muito importante e, quando for sancionado, vai garantir mais um mecanismo para o setor farmacêutico poder avançar nos investimentos de IFAs e nos pedidos junto à Anvisa”, completa Prestes. Segundo ele, o Ministério da Ciência e Tecnologia tem melhorado a interlocução com o setor e passou a dar prioridade a essa agenda, sinalizando que pretende transformar o atual grupo de trabalho temporário que trata de temas relacionados à saúde em um departamento permanente da pasta.
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Norberto Prestes,Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos