O Prefeito Alexandre Kalil convocou a imprensa para uma coletiva no salão nobre da Prefeitura na tarde desta terça feira (21) e ao invés de cumprir o protocolo, saiu atirando contra as entidades do setor produtivo (Fiemg e Sinduscon) que são contra o Plano Diretor, acusando elas de tentativa de suborno para barrar a votação do Plano. Kalil começa seu discurso afirmando que a PBH e nem o executivo não se vendem. “Dinheiro nenhum compra a prefeitura e nem a Câmara Municipal”. O prefeito segue fazendo ilações graves chamando empresários da construção civil e representantes da FIEMG de mentirosos e covardes. “Não adianta o sindicato dos poderosos, dos grandes empresários, arrecadarem dinheiro para minarem quem está trabalhando pela cidade, que são os vereadores, por que isso não vai colar”, afirmou o prefeito.
Kalil segue nervoso atacando os empresários do setor produtivo: “Nós conseguimos através de um Plano Diretor que está parado há anos, o apoio de toda a base de governo, composta pela bancada cristã e pela esquerda e vamos ter seguramente mais de 33, 34, 35 e 36 votos de aprovação na CMBH”. O prefeito disse que esse papo de imposto não cola: “Vocês acham que 33 vereadores estão trabalhando para criar impostos em BH? Vocês acham que a esquerda está trabalhando para por imposto para pobre pagar?” No entendimento do prefeito, é uma covardia o que o poder econômico está querendo fazer para uma Câmara que não se vendeu.
Kalil zomba dos grandes empresários perguntando se eles estão preocupados com a periferia, e com os cristãos da cidade: “Eles agora são os defensores dos pobres. Quero avisar para esse pessoal que o Brasil mudou”, não estamos à venda, nem o executivo e nem o legislativo municipal. O prefeito manda recado dizendo que o dinheiro deles (empresários) não vai corromper ninguém, volta atrás e diz: “Ninguém não, quase ninguém”, mais uma vez o prefeito acusa as entidades de tentarem suborno contra agentes do seu governo e os vereadores. Neste momento o prefeito olha para as câmeras de TV posicionadas na sua frente e fala como se estivesse se dirigindo ao pobres de BH: “Milionários e bilionários nunca se preocupou com você, eles preocupam com os prédios altamente condensados na região centro sul para entupir a cidade de BH”, e segue afirmando:” Impostos eles sabem por que são inteligentes, não existe neste Plano, pois fizeram fortunas explorando o povo de BH. Chega de mentira e covardia, que venham em cima do prefeito de Belo Horizonte”, esbraveja com olhos vidrados nas câmeras como se estivesse em campanha.
O discurso segue com os vereadores sendo elogiados e empresários sendo difamados, acusados de não ligarem para o povo. “Os verdadeiros amigos do povo são os representantes do legislativo, quem toma conta de vocês e vem aqui todo dia reclamar, praças, quebra mola, vaga em posto de saúde são eles. E agora vem esses mentirosos, covardes, agredir a CMBH”, vocifera o prefeito: “Repito, não estamos à venda, esse tempo passou”. O prefeito mais uma vez usa de insinuações para acusar empresários. Pede reconhecimento para os bravos vereadores. Elogia a equipe técnica e exalta a Secretaria Maria Caldas na presença de quatro entidades que compareceram: “Aqui nós temos representantes de sindicatos, e arquitetos”, afirma Kalil.
O prefeito segue embalado citando enchentes para justificar a aprovação do Plano que ele não conhece: “Nós temos que acabar, ou tentar acabar com os Vilarinhos da vida, acusando a construção civil de ser a responsável pelas tragédias e não a prefeitura que não fez o dever de casa. “São muitos bilhões no bolso desse povo e a cidade sendo destruída”. Kalil lembra que o Ministério Publico cobrou da prefeitura que não interfira na base do plano, e prometeu que ele vai ser votado na data de 5 de junho próximo, custe o que custar. O prefeito alfineta o empresariado com afirmações graves: “Eu quero morrer sem contar o que tentaram fazer na Câmara Municipal de BH”, e arremata: “Não me provoquem por que tenho nome e sobre nome. Quanto ao Plano Diretor está bem esclarecido como eu sei conversar”, agradecendo a base e a oposição presentes em cordão separado no salão nobre da prefeitura.
