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Brasileiro é o que mais se preocupa com perda de benefícios da aposentadoria

15/07/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h36 por Admin


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Fonte: Estadão Conteúdo

Uma pesquisa feita em 15 países e obtida em primeira mão pelo Broadcast mostra que os brasileiros são os que mais se preocupam com a possibilidade de perder benefícios da aposentadoria. Parte do receio se deve às discussões sobre a reforma da Previdência, que foi proposta pelo governo Michel Temer, mas, por falta de apoio no Congresso, não chegou a ser votada.

O levantamento, feito pela seguradora Mongeral Aegon, indica que, para 13 dos 15 países consultados, a redução de benefícios da previdência pública é a tendência que mais deve afetar o plano de se aposentar. As exceções são Reino Unido e Índia.

Os brasileiros se destacam por serem os que mais citam essa preocupação. Enquanto o resultado global mostra que 38% dos entrevistados apontaram essa tendência como um fator a ser considerado na hora de se preparar para a aposentadoria, as menções sobem para 54% no Brasil.

Embora a pesquisa seja feita pela Mongeral há sete anos, a de 2018 é a primeira que mede quais são as tendências que mais afetam o planejamento das pessoas para a previdência. É impossível, portanto, apontar se houve aumento ou diminuição das menções a cada tendência.

No entanto, os responsáveis pelo estudo, numa análise qualitativa das respostas, garantem que a reforma da Previdência desempenhou um papel fundamental nos resultados do Brasil. "As discussões em torno da reforma geraram uma maior dimensão do risco de os benefícios serem reduzidos no Brasil. As discussões tomaram corpo com o debate sobre a fragilidade do sistema", disse Leandro Palmeira, diretor de Pesquisa do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

Apesar de não ter sido sequer colocada em votação, a reforma continua no noticiário em razão da proximidade da eleição presidencial, como parte do debate entre pré-candidatos, que são instados a se posicionarem contra ou a favor de mudanças no sistema previdenciário.

As mudanças do mercado de trabalho são a segunda maior preocupação dos brasileiros, com 32% de menções. Nesse sentido, a crise econômica, que aumentou o desemprego, também afetou a percepção dos entrevistados no Brasil, uma vez que quem não trabalha tem mais dificuldade de contribuir para a previdência pública. "A crise fez crescer o grau de insegurança das pessoas", afirmou Palmira.

Preparo

O estudo da Mongeral mostra também que, apesar das preocupações, os brasileiros são o terceiro povo que mais se sente preparado para a aposentadoria, atrás apenas dos indianos e chineses. Sentir-se preparado, no entanto, não significa estar preparado de fato. Na análise dos autores do estudo, o Brasil só aparece bem posicionado nesse quesito por fatores culturais, demográficos e relacionados aos benefícios da previdência pública.

Segundo o estudo, o Brasil é um país de otimistas, que acreditam que, mesmo sem um planejamento, "tudo vai dar certo no último minuto". Além disso, se veem ainda como uma sociedade jovem e, por isso, estão menos atentos ao envelhecimento da população. Por último, o estudo considera que o sistema público de previdência é muito generoso, o que faz com que as pessoas sinta menos necessidade de procurarem uma alternativa.

De qualquer forma, enquanto o Brasil passa por uma discussão de reforma do sistema previdenciário e ainda sofre os efeitos da crise econômica, cresce o número de adeptos da previdência privada. Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), os dados mais recentes mostram que, em abril deste ano, havia 13,4 milhões de brasileiros com plano de previdência privada, 7,2% a mais que em abril de 2016, um mês antes do início do governo Temer, que propôs a reforma.

O número ainda pode crescer. Segundo uma pesquisa de opinião feita pela Fenaprevi também em 2018, em parceria com o instituto Ipsos, apenas 38% estão dispostos ou têm recursos para fazer uma reserva para complementar os rendimentos na aposentadoria. Entre os demais, 7% dizem não ter recursos para guardar e 55% não souberam responder.