Depois de entrevista coletiva concedida pelas autoridades de segurança público do Estado, nesta quarta (19), sessente e seis blocos de rua de Belo Horizonte emitiram uma nota em que se indignam com as exigências do governo de Minas. Os blocos pontuam que o carnaval está em risco. "Arbritariedade do governo do Estado impede carnaval de BH", diz a nota. Para os blocos, as exigências apresentadas pelo Batalhão de Trânsito da Polícia Militar e pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), são meramente formais e administrativas: a alteração da categoria nos documentos dos veículos para trio elétrico.

As autoridades, porém, alegam que os problemas vão desde falta de licenciamento do veículo ao não cumprimento da legislação federal, que determina a circulação de trios elétricos. "Não estamos aqui  para impedir o carnaval, mas para trazer segurança", disse diretor do Detran, Kleverson Rezende. 


O documento pontua que "o carnaval de Belo Horizonte, nos moldes que se popularizou na última década, é uma construção popular que enfrenta resistências todos os anos".  A nota retoma as discordâncias com o ex-prefeito Márcio Lacerda. "Nos tempos da prefeitura de Lacerda, tinha até ameaça de multa pra bar que abrisse onde ia passar bloco!"
 
Os blocos afirmam ainda que a festa foi abraçada pela administração municipal. "Ano após ano, a prefeitura entendeu o potencial lucrativo da festa e a abraçou, sendo quem mais ganha $ com a folia". Reafirmam que os blocos atendem a todas as obrigações e que fazer carnaval ficou mais oneroso. "Os blocos lidam com cada vez mais obrigações, que vem também com mais custos. A arrecadação da maioria não cresce junto com o aumento dos foliões na rua, o que significa cada vez mais dificuldades para colocar o bloco na rua", dizem. 
 
Os blocos colocam como surpresa que as exigências foram feitas a uma semana do carnaval, "já durante o período carnavalesco oficial da cidade". "Nesse período, diariamente temos blocos na rua, e ainda não tivemos uma resposta sobre essa situação", escreveram.  Os blocos afirma que estão em dia com "tudo que foi solicitado pela Belotur". "A  PMMG mantém sua postura de impedir desfiles devido a uma burocracia que até então não era de conhecimento dos blocos, que não tem dinheiro para contratar outros carros em cima da hora", escrevem.
 
Os grupos dizem que para realizar a alteração de categoria é exigido um laudo de segurança. Segundo eles, é o mesmo exigido para a emissão da Autorização para Tráfego de Veículos (ATVE). "Os procedimentos  e requisitos de alteração de categoria junto ao Detran e para admissão da ATVE são os mesmos. O que falta, e é a exigência da PM, é apenas a alteração no documento do carro. Mera formalidade".  
 
As agremiações emem que o carnaval não aconteça. "A poucos dias da folia, o cenário é de desespero. Nosso trabalho de um ano pode ser jogado fora. Centenas de trabalhadores ambulantes terão sua possibilidade de trabalho prejudicada. alguns blocos que recebem patrocínio precisarão rescindir contratos e ficar no vermelho. Os blocos que sobrarem ficarão tão lotados que a estrutura certamente não comportará", escrevem. 


Para finalizar, os blocos pedem apoio à população "para pressionar o Governo de Minas e o prefeito Kalil para tentarmos salvar nosso carnaval! mas já adiantando um pedido de desculpas pelo provável cancelamento de nossos cortejos.    
                          
 Blocos que assinam a nota:


- Garotas Solteiras
- Pisa na Fulô
- Daquele Jeito
- Juventude Bronzeada
- Tchanzinho Zona Norte
- Unidos do Samba Queixinho
-  A Roda 
- Alô Abacaxi
- Seu Vizinho
- Haja
- Asa de Banana
- Abre-te Sésamo
- Me Beija que eu Sou pagodeiro
 - Truck do Desejo
- Angola Janga
- Circuladô
- Bloco da Alcova Libertina
- Ziriggydum Stardust
- Bloco dos Hermanos
- Bloco Embriagalo
- Fita Amarela
- Bloco Corte Devassa