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O Banco Central (BC) divulgou, ontem, queda de 0,55% no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) — conhecido como prévia do Produto Interno Bruto (PIB) — no mês de novembro, em relação ao anterior. O dado surpreendeu o mercado, pois a mediana das estimativas indicava recuo menor, de 0,3%. Foi a quarta queda mensal consecutiva do IBC-Br, na série com ajuste sazonal do BC. De outubro para novembro, o indicador caiu de 143,85 pontos para 143,06 pontos, o menor patamar desde maio (142,09 pontos).
No acumulado do trimestre encerrado em novembro, o IBC-Br recuou 0,68%, na série dessazonalizada. E, na série sem ajuste sazonal, registrou alta de 1,65%, em relação a novembro de 2021. O dado ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado, de 2,25%. De janeiro a novembro, o indicador do BC registrou alta de 3,26%. Em 12 meses, a variação foi de 3,15%. A projeção atual do Banco Central para o PIB de 2022 é de expansão de 2,9%.
De acordo com analistas, os números do IBC-Br reforçaram a tendência de desaceleração, iniciada no terceiro trimestre de 2022, que deve levar à queda do PIB nos últimos três meses do ano. Eles lembraram que a piora nos indicadores mensais do comércio e dos serviços, em novembro, refletiu o freio na atividade puxado pelo aperto monetário que vem sendo conduzido pelo Banco Central desde março de 2021 e foi interrompido em agosto passado, quando a taxa básica da economia (Selic) estacionou em 13,75% ao ano. Com o custo de crédito nas alturas e o endividamento das famílias batendo recordes, o consumo diminuiu.
Como o impacto da alta da Selic ocorre com defasagem de seis a nove meses, os efeitos do aperto monetário começaram no início do segundo semestre de 2022, e foram mais fortes do que os estímulos fiscais concedidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano eleitoral. Por isso, a desaceleração seguiu seu curso
Não à toa, as previsões dos economistas ouvidos pelo Correio para o PIB de outubro a dezembro de 2022 indicam queda entre 0,1% e 0,4%. Como o freio de mão dos juros continuará puxado ao longo de 2023 — o Banco Central tem sinalizado que deverá manter as taxas elevadas por um período prolongado — a tendência é de desaceleração na economia brasileira, sem chances de contribuição do mercado externo, porque o cenário lá fora é de recessão.
Cenário desfavorável
A mediana das projeções do mercado para o PIB passam de alta de 3,03%, em 2022, para avanço 0,78%, em 2023, conforme o boletim Focus do BC. O órgão tem sinalizado que, a depender das pressões inflacionárias e da política fiscal do novo governo, pode até retomar a alta dos juros neste ano. Logo, se o novo governo não entregar um bom arcabouço fiscal, o quadro pode piorar. Por conta disso, segundo analistas, um dos principais desafios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será fazer com que o país cresça, em um cenário externo desfavorável e com taxas de juros reais (descontada a inflação) acima de 8% ao ano, no topo do ranking global. Será difícil conseguir cumprir as promessas de campanha de combate à desigualdade sem domar o dragão da inflação evitando métodos artificiais, como as desonerações tributárias de Bolsonaro.
Vale lembrar que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 5,79% em 2022, rompendo o limite superior da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. E as previsões do mercado para 2023 estão em 5,36%, acima do teto da meta deste ano, de 4,75%.
Para Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, o IPCA do ano deve registrar alta 5,8%, mas poderá ficar maior do que a de 2022, devido às medidas de estímulo e de aumento de gastos que podem ser anunciadas pelo novo governo. Por conta disso e da sinalização do BC, o banco elevou de 11,75% para 12,50% a previsão para Selic no fim deste ano, com redução dos juros somente a partir de agosto. "Outras casas no mercado já estão prevendo manutenção da Selic, ou mesmo alta", ressaltou. A projeção do Original para o PIB do quarto trimestre é de queda de 0,4%. Para 2023, de 0,5%, com viés de baixa.
Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco Alfa, disse que o resultado do IBC-Br não surpreendeu, e reforçou a estimativa de recuo de 0,1% no PIB do quarto trimestre. "Os dados do IBC-Br refletem os resultados ruins da indústria e do comércio, sem que os serviços salvassem a atividade, como vinha acontecendo até setembro", disse. Ele prevê alta de 0,9% no PIB deste ano após avanço de 3% em 2022.
