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Seja a partir da noção de Inisheer (área pouco povoada na Irlanda) ou ainda pela referência da Ilha da Irlanda (em grande parte, descolada do domínio do Reino Unido), o título do filme — situado em espaço fictício — ainda se atém aos espíritos ligados às lamúrias da morte, banshees. Situada nas bordas da Guerra Civil de 1923, a narrativa traça um paralelo entre a cisão de um país (que tornou mais vigorosa a atuação do Exército Republicano Irlandês) e a claudicante amizade entre dois homens de fortes personalidades. A incapacidade de lidar com o que seja passageiro, numa realidade transitória, transtorna Colm a ponto de ele renegar Pádraic, atestando a abominação súbita pelo que seja simplório (traço muito gritante no simpático e empático Pádraic). À margem desta dissolução, está a fantasmagórica personagem McCormick, uma idosa agorenta. Depois de reunir Farrell e Gleeson no longa Na mira do chefe (2008), o diretor Martin McDonagh investe numa linha menos festiva, próxima ao dramático Três anúncios para um crime (2017).
A força da “vidinha besta” transcorrida na ínfima Inisherin, iluminada e arejada, ainda que paire a carga da hostilidade, faz lembrar muito o cinema do sueco Lasse Hallström, diretor dos longas Chegadas e partidas (2001) e Chocolate (2000) e da dobradinha destacada pelo Oscar pela direção — Regras da vida (1999) e Minha vida de cachorro (1988). Policiais malvados, enredos de emancipação feminina e a valorização de animais no convívio humano (uma jumentinha fará toda a diferença na trama) dão algumas camadas ao drama em que Pádraic rasteja numa tentativa de dignificar sua existência. Entre incontáveis consumos de bebidas em pints, tempos ociosos e o medo de não cravar feitos na história, Colm se aplica na criação de uma composição musical, visando a eternidade. Indicado a 10 prêmios Bafta (o mais reconhecido no Reino Unido), o filme ainda se fortalece por duas presenças marcantes: a solteirona (desprezada no vilarejo) Siobhán (Kerry Condon) e o algo lunático e sofrido Dominic (Barry Keoghan). Ambos estão candidatos ao Oscar.
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Seja a partir da noção de Inisheer (área pouco povoada na Irlanda) ou ainda pela referência da Ilha da Irlanda (em grande parte, descolada do domínio do Reino Unido), o título do filme — situado em espaço fictício — ainda se atém aos espíritos ligados às lamúrias da morte, banshees. Situada nas bordas da Guerra Civil de 1923, a narrativa traça um paralelo entre a cisão de um país (que tornou mais vigorosa a atuação do Exército Republicano Irlandês) e a claudicante amizade entre dois homens de fortes personalidades. A incapacidade de lidar com o que seja passageiro, numa realidade transitória, transtorna Colm a ponto de ele renegar Pádraic, atestando a abominação súbita pelo que seja simplório (traço muito gritante no simpático e empático Pádraic). À margem desta dissolução, está a fantasmagórica personagem McCormick, uma idosa agorenta. Depois de reunir Farrell e Gleeson no longa Na mira do chefe (2008), o diretor Martin McDonagh investe numa linha menos festiva, próxima ao dramático Três anúncios para um crime (2017).
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