Longa mostra as dificuldades de um pai ao criar o filho com autismo, enquanto lida com a morte de sua mulher

“Po”, o longa-metragem de John Asher, que entra em cartaz nesta sexta-feira (22) nos cinemas, foca as dificuldades emocionais e financeiras de um pai que, após a morte de sua mulher, precisa cuidar sozinho de seu filho, Patrick (Julian Feder), ou Po, como gosta de ser chamado. Po, o personagem central da trama, é um garoto com inteligência acima da média e diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar de suas dificuldades de socialização, concentração e comunicação, o garoto de 11 anos frequenta a escola e sessões de terapias diversas, que o auxiliam em sua rotina diária. Tudo segue estável até que a mãe, Beth, morre vítima de câncer. A família, claro, se desestabiliza. Não somente Po, como também David Wilson (Christopher Gorham), seu pai.

Enquanto lida com seu luto, David sofre pressão no trabalho, até que perde seu emprego e o plano de saúde que usa para o tratamento de Po. O garoto, por sua vez, começa a sofrer bullying na escola e, sem contar com muita atenção do pai – que está preocupado em conseguir dinheiro para manter a casa e os cuidados com o filho – passa a se fechar cada vez mais em seu mundo.

O pai, então, começa a ceder à pressão do mundo de hoje por dinheiro e plano de saúde e se esquece do mais importante: que ninguém pode cuidar do filho melhor do que ele.

“Po” poderia ser só mais um filme dramático com um personagem autista, não fosse o olhar próximo e carinhoso dos envolvidos na produção. John Asher dedica seu filme a muitas crianças, entre elas, a seu filho, Evan, que tem autismo. É uma verdadeira declaração de amor a Evan. Gorham também tem um filho, Lucas, hoje com 17 anos, diagnosticado com Síndrome de Asperger – parte dos Transtornos do Espectro Autista. Asher tem dito em entrevistas que muitas pessoas da produção têm filhos com TEA.

Patrick é interpretado por Julian Feder, elogiadíssimo em sua performance. Tanto que muita gente custa a acreditar que o menino não seja autista. Feder não exagera no gestual e, assim como os outros atores, não faz nada que pareça caricato.

O espectador consegue ver e sentir na tela todo esse cuidado e amor da equipe do filme. Quando mostra o bullying e a reação dos professores e diretores da escola em que Po estuda ao regresso de sua condição, Asher comove a plateia, mas também mostra, quase didaticamente, o que adultos podem fazer para promover a inclusão de crianças com autismo na sociedade. Conhecer os transtornos é o melhor jeito de acabar com preconceitos, medos e rótulos criados pelas pessoas por causa da desinformação em relação ao autismo.

“Po” ganhou prêmios de melhor filme em diversos festivais de cinema dos Estados Unidos. Julian Feder também foi destaque nos eventos e conquistou troféus de melhor ator em premiações como o Young Artist Awards.