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PIB
O Banco Central (BC) divulgou, ontem, queda de 0,55% no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) — conhecido como prévia do Produto Interno Bruto (PIB) — no mês de novembro, em relação ao anterior. O dado surpreendeu o mercado, pois a mediana das estimativas indicava recuo menor, de 0,3%. Foi a quarta queda mensal consecutiva do IBC-Br, na série com ajuste sazonal do BC. De outubro para novembro, o indicador caiu de 143,85 pontos para 143,06 pontos, o menor patamar desde maio (142,09 pontos).
No acumulado do trimestre encerrado em novembro, o IBC-Br recuou 0,68%, na série dessazonalizada. E, na série sem ajuste sazonal, registrou alta de 1,65%, em relação a novembro de 2021. O dado ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado, de 2,25%. De janeiro a novembro, o indicador do BC registrou alta de 3,26%. Em 12 meses, a variação foi de 3,15%. A projeção atual do Banco Central para o PIB de 2022 é de expansão de 2,9%.
De acordo com analistas, os números do IBC-Br reforçaram a tendência de desaceleração, iniciada no terceiro trimestre de 2022, que deve levar à queda do PIB nos últimos três meses do ano. Eles lembraram que a piora nos indicadores mensais do comércio e dos serviços, em novembro, refletiu o freio na atividade puxado pelo aperto monetário que vem sendo conduzido pelo Banco Central desde março de 2021 e foi interrompido em agosto passado, quando a taxa básica da economia (Selic) estacionou em 13,75% ao ano. Com o custo de crédito nas alturas e o endividamento das famílias batendo recordes, o consumo diminuiu.
Como o impacto da alta da Selic ocorre com defasagem de seis a nove meses, os efeitos do aperto monetário começaram no início do segundo semestre de 2022, e foram mais fortes do que os estímulos fiscais concedidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano eleitoral. Por isso, a desaceleração seguiu seu curso
Não à toa, as previsões dos economistas ouvidos pelo Correio para o PIB de outubro a dezembro de 2022 indicam queda entre 0,1% e 0,4%. Como o freio de mão dos juros continuará puxado ao longo de 2023 — o Banco Central tem sinalizado que deverá manter as taxas elevadas por um período prolongado — a tendência é de desaceleração na economia brasileira, sem chances de contribuição do mercado externo, porque o cenário lá fora é de recessão.
Cenário desfavorável
A mediana das projeções do mercado para o PIB passam de alta de 3,03%, em 2022, para avanço 0,78%, em 2023, conforme o boletim Focus do BC. O órgão tem sinalizado que, a depender das pressões inflacionárias e da política fiscal do novo governo, pode até retomar a alta dos juros neste ano. Logo, se o novo governo não entregar um bom arcabouço fiscal, o quadro pode piorar. Por conta disso, segundo analistas, um dos principais desafios do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será fazer com que o país cresça, em um cenário externo desfavorável e com taxas de juros reais (descontada a inflação) acima de 8% ao ano, no topo do ranking global. Será difícil conseguir cumprir as promessas de campanha de combate à desigualdade sem domar o dragão da inflação evitando métodos artificiais, como as desonerações tributárias de Bolsonaro.
Vale lembrar que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 5,79% em 2022, rompendo o limite superior da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. E as previsões do mercado para 2023 estão em 5,36%, acima do teto da meta deste ano, de 4,75%.
Para Eduardo Vilarim, economista do Banco Original, o IPCA do ano deve registrar alta 5,8%, mas poderá ficar maior do que a de 2022, devido às medidas de estímulo e de aumento de gastos que podem ser anunciadas pelo novo governo. Por conta disso e da sinalização do BC, o banco elevou de 11,75% para 12,50% a previsão para Selic no fim deste ano, com redução dos juros somente a partir de agosto. "Outras casas no mercado já estão prevendo manutenção da Selic, ou mesmo alta", ressaltou. A projeção do Original para o PIB do quarto trimestre é de queda de 0,4%. Para 2023, de 0,5%, com viés de baixa.
Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco Alfa, disse que o resultado do IBC-Br não surpreendeu, e reforçou a estimativa de recuo de 0,1% no PIB do quarto trimestre. "Os dados do IBC-Br refletem os resultados ruins da indústria e do comércio, sem que os serviços salvassem a atividade, como vinha acontecendo até setembro", disse. Ele prevê alta de 0,9% no PIB deste ano após avanço de 3% em 2022.