A 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes chegou ao fim neste sábado (1º), na cidade histórica, com a notícia de que o festival mineiro terá um pezinho no exterior neste ano, com uma apresentação especial no Festival Regards Satellites, da França, em abril. "A Mostra foi convidada para ir para a França. É uma conquista muito importante para a gente. Não vamos mostrar (o conteúdo de) uma edição, mas sim o que é a Mostra, para o país que mais coproduz (filmes) e está mais interessado em cinema", destaca a coordenadora-geral Raquel Hallak.

Também idealizadora da Mostra, ela deu números à edição de 2025, com a previsão de 38 mil pessoas beneficiadas com as ações culturais realizadas desde 24 de janeiro. Estima-se que o evento injetou mais de R$ 15 milhões, a partir da ocupação de quase 100% da rede hoteleira, instalação de três cinemas (Tenda, Praça e Cine-Teatro), contratação de mais de 250 empresas e geração de 2.500 empregos diretos e indiretos. Neste ano houve um recorde de jornalistas inscritos, do Brasil e do exterior, com 107 profissionais de diversas mídias.

"Tiradentes é muito desafiador. É uma cidade de 7 mil pessoas que recebe cinco vezes esse número durante o evento. A gente assume, para isso, a limpeza, agente de trânsito, toda a organização de infraestrutura. É preciso lembrar que ela está sendo muito impactada por iniciativas isoladas, de shows por exemplo, que levam 30 mil num dia e não deixam nenhum recurso aqui", observa Raquel, que ainda carrega o sonho de construir uma espécie de Palácio dos Festivais para receber toda a programação da Mostra, já limitada pela falta de espaços.

"Achamos o terreno, estamos conversando com a Prefeitura. Temos uma limitação de espaço em Tiradentes, em todos os sentidos. Não dá para ser maior do que isso. Dá para ser maior no online, que já é outro custo. Esse espaço (o Centro Cultural Yves Alves), que está na origem da Mostra, já ficou pequeno", afirma. Com ou sem Palácio dos Festivais, os principais ideais da Mostra de Tiradentes não serão alterados. "O conjunto de inquietações do cinema brasileiro a gente busca traduzir na organização do evento", analisa a coordenadora-geral.

Sobre o tema da Mostra deste ano, "Que Cinema é Esse?", ela explica que surgiu de uma inquietação da curadoria. "O cinema mudou muito. Então falei para perguntarmos que cinema é esse que está se vendo, principalmente depois da pandemia. Se mudou o consumo, se a sala está esvaziada, se tem uma disparidade entre o Oscar e a invisibilidade de vários filmes. A gente ainda tem um desequilíbrio muito grande no país, entre o fomento e a distribuição. Como a gente vai equilibrar isso com a inovação artística, que é também uma das propostas da Mostra?".

Entre os destaque da 28ª edição está, segundo ela, um salto muito grande na internacionalização do cinema brasileiro e uma maior aproximação do cinema com os poderes executivo, legislativo e judiciário. "Essa é uma meta do Fórum de Tiradentes, sempre tendo um pouco esse caráter político para mostrar a importância do cinema de forma transversal. Outro objetivo é encurtar caminhos, principalmente com o Ministério da Cultura. Após o evento, a gente faz um documento muito consistente, que tem sido o balizador das políticas públicas desde a retomada do governo Lula", destaca.