Belo Horizonte recebeu, dia 30 de outubro, a notícia da designação à Rede de Cidades Criativas da Unesco pela Gastronomia. O reconhecimento, divulgado por meio de nota no site do órgão internacional, foi a coroação de um projeto que começou há cerca de um ano e meio, quando e Belotur anunciou, durante o “Encontro das Cidades Criativas: Turismo e Gastronomia”, que a capital mineira era candidata ao pleito. O objetivo: fazer parte do grupo de cooperação internacional entre cidades que têm atividades criativas como propulsoras do desenvolvimento sustentável, geração de renda e emprego.

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De abril de 2018, quando o anúncio foi realizado, até 30 de outubro deste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Belotur, se empenhou em construir uma candidatura sólida, que representasse o setor gastronômico de forma real e diversa. Para isso, convidou a sociedade civil, toda a cadeia produtiva da gastronomia, órgãos públicos e privados, além de atores que desenvolvem trabalhos nos outros sete campos criativos da Rede – Artesanato e Artes Folclóricas, Design, Cinema, Literatura, Música e Arte Midiática –  para, em conjunto, discutirem quais as temáticas, características e projetos que fariam parte do dossiê, documento que selaria a candidatura junto à Unesco.

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Feira de Artesanato da avenida Afonso Pena, leva milhares de pessoas aos domingos para compras em artesanato

 

 

O primeiro passo foi dado ainda durante o “Encontro das Cidades Criativas: Turismo e Gastronomia”. O evento realizado na sede da Prefeitura reuniu os representantes das três cidades que já faziam parte da Rede de Cidades Criativas da Unesco pela gastronomia, Paraty (RJ), Florianópolis (SC) e Belém (PA). Foi o momento de conversar sobre as candidaturas e entender os projetos que esses municípios apresentaram para conseguirem a designação.

Em seguida, a Belotur concorreu em um edital do então Ministério da Cultura, que concedeu uma consultoria para a elaboração do dossiê de candidatura a ser entregue ao órgão internacional. Das 24 cidades inscritas no edital, Belo Horizonte ficou em 5º lugar e foi contemplada ao lado de mais 14 municípios.

Com o apoio da consultoria, foram promovidos dois encontros em 2019, que tiveram a presença de cerca de 240 lideranças governamentais e da sociedade civil. A partir dessas conferências, a Belotur organizou cinco oficinas de trabalho para a elaboração do documento. Participaram cerca de 90 membros do Poder Público, entidades representativas (Abrasel, CDL, SEBRAE, FIEMG, sindicatos e associações), setor privado (produtores, empresários, chefs e gastrônomos) e instituições de ensino. Os projetos, ações e diretrizes descritas no dossiê possuem, dessa forma, uma grande confluência com o que os atores do setor da gastronomia pensam e planejam para o futuro da capital.

O objetivo do dossiê era demonstrar, de forma clara e prática, a disposição, o compromisso e a capacidade da cidade em contribuir com os compromissos da Rede de Cidades Criativas da Unesco.  Além de apresentar Belo Horizonte e os projetos, estabelecimentos, chefs, instituições de ensino e todas as características que tornam a capital mineira uma cidade criativa da gastronomia, o documento mostra esse campo temático como um agente de mudança e transformação socioeconômica, tecnológica e cultural no Município. Outro destaque é o empenho da Prefeitura em construir um programa de ações públicas em parceria com a cadeia produtiva que abarque a gastronomia e a cultura alimentar e que promova o desenvolvimento do setor.

No dia 4 de junho a documentação foi submetida à representação da Divisão de Nações Unidas – Comissão Nacional para a Unesco no Brasil, do Ministério das Relações Exteriores, acompanhada de cartas de apoio do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e de instituições gastronômicas de relevância nacional. Nesta etapa, apenas quatro cidades seriam escolhidas para representar o país em nível mundial.

Enquanto o resultado não vinha, o que se viu foi um verdadeiro empenho do setor gastronômico em apoiar a candidatura, mostrando que Belo Horizonte já era, de fato, uma cidade da gastronomia. A designação foi, então, um reconhecimento internacional do trabalho que já vem sendo desenvolvido em prol do segmento.

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Variado cardápio da culinária da capital mineira encanta os turistas


O título passa a ser motivo de ainda mais trabalho, especialmente em ações em longo prazo que já fazem parte do projeto de valorização da gastronomia desenvolvido pela Prefeitura de Belo Horizonte, com coordenação da Belotur. Nos últimos anos, órgãos públicos e privados, instituições de ensino e sociedade civil vêm trabalhando na elaboração colaborativa de um plano estratégico para o setor gastronômico – em múltiplas frentes, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2030.

Além da instauração de uma governança, outras ações foram desenhadas, contemplando políticas públicas inovadoras; estudos e monitoramentos sobre os setores criativos; a integração do município com os circuitos limítrofes e a ampliação da oferta de roteiros gastronômicos de experiência.

Essas ações e a própria candidatura à Rede de Cidades Criativas integram o Programa Municipal de Turismo Gastronômico, que tem como objetivo posicionar e qualificar Belo Horizonte e região como polo turístico gastronômico de relevância, por intermédio de políticas públicas e da articulação entre a cadeia produtiva. O objetivo é aquecer o setor, criando novas oportunidades de investimento, crescimento e geração de emprego e renda.

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Complexo da Pampulha: Patrimônio da Humanidade

 

Gastronomia em Belo Horizonte


A gastronomia em Belo Horizonte possui autenticidade e representatividade cultural e é um potente setor dentro da economia criativa, o que promove o desenvolvimento socioeconômico do Município. A cidade concentra mais de 30% dos trabalhadores do setor criativo de todo o Estado. Em nível nacional, figura como a terceira cidade brasileira com maior número de profissionais trabalhando em atividades criativas.

Segundo a Abrasel, a gastronomia em Belo Horizonte movimenta cerca de R$ 4,5 bilhões a cada ano. Possui 45.662 empresas do segmento de alimentação e os negócios do ramo estão entre os três maiores empreendimentos da cidade. Conhecida, também, como “Capital Mundial dos Botecos”, reúne o maior número de bares e restaurantes por habitante do Brasil, sendo 18.600 negócios, concentrados em mais de dez polos gastronômicos.

A gastronomia responde por quase 40% dos postos de trabalho da economia criativa total, com cerca de 54 mil postos. Com relação aos empregos formais, existem mais de 21 mil pessoas empregadas no setor de gastronomia, o que corresponde, aproximadamente, a 23,3% do total de emprego de todo o Estado nessa atividade. Esses empregos geraram, em 2017, uma movimentação financeira de R$ 249,4 milhões (Análise Observatório do Turismo de Belo Horizonte).

A atividade da gastronomia, em termos econômicos, tem se expandido nos últimos anos. O Valor Adicionado Fiscal do setor, no período de 2012 a 2017, passou de R$ 1.021.611.027 para R$ 1.964.813.716, o que representa um crescimento global de mais de 90%.

 

Coluna Minas Turismo Gerais jornalista Sérgio Moreira   informações para sergio51moreira@bol.com.br