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O diretor e roteirista cearense Armando Praça explica que a história é uma adaptação da peça teatral Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá, escrita originalmente por Fernando Mello, nos 1970, quando o Brasil estava sob ditadura militar.
Segundo ele, sua versão cinematográfica começou a ser concebida há pouco mais de 10 anos, quando o cineasta concluiu que era necessária uma nova abordagem para a trama – até então marcada por representações caricatas e escrachadas no humor – sobre um enfermeiro que sonhava em ser a atriz sueca Greta Garbo.
“Sempre achei a peça superbem escrita e sempre gostei muito dela. Mas, em 2008, achei que não fazia mais sentido representar esse universo e personagens tão caricaturados e debochados.
Acredito que, na década de 1970, só era possível esse caminho, mantendo um distanciamento. Então, o que eu pretendia era justamente uma atualização na forma de contar essa história, numa atmosfera de mais empatia e compaixão pelos personagens”, diz Praça sobre seu primeiro longa-metragem.
No filme, o personagem principal é o mesmo da peça. Pedro (Marco Nanini) é um enfermeiro de 71 anos que vive em Fortaleza. No entanto, sua trajetória solitária, marcada por romances ardentes e a mesma admiração por Greta, aparece por um viés dramático, dando protagonismo a uma figura desencaixada dos padrões sociais e estéticos adotados pela maioria das narrativas em torno de amor e sexo.
Sua rotina ordinária e precarizada no hospital é alterada quando ele conhece Jean (Démick Lopes), um paciente ferido e suspeito de um homicídio. Pedro ajuda Jean a fugir do hospital e oferece a ele esconderijo em sua própria casa.
Relação intensa
A relação com o homem mais jovem se torna intensa, apesar das inseguranças de Pedro sobre várias questões, num processo que o faz se redescobrir ao longo da trama. “Não apenas pela questão LGBT, mas essa história traz personagens pouco representados. Todos eles têm sua vulnerabilidade, alguma marginalidade, que passa não só pela questão sexual, mas sobre a vida que levam.
A intenção era aproximar desses personagens e estabelecer uma relação de empatia e identificação”, afirma o diretor, que se refere ao ator principal como “o melhor em atividade no Brasil’, cuja presença “dá legitimidade a qualquer filme”. Além da colaboração de corpo e alma, que inclui a disposição para filmar cenas intensas de sexo, Nanini também teve importância na transição da comédia para o drama pretendida pelo cineasta sobre a história original.
Marco Nanini e Denise Weiberg em cena do longa de Armando Praça(foto: Aline Belfort/Divulgação)
Segundo Armando Praça, o tempo entre o início da criação do roteiro e o lançamento do filme trouxe “perdas e ganhos”, pela acentuação do contexto político envolvendo a causa LGBT nos últimos anos. “É uma história política na sua origem, mas nunca foi panfletária. Porém, o lançamento nesse momento atual acaba sendo lido de forma muito mais política do que seria há cinco ou 10 anos. Mas é especialmente sobre um personagem que deseja amar e ser amado”, afirma o diretor.
Sobre as cenas de sexo nas quais optou por uma abordagem explícita, Praça diz: “Estou contando sobre uma pessoa cuja sexualidade e a importância do sexo são cotidianas e naturais. Não tinha como fugir dessas cenas. Passa pela maneira como ele se relaciona com os parceiros, o desejo de ser chamado de Greta, além de ser um retrato íntimo, não só pelo sexo, mas deles acordando ou ele sozinho em casa. São elementos muito fortes que não são para exibicionismo ou voyeurismo do público, mas que ajudam a contar a história e a evolução das relações”.
Depois de estrear na Mostra Panorama do Festival de Berlim, em fevereiro, o longa venceu, no mês passado, o prêmio principal do Cine Ceará Festival, além dos troféus de melhor direção e melhor ator (Marco Nanini).
Conterrâneo de Karim Aïnouz, diretor de A vida invisível, filme escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar de melhor filme internacional, Armando Praça avalia que o momento de destaque dos filmes de realizadores cearenses se deve “a um grande investimento em formação, maior do que em produção”.
Ele observa que o Ceará oferece hoje cursos como o de cinema e audiovisual da Unifor (Universidade de Fortaleza), inaugurado em 2008, além de equipamento como o Instituto Dragão do Mar, e, além disso, boa parte das produções contam com aportes financeiros de fora do estado, como foi o caso de seu filme.
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O diretor e roteirista cearense Armando Praça explica que a história é uma adaptação da peça teatral Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá, escrita originalmente por Fernando Mello, nos 1970, quando o Brasil estava sob ditadura militar.
Segundo ele, sua versão cinematográfica começou a ser concebida há pouco mais de 10 anos, quando o cineasta concluiu que era necessária uma nova abordagem para a trama – até então marcada por representações caricatas e escrachadas no humor – sobre um enfermeiro que sonhava em ser a atriz sueca Greta Garbo.
“Sempre achei a peça superbem escrita e sempre gostei muito dela. Mas, em 2008, achei que não fazia mais sentido representar esse universo e personagens tão caricaturados e debochados.
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A relação com o homem mais jovem se torna intensa, apesar das inseguranças de Pedro sobre várias questões, num processo que o faz se redescobrir ao longo da trama. “Não apenas pela questão LGBT, mas essa história traz personagens pouco representados. Todos eles têm sua vulnerabilidade, alguma marginalidade, que passa não só pela questão sexual, mas sobre a vida que levam.
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Marco Nanini e Denise Weiberg em cena do longa de Armando Praça(foto: Aline Belfort/Divulgação)
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Conterrâneo de Karim Aïnouz, diretor de A vida invisível, filme escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar de melhor filme internacional, Armando Praça avalia que o momento de destaque dos filmes de realizadores cearenses se deve “a um grande investimento em formação, maior do que em produção”.
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