Quando eu era uma criança (em Barbacena), acreditava que o bem sempre venceria o mal. Era uma criança pura, nascida no tempo da inocência, crescendo sob uma educação rígida e exigente de valores éticos e morais. Ser honesto não era uma honra. Não ter conduta honesta é que era uma aberração. Prezados leitores mais jovens, tudo era natural, real e orgânico. A mentira tinha pernas curtas e o mentiroso era taxado de desonesto. Os políticos corruptos costumavam comprar no máximo um sítio ou uma casa com o dinheiro das propinas de uma vida inteira. As ditas “mordomias” — abusos de políticos aproveitadores — eram uma gota d’água no oceano se comparados com os abusos hiperbólicos de hoje em dia. E o povo se rebelava, ao invés de aplaudir, como fazem hoje. Mais que o dinheiro, valia o nome da pessoa. Por isso, ainda carrego comigo o orgulho de ser íntegro. As leis eram sagradas e a natureza muito mais preservada. Existia um receio de transigir nos costumes. Havia respeito, fosse de serra, de terra e de mar, como no título da canção de Vandré. […]“Mas um dia tudo mudou, a vida se transformou e a nossa canção também”.
 
Maquiavel plantou a oficina do diabo e teve seu pensamento furtado e transformado em ação: “os fins justificam os meios”. Era o estímulo que faltava, a desculpa para ser desleal. A hipocrisia, hoje, uma característica fortíssima presente em tantos perfis profissionais, era discreta e muito mais combatida.
 
O mundo evoluiu (?), e os adeptos pouco pensantes, no ímpeto de transformarem a sociedade, desconsideraram etapas, regras, ética, o uso da verdade, estudos e as leis, inclusive as da própria natureza.
 
Todo “efeito” é gerado por “causas”. Plantar e colher é a lei. E o resultado está aí, estampado agressivamente na cara das pessoas. O homem se torna mais desumano a cada dia. A crueldade vista no Helenismo, nas antigas guerras da Era Romana, na União Soviética, Alemanha parece ter sido introjetada na sociedade atual.
 
Não por acaso, a natureza se desequilibrou. Tem a mão do homem em quase todas as catástrofes do meio ambiente. No pantanal do Mato Grosso, a seca inviabiliza a vida dos fazendeiros e pescadores. No Rio Grande do Sul, as águas, fora de estação, destroem um território vasto, lindo, que abastece outros estados com sua agricultura. Nos EUA os tornados atingem velocidades altíssimas. Na Alemanha enchentes, no México gelo, entre outros fenômenos e reações fora de contexto, que somente se explicam pelo descaso do homem.
 
O Brasil ficou mais pobre, mais feio e mais triste. O povo gaúcho jamais voltará a ser como antes. As perdas são irreparáveis e a história está só começando. Os prejuízos são incontáveis, e tudo isso traz uma dúvida: depois de tantas constatações de nossas culpas, será que as pessoas vão mudar de atitude perante a preservação do planeta?
 
Muitas celebridades, por se julgarem semideuses, pensam estar protegidas de quaisquer tragédias e eliminam de seus sentimentos a solidariedade. Está faltando, acima de tudo, amor. Depois, o respeito, inclusive às crenças e valores que equilibram a sociedade.
 
Como exemplo, naqueles dias tórridos, não muito longe do sul, “Má-donna e Glomorra davam seu show, não de desrespeito, mas de um certo descaso, provocação e afronta.
 
*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br