No quinto dia de viagem rumo à Antártica, continuamos atravessando o estreito de Drake, última etapa antes da chegada ao continente gelado. Depois de enfrentarmos ventos fortes que ultrapassaram 120 quilômetros por hora e ondas de 4 metros de altura, acordamos com a boa notícia de que o mar estava mais calmo e que o navio iria balançar um pouco menos. Apesar de ser um cenário trânquilo para a região ainda está longe de algo considerado normal.

As dificuldades a bordo continuam por conta do balanço constante do navio Almirante Maximiano, às vezes para direita às vezes para a esquerda, não importa, ele está sempre inclinando para algum lugar. Na hora de caminhar é preciso ter cuidado e se apoiar em qualquer objeto fixo para não cair. Pelo menos para quem não é da Marinha. Enquanto os jornalistas a bordo andam cambaleando como se estivessem tontos, os militares desfilam tranquilamente, parece até que estão em terra firme.

 

Para evitar acidentes a bordo todos os objetos que não são fixos foram amarrados. Mesas, cadeiras, caixas de som. Nada pode ficar solto no Almirante Maximiano. Outra medida de segurança foi trocar os pratos de vidro por pratos de plástico. 

No meu caso, o maior problema aconteceu no banho. Dentro do boxe você precisa segurar um suporte de ferro para não cair. O difícil é fazer isso e usar o sabonete ao mesmo tempo. Na hora de dormir, também fiquei com um pouco de medo de cair da cama porque em alguns momentos o navio chega a inclinar mais de 15 graus por causa do vento.

Em relação ao enjoo provocado pelo balanço do navio, a equipe de jornalistas teve pelo menos três baixas de repórteres que precisaram pedir ajuda ao serviço médico. Eu continuei com a rotina normal de alimentação e no cardápio teve até dobradinha.

Durante a passagem pelo Estreito de Drake, as atividades nas áreas externas do navio são proibidas por questão de segurança e os militares fazem apenas os serviços essenciais para a manutenção do Almirante Maximiano.

Sala de TV do navio Almirante Maximiano
Sala de TV do navio Almirante Maximiano - Mauricio Almeida - TV Brasil

A travessia dos 800 quilômetros do Drake dura 2 dias. Para passar o tempo a bordo tem videogame, televisão com vários DVDS de filmes e séries e uma biblioteca. Encontrar algum passatempo é necessário porque os dias no mar parecem mais longos e nesta época do ano o sol brilha até as 23h nessa região.

Agora resta apenas mais uma noite e amanhã quando acordarmos já estaremos na Antártica prontos para desembarcar. A travessia do Drake que era aguardada com ansiedade começa a deixar um pouco de saudades porque na volta vamos cruzar o estreito no avião Hércules da Força Aérea Brasileira. A experiência a bordo certamente vai ser inesquecível.