A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou, esta semana, que deve aplicar reajuste de cerca de 20% no valor das bandeiras tarifárias, cobradas adicionalmente nas contas de energia elétrica dos consumidores de todo o país. A decisão deve ser formalizada até o fim do mês e as novas cobranças podem começar logo sem seguida. 


Essa majoração, mesmo que afete somente as bandeiras - acréscimos feitos nas contas para bancar o acionamento de termelétricas em momento de crise hídrica, como o atual -, e não as tarifas de energia elétrica, pode desencadear um efeito cascata, provocando alta na inflação e dificuldades ainda maiores para as classes mais baixas.


Vale lembrar que a eletricidade foi a principal vilã da inflação de maio, que chegou a 8,06%, e subiu mais de 5% no mês em comparação com abril.

Com o possível novo aumento, o cálculo é de que um consumidor residencial que gaste, por exemplo, 200 kWh mensais, verifique elevação de mais de 23% na sua conta, em apenas três meses. 

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O cálculo é o seguinte: se, em maio, com a aplicação da bandeira vermelha 1 (R$ 4,16 para cada 100 kWh consumidos), o cliente mencionado pagou R$ 131,94 e, em junho, sob a bandeira vermelha 2 (R$ 6,24), gastou R$ 136,09, o reajuste na taxa extra (na vermelha 2, para R$ 7,48) elevaria a conta, em julho, para R$ 163,31. 


Elevação de valores da bandeira vermelha deve provocar outros aumentos na economia, já que a eletricidade é insumo para inúmeras cadeias produtivas; além disso, pessoas de menor renda ficarão com as contas ainda mais estranguladas 
 

Para Paulo Casaca, economista do Ibmec, a aplicação do reajuste deve provocar outros aumentos na economia, já que a energia é insumo para inúmeras cadeias produtivas. Além disso, pessoas de menor renda ficarão ainda mais estranguladas para pagar as contas. 

“Esse reajuste é cruel, principalmente, com familias mais pobres, que a cada dia estão vendo se esvair seu poder de compra. Para sobreviver, será necessário economizar ainda mais em itens essenciais”, explica.

Crise hídrica

A justificativa da Aneel parta a correção das bandeiras é de que a crise hídrica pela qual passa o país – considerada a pior dos últimos 91 anos –, deixa os reservatórios das principais hidrelétricas do Sudeste em níveis muito baixos e obriga o sistema a abastecer-se com a geração das termelétricas, de custo mais elevado. Desde março, a Aneel acionou o sistema de bandeiras tarifárias e no mesmo mês abriu proposta para alteração nas tarifas. 

A proposta da Aneel também inclui redução: no caso, no valor da bandeira amarela, que passaria R$ 1,343 a cada 100 kWh consumidos para R$ 0,996. Já a bandeira vermelha 1 subiria de R$ 4,169 para R$ 4,599. “Tomaremos essa decisão ainda em junho, para pagar as térmicas”, afirmou o diretor-geral da Aneel, André Pepitone.

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