por Sérgio Marchetti*

Desde criança, além de ter sido questionador, tive admiração por frases ricas e profundas. Entretanto, ao ver que nossa educação pretende mais massificar do que despertar o lado crítico, me deixa desiludido e apreensivo quanto ao futuro das pessoas.

A curiosidade em compreender os jogos de palavras e os porquês da criação de pensamentos me fez mergulhar no mundo especial da literatura. Descobri que existe nos provérbios, ao contrário do que pensam, uma cultura profunda. Diversos escritores se utilizaram deles em suas obras, enriquecendo a narrativa com elementos da cultura oral e transmitindo mensagens de sabedoria popular. Salomão, filho do rei Davi, escreveu por volta de 3 mil provérbios e 1005 cânticos.

Mas foi na altura dos meus dezessete anos que conheci Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, e a riqueza dos provérbios e ditos populares que abrilhantaram ainda mais sua obra prima.

Vocês, sábios leitores, já pararam para pensar na frase de Dom Quixote? “Lutar com monstros é algo nobre; pois quem não tentou não pode se queixar de como as coisas são.” Quantas interpretações podemos ter? Quais monstros? Internos ou externos? Lutar? Algo nobre Eis as verdades em alguns dos ditos populares: “Diga com quem tu andas e te direi que és”. Uma alusão perfeita de que aqueles que andam com pessoas boas também são bons. O contrário também é verdadeiro: um homem honesto não consegue conviver com um homem desonesto. Um ditador terá a companhia de ditadores, um ladrão irá conviver com ladrões etc.

Vejamos mais alguns provérbios: “É dando que se recebe”. Pensaram besteira? Ele gera interpretações dúbias… “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura “, “Uma andorinha só não faz verão”, “De grão em grão a galinha enche o papo”, “Para bom entendedor, meia palavra basta”, “Casa de ferreiro, espeto de pau”, “O que os olhos não veem o coração não sente”, “Papagaio que acompanha João-de- Barro vira ajudante de pedreiro”, “Deus escreve certo por linhas tortas”, “Onde há fumaça, há fogo”.

É importante para o cérebro o ato de pensar, de ler nas entrelinhas e decifrar as mensagens. O embotamento é um crime que se comete contra a saúde mental. Robotizar, oprimir, repetir mentiras até que se tornem verdades nos cérebros dos incautos é uma prática abominável, utilizada por pessoas e sistemas inescrupulosos que desejam dominar a qualquer custo.

Aos leitores, aconselho que leiam autores diferentes, tenham suas próprias opiniões e saibam que “Contra fatos não há argumento”.

Creiam, “Há algo de podre no reino da Dinamarca”.

E não se esqueçam, “Quem avisa, amigo é”.

 

*Sérgio Marchetti é consultor organizacional, palestrante e Educador. International Certification ISOR em Holomentoring, Coaching & Advice (coaching pessoal, carreira, oratória e mentoria). Atuou como Professor de pós-graduação e MBA em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Fundação Dom Cabral, Rehagro e Fatec Comércio, entre outras. É pós-graduado em Administração de Recursos Humanos e em Educação Tecnológica. Trinta anos de experiência em trabalhos realizados no Brasil e no exterior. www.sergiomarchetti.com.br