Se não fosse a correção do ICMS em Minas Gerais, queda poderia ser maior

A Petrobras anunciou o sexto corte consecutivo no preço da gasolina nas refinarias. Só na região metropolitana de Belo Horizonte, o consumidor já sentiu um recuo de R$ 0,06 nas últimas semanas, de acordo com levantamento feito pelo site de pesquisas Mercado Mineiro. Entretanto, o alívio poderia ter sido muito maior, se o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não tivesse sofrido uma alteração. A alíquota é de 31%, mas o preço médio sobre o qual ela incide subiu de R$ 4,87 para R$ 5,09. No fim das contas, o ajuste no imposto gerou um aumento de R$ 0,06 no preço final.

Com o aumento tributário indo de encontro ao recuo do preço, o motorista Hugo Oliveira diz que não sentiu nenhuma grande diferença. “Não vi diminuição no preço da gasolina, ainda estou optando pelo álcool que compensa mais”, disse. O bancário aposentado Aristides Antônio da Silva também não percebeu que o combustível ficou mais barato. “Muito pelo contrário, e o pior é que agora nem posso mais abastecer com álcool. Peguei agora o carro na oficina e disseram que ele está morrendo direto por conta do álcool. Agora é o bolso que sofre” conta.

Apesar de baixa, a redução aconteceu. Em comparação realizada entre os preços do dia 21 de outubro de 2018 a gasolina comum, que custava R$ 4,88, caiu para R$ 4,82. A queda de R$ 0,06 é equivalente a 1,15%. Entre os postos, a variação chega a 13,7%. O litro custa de R$ 4,65 e R$ 5,29.

Já o preço do etanol teve uma queda de 0,61%, após ter subido 7,32% no mês passado. O preço médio caiu de R$ 3,09 para R$ 3,07, mas ainda está vantajoso, pois está custando cerca de 64% do valor da gasolina.

Na fila do posto, a pedagoga Elza Mendes disse que nem cogita mais abastecer com gasolina. “Vou sempre pelo álcool que está bem mais barato”, disse. Para o militar aposentado Antônio Luiz, o etanol também tem sido a melhor escolha. “Se a gasolina diminuiu, não chegou no meu bolso. Agora mesmo vou abastecer com álcool”, disse Luiz.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, lembra que o governo de Minas Gerais desconsidera o contexto econômico pelo qual a população está passando. “Os consumidores terão que suportar mais um reajuste de ICMS. Para efeito de comparação, em janeiro deste ano os mineiros pagavam cerca de R$ 1,37 de imposto, por litro. Agora, estão pagando R$ 1,58. São R$ 0,21 a mais”, reclama.

No Estado, redução foi de 0,93%

Ribeirão Preto (Sao Paulo). O valor médio da gasolina vendido nos postos brasileiros recuou em 25 Estados brasileiros e no Distrito Federal na semana passada, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Apenas no Piauí foi registrado aumento.

Em Minas Gerais, o preço médio caiu 0,93%, de R$ 4,95 para R$ 4,90. No Brasil, a queda do preço médio foi de 1,08%, de R$ 4,70 para R$ 4,65.

Já o etanol ficou mais barato em 16 Estados, além do Distrito Federal. O combustível permanece mais competitivo em oito Estados brasileiros, e Minas Gerais está entre eles, com o combustível custando cerca de 64% em relação à gasolina.

Ministro cobra transparência na divulgação de preços

Rio de Janeiro. O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, disse que a Petrobras precisa dar mais transparência à divulgação dos preços de combustível. Ele criticou a estratégia da empresa de divulgar a média aritmética dos valores praticados em suas várias refinarias, o que, segundo o ministro, mascara o preço real dos combustíveis nesta etapa da cadeia.

Segundo o ministro, mesmo como acionista majoritário da companhia, a União não pode atuar diretamente para buscar essa transparência. “A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) impede e pune quando o majoritário usa abusivamente seu direito”, disse.

Petrobras

Mais corte. Nesta segunda-feira (12), a Petrobras anunciou mais um corte, desta vez de 0,71%, no preço médio do litro da gasolina A, sem tributo, nas refinarias, válido a partir desta terça (13).