Por:Sérgio Marchetti* - Convidado
Curiosos leitores, nosso avião caiu no deserto de um planeta desconhecido. Nos desintegramos e perdemos nossa bagagem cultural, identidade nacional e a Constituição federal. Quase todos os passageiros se transformaram em zumbis. E, o pior, pensam que o planeta atual é mais evoluído do que nossa antiga terra, que cultivava o amor, a verdade, a família, a honra e a honestidade – hoje relegadas e menosprezadas pelos zumbis que não se satisfazem com pouco, querendo mais poder, mais riqueza individual e mais domínio. Mas a insanidade não para por aí. Pois fazem seguidores, ativistas que, em sua demência, defendem que quem discorda deles deva ser retirado do palco da insensatez no qual assistimos a atos quixotescos. Ocorreu-me à lembrança o Pequeno Príncipe. No romance, um avião também caiu no deserto.
Mas, se as lições que surgiram daquele acidente, presentes na obra, foram de iluminação, como “O essencial é invisível aos olhos . Só enxergamos com o coração” – no nosso caso, ao contrário, a queda acentuou ainda mais a velhaquice. É pena que exemplos contidos em uma narrativa plena de suavidade, inocência, profundidade psicológica e filosófica das mais ricas e inteligentes não agrade aos néscios. E as lições, por isso mesmo, não são compreendidas pelos zumbis. Ainda na brilhante obra de Antoine de Saint-Exupéry, vemos que a felicidade não contempla àquele que mais tem, mas a quem valoriza e gosta do que possui. Não é preciso ter um jardim com cinco mil rosas, se você pode encontrar tudo que precisa numa única — constatação do menino, príncipe, no citado livro.
Mas a ganância não tem freios. Talvez pudéssemos sugerir a leitura para os zumbis de hoje, mas não traria mudanças. A hipnose coletiva atingiu o alvo –ou seja, as cabeças enfraquecidas — danificou as sinapses e queimou os neurônios responsáveis pela decodificação que identifica diferenças entre mentira e verdade, deixando-os dependentes de informações de terceiros que, para aqueles, sempre serão as verdades. Neste cenário de miopia coletiva, a única certeza clara e estampada é a de que, lamentavelmente, a justiça não está cega, nem a balança calibrada. A despeito de tudo, acredito, cada vez mais, que estamos nesta parte do cosmos para evoluir, e que na evolução humana não caberia tanto ódio quanto vemos sendo praticado. Creio também na afirmação de que ” você se torna eternamente responsável por aqueles que cativa” . Tenham certeza, leitores, que somente o amor, revestido da verdade, poderá nos transformar e garantir uma transcendência em paz.
*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br