A pesquisa da vacina Calixcoca, desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) contra a dependência em crack e cocaína, foi a vencedora da segunda edição do Prêmio Euro Inovação na Saúde. O estudo foi votado por médicos de 17 países e superou outros 11 finalistas.

A cerimônia de entrega do prêmio foi realizada na noite desta quarta-feira (18) em São Paulo. A equipe da UFMG também recebeu 500 mil euros, cerca de R$ 2,6 milhões. O prêmio é organizado pela multinacional farmacêutica Eurofarma, que atua em mais de 20 países.

Segundo a UFMG, a Calixcoca foi a iniciativa mais votada por médicos de 17 países e superou outras 11 pesquisas inovadoras no campo da saúde desenvolvidas na América Latina; entre elas a SpiN-Tec, vacina contra a Covid-19 vencedora na categoria “Inovação em terapias”. 
 
“Desenvolver ciência na América Latina não é fácil. A UFMG é, hoje, uma universidade que está fazendo a diferença. Só temos a agradecer o apoio da nossa reitora (Sandra Regina Goulart Almeida) e do nosso pró-reitor de pesquisa (Fernando Reis)”, celebrou o coordenador da pesquisa, professor Frederico Garcia, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFMG.

Sandra Goulart Almeida, reitora da universidade também comemorou o resultado. “Essa conquista representa uma grande vitória para a comunidade de pesquisadores da UFMG e para a ciência brasileira. A Calixcoca traz esperança porque se apresenta como uma importante alternativa de tratamento contra as drogas. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer, e esse prêmio nos estimula a continuar trabalhando para que a vacina cumpra todas as suas etapas de desenvolvimento”, destacou a reitora.

Calixcoca

A vacina desenvolvida pelos pesquisadores mineiros induz o sistema imune a produzir anticorpos que se ligam à cocaína na corrente sanguínea. Essa ligação transforma a droga em uma molécula grande, que não passa pela barreira hematoencefálica. 

O projeto já passou por etapas pré-clínicas, em que foram constatadas segurança e eficácia para tratamento da dependência de crack e cocaína e prevenção de consequências obstétricas e fetais da exposição às drogas durante a gravidez em animais. 

Em seu discurso de agradecimento, o professor Garcia ressaltou o compromisso com os pacientes que sofrem com a dependência química. “Sabemos como é difícil ter uma pessoa dependente em casa, como é sofrido para um acometido pela dependência ter que lidar com a ambivalência de usar ou não droga e como é ainda mais difícil para uma gestante dependente proteger seu feto e lidar com a dor da abstinência. Temos a missão de cuidar dessas questões”, finalizou. 

*Com informações da UFMG.