No último fim de semana fiz uma visita a um amigo paulistano por meio do velho e bom telefone fixo. É aquele mesmo, que foi adquirido na época do plano de expansão da operadora de telefonia – Telemig – pago em inúmeras parcelas mensais no final da década de 70 do século passado.

Na extensa pauta que marcou a visita coube muita coisa, desde a vida na pandemia com a família na residência em suas várias variáveis, o teletrabalho, as incertezas dos cenários e a decisão de nunca mais ser o síndico do prédio em que mora. Este é o ponto que quero abordar aqui.

O amigo disse que há 14 anos é proprietário do apartamento em que mora e que foi o síndico do prédio nos últimos oito anos, em quatro mandatos consecutivos de dois anos cada, que acabaram de se encerrar. Perguntei a ele qual a causa da decisão tão peremptória marcada com a expressão “nunca mais” para que eu entendesse o caso e a sua decisão. O amigo disse que o prédio existe há 38 anos, tem 40 apartamentos – 4 por andar – em dez pavimentos e 30 vagas de garagem, sendo que um veículo prende o outro. Esse é o detalhe que sempre gera uma fadiga permanente na relação entre os usuários das vagas a partir de alguns que tem comportamentos desrespeitosos, pouco civilizados e que criam impasses para exigir a presença do síndico na mediação dos conflitos.

As principais causas de atritos entre os usuários das vagas são os pequenos choques que amassam os veículos, os moradores que não deixam a chave na portaria do prédio para que seja possível manobrar o carro e também aqueles que estacionam o veículo de qualquer maneira quando a vaga está livre. O acirramento aumentou com a pandemia devido à presença mais duradoura das pessoas no prédio, inclusive crianças sem aulas, e muita gente também entrando e saindo do prédio com seus veículos, quase que num bate e volta, indo dar uma espairecida nas ruas.

O amigo sempre exerceu a função de síndico de maneira honorífica e apresentou excelentes níveis de resultados em sua gestão marcada pela liderança apesar do comparecimento médio de 20% dos moradores nas assembléias gerais do prédio, o que, aliás, é uma característica brasileira marcante. Reclamar, se vitimizar e não se comprometer é sempre mais fácil. Ele concluiu esse tema dizendo que chegou num ponto que “deu”, que deixou de ter motivos para a ação – motivação – diante de tanta falta de cooperação entre determinadas pessoas que agem como se não estivessem no mesmo barco com os demais moradores do prédio.

Finalmente, quando nos despedimos ao final da visita, o amigo disse que seu próximo sonho é encontrar uma moradia unifamiliar para prosseguir em sua trajetória de vida. Pelo visto, prédio também nunca mais. Será? A conferir. E se fosse com você, que solução seria dada?