O Alcaide estica dizendo que empresariado está preocupado por que vai ganhar menos, resume a afirmativa com a seguinte frase:“Os empresários de BH estão desesperados por que nós vamos estabelecer que o lucro deles seja menor”. Ele cita ainda que eles foram chamados para a mesa e não vieram, “estão acostumados a comprar e o dinheiro aqui não compra mais”. O assunto foi debatido como se diz, na nova política. ”Não adianta a Fiemg desafiar o prefeito, pois ele foi eleito por uma população sofrida, que precisa acreditar nos vereadores”.
Alexandre Kalil deixa a coletiva sem falar com a imprensa e sem dizer nada sobre o Plano Diretor. Passa à palavra a secretária Maria Caldas que agradece as quatro entidades presentes, Amis, Sindiloja, IAB E Amipão. Exalta dizendo que essas entidades conseguiram compreender o Plano e que as outras são inimigas do povo, pois estão contra o Plano(?).
A Secretária acusa as entidades do “Movimento Mais Impostas Não” de irresponsabilidade, por estarem disseminando fake news. Ela também fala respondendo a três perguntas feitas por este jornalista: "Existe um estudo de impacto econômico sim, mas ao ser cobrada por outros jornalistas presentes, volta atrás e disse que não tem este estudo". Ninguém sabe o que vai acontecer com a economia da cidade se o Plano for aprovado. Pergunto também sobre a queda vertiginosa no coeficiente desde 1976 quando era nove vezes a área do terreno e hoje caminha para um. Responde que é natural, embora essa redução não tenha resolvido à questão da mobilidade urbana que segue cada vez pior. A secretaria qualifica as quatro entidades presentes e desqualifica as que estão contra o seu Plano, para encerrar as respostas aos questionamentos sem direito a replica.
Prefeito não tem conhecimento do Plano Diretor
A conclusão que se tira deste evento é que o Prefeito Alexandre Kalil não sabe absolutamente nada a respeito do Plano. Isso vale também para 90% dos vereadores que fazem parte da base do executivo, liderada pelo experiente vereador Léo Burguês. Quem governa a cidade e coloca palavras na boca do prefeito é a secretária Maria Caldas, faz isso no modelo PT, em que os fins justificam os meios. Ela mente sem ruborizar a face, o tempo inteiro. Estudos do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas) mostram que a dispersão da cidade empurra populações de baixa renda para as periferias e diminuem a produtividade das cidades em média 32%. As cidades com um centro econômico concentrador são mais eficientes e conseguem criar mais oportunidades de emprego. Isso significa que BH está no caminho oposto a todas as metrópoles mundiais que incentivam verticalizações e concentração da economia. Os efeitos da dispersão é o aumento da demanda por investimentos em infraestrutura, o que não aconteceu em BH nos últimos 40 anos e que tende a piorar a mobilidade.
A secretaria fala da mais valia sobre os terrenos (confisco de coeficiente) e da cobrança de outorga onerosa que incidirá somente sobre os grandes construtores, o que não é verdade. Quem menos está preocupado com confisco e outorga são as grandes construtoras, elas já não estão mais em BH, basta ir a Nova Lima para certificar. As maiores prejudicadas com o coeficiente um e a outorga serão as pequenas construtoras que não conseguirão viabilizar projetos em virtude do encarecimento das obras em mais de 30%, conforme pesquisa feita pelo próprio sindicato da Construção Civil.
IAB - Instituto dos Arquitetos faz discurso socialista em coletiva de imprensa na PBH
Outra conclusão é que das quatro entidades que compareceram ao evento, apenas uma tinha noção do conteúdo do Plano, o IAB, cuja presidente é confessa simpatizante do modelo socialista. Usou a palavra para criticar a iniciativa privada, e dizer que empresário é inimigo do povo, pois explora os trabalhadores e ficam com o lucro das construções. Disse ainda que o caos na cidade é culpa da classe empresarial que edifica sem pensar no meio ambiente e na mobilidade. Critica com veemência as entidades representativas das classes produtivas, alinhando-se com a Secretaria de Regulação Urbana, Maria Caldas.
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