Vamos caminhando para fechar o ano de 2022. Uma ano cheio de simbolismo e também de incertezas. A grande notícia é que o maior plano de recuperação judicial do país chegou ao fim. Na última quarta-feira, a Justiça decretou o fim do processo da operadora de telecomunicações Oi. A medida que as ações iam caindo muitos investidores iam comprando a espera de uma recuperação rápida. O que não aconteceu. As ações da Oi valem hoje menos de 0,20 centavos.
O mercado brasileiro acompanha de perto os vetores políticos em Brasília, enquanto também aguarda a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, que deve passar uma visão mais detalhada do Banco Central sobre os preços no Brasil. Contudo, como temos percebido ao longo de novembro e dezembro, o que tem dado o tom do dia é o agrupamento de eventos políticos. A entrevista do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que aprimorou o ambiente das ações locais, ainda que continue existindo muito pessimismo depois da mudança na Lei das Estatais.
O grande assunto da semana é a tentativa do PT de passar a PEC da Transição na Câmara, apesar de não ser consenso se há votos necessários para a aprovação. O julgamento no STF sobre as emendas de relator piora ainda mais o clima dos congressistas, que se veem pressionados pelo judiciário e por Lula. O tempo é curto e ainda há muita incerteza no ar, apesar de sabermos que o grande diferencial de longo prazo se dará por um novo arcabouço fiscal, que será discutido com maior profundidade no início de 2023. Até lá, teremos volatilidade sobre a curva de juros e muita incerteza.
Lá fora, o Federal Reserve cumpriu com o previsto e desacelerou a alta de juros, mas previu taxas mais altas por mais tempo. As ações asiáticas miraram pra baixo depois que o Federal Reserve sinalizou que as taxas de juros dos EUA poderiam subir mais do que o esperado e alertou que a maior economia do mundo cresceria menos do que o esperado no próximo ano, alimentando temores de que uma recessão esteja a caminho.
Para piorar o humor dos mercados globais, embora o Fed tenha aumentado as taxas em 50 pontos-base, conforme o esperado, o famoso "gráfico de pontos", com previsões dos membros da autoridade monetária, sugeriu pico do processo de aperto monetário acima de 5%, como temos falado há algum tempo que seria o mais provável.
Repercutindo a notícia e ansiosos pela reunião do BCE (Zona do Euro) e do BoE (Reino Unido), os investidores europeus esperam dias difíceis. Na China, o Banco do Povo da China (a autoridade monetária chinesa) manteve algumas de suas principais taxas inalteradas, mesmo diante dos temores de desaceleração econômica, herança das restrições por conta da Covid-19, que embora estejam em processo de relaxamento, deixaram um legado perverso para os investidores, considerando o estrago feito sobre as cadeias de suprimentos e atividade.
As taxas mantidas foram a de linha de crédito de médio prazo, de um ano, e do acordo de recompra reversa de sete dias. Com o movimento, os formuladores de política monetária na China indicam que as demais taxas da economia, como a de empréstimos de 1 e 5 anos, também devem ficar inalteradas, mesmo diante das pressões por mais estímulos depois das frustrações com a produção industrial e com as vendas no varejo. O fato é problemático para a atividade econômica asiática.
Vou deixar aqui alguns sugestões: Quem tem dinheiro em conta e estomago para aguentar os solavancos da economia pode aproveitar as pechinchas do mercado. Tem muitas ações baratas. É comprar e esperar. Para os mais conservadores os títulos de renda fixa atrelados à inflação, à Selic ou ao CDI são um ótimo investimento. Gosto mais dos pré fixados. Trava uma taxa de 15% ou 16% agora e espera de dois a 5 anos. Dinheiro garantido.