Medidas de auxílio ao setor sucroenergético, afetado pela crise do coronavírus no Brasil, devem ser anunciadas pelo governo federal em até dois dias, disse ontem a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

“Entre amanhã e depois a gente tem uma sinalização exata do que vai ser feito”, afirmou a ministra durante participação em videoconferência do banco Credit Suisse.

Segundo ela, a pasta está discutindo com o Ministério da Economia e o BNDES para encontrar uma solução que atenda as usinas de cana. “Tem que ver os juros que vem sobre isso”, citou.

O retorno da Cide e os recursos do PIS/Cofins são duas das medidas que estão em análise. «A gente sabe que o PIS/Cofins sozinho não é dificuldade. Se vier Cide (sobre os combustíveis), qual o tamanho?”, comentou.

As usinas de cana-de-açúcar do Brasil foram amplamente afetadas pelo isolamento domiciliar contra a disseminação do coronavírus, que reduziu a circulação de pessoas e, por consequência, o consumo interno de etanol.

Além disso, o biocombustível ainda foi impactado pela desvalorização dos preços internacionais do petróleo, o que prejudica a gasolina e o etanol.
Tereza Cristina destacou o etanol como um dos segmentos do agronegócio mais afetados pela crise. “É um setor que está me dando trabalho”, disse.

“Temos que dizer alguma coisa o mais rápido possível para dar previsibilidade (às usinas de cana)”, acrescentou sobre a ajuda do governo federal.

O setor de etanol do Brasil tem buscado apoio do governo federal para obter financiamento via instituições oficiais para estocar 6 bilhões de litros do biocombustível, quase 25% da safra 2020/21, iniciada neste mês, o que permitiria a continuidade da colheita no centro-sul e exigiria R$ 9 bilhões.

Carnes – Questionada sobre o setor de proteína animal, Tereza Cristina lembrou que o surto da Covid-19 chegou primeiro na China e frustrou a expectativa de novas habilitações de frigoríficos brasileiros no curto prazo.

“No Ano Novo chinês tínhamos a esperança de ter mais plantas abertas… Isso deu uma parada”, admitiu.

No entanto, ela disse que “ainda tem a esperança” de avançar nas exportações de carnes do Brasil à China, visto que a economia do país asiático vem sendo retomada gradativamente.

“Tivemos problemas (com falta) de contêineres, pois ficaram lá (na China) ligados na tomada com a carne que não podia ser movimentada”, comentou a ministra sobre outro fator que prejudicou os embarques do setor no mês passado.

Em março, o governo chinês restringiu a logística nos portos do país para conter a disseminação do coronavírus.

A falta de contêineres para exportação foi um dos motivos que levou frigoríficos brasileiros a suspender abates e dar férias coletivas aos funcionários, para regular a oferta de carne no mercado.

“(Agora) estamos começando um novo momento. Isto será muito saudável”, disse Tereza Cristina. (Reuters)

 

Fonte: Diário do Comércio