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A exigência do exame toxicológico a motoristas de ônibus, caminhões e carretas para detectar o uso de drogas ilícitas pode ter contribuído para tirar 3,5 milhões de condutores das estradas brasileiras desde 2016, quando passou a valer. Ainda assim, o problema histórico do uso de drogas na categoria, que sofre com jornadas extensas de trabalho, persiste no país e ameaça a segurança no trânsito.
Levantamento do movimento SOS Estradas mostra que, até 2016, o crescimento de habilitações nas categorias C, D e E vinha em uma constante. Ele foi interrompido justamente quando passou a ser obrigatório que os motoristas realizassem o exame toxicológico na admissão e demissão de empregos e a cada 30 meses. Se tivesse mantido o ritmo original, o país já teria passado de 15 milhões de motoristas, mas o número chega a 11,5 milhões, menor até do que a quantidade registrada em 2011, dez anos atrás.
“Esse período foi a primeira vez na história em que houve queda, quanto mais desse porte. O exame é a única explicação. Na maioria dos casos, é o excesso de jornada que leva a essa situação. Depois que se começa a usar droga para dirigir, um percentual importante se torna dependente”, analisa o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto.
Sob a ameaça de suspensão da carteira caso o exame dê positivo, motoristas deixam a profissão ou passam a atuar na clandestinidade, segundo ele.
Rizzotto pontua que o crescimento das habilitações nas categorias A e B, de carro e moto, não ocorreu no mesmo ritmo da diminuição das demais, por isso descarta que a migração de caminhoneiros para trabalhos de corrida de aplicativo, por exemplo, tenha um efeito significativo na redução, que ele atribui majoritariamente ao exame toxicológico.
Ainda sem dados do segundo semestre de 2021, ele aponta que a tendência de queda deve continuar devido a uma nova lei, de 2020, que passou a vigorar neste ano. Agora, os motoristas que não estiverem em dia com o exame toxicológico a cada 30 meses poderão receber multa de quase R$ 1.500, além da suspensão da habilitação.
O rebite, tipo de anfetamina que já foi associado ao trabalho nas estradas, já não é a droga predominante na categoria. A Associação Brasileira de Toxicologia (Abtox), que reúne os quatro maiores laboratórios que fornecem exames toxicológicos no Brasil, analisou os cerca de 200 mil testes com resultado positivo entre 2016 e junho deste ano e descobriu que a droga predominante é a cocaína. Ela foi encontrada em 50,9% das amostras positivas de motoristas de caminhão, 68,9% dos condutores de carreta e 66,3% entre os habilitados para conduzir ônibus.
O presidente da associação, Renato Dias, que foi diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo Temer, explica que o exame, feito a partir da coleta de fios de cabelo, detecta o uso contumaz de drogas. “O exame detecta 90 dias para trás, então vê o comportamento da pessoa. Não significa que, se alguém fez uso de maconha uma vez ou outra, por exemplo, o resultado será positivo, porque é necessário um mínimo de uso, que caracteriza o usuário recorrente”, explica
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Levantamento do movimento SOS Estradas mostra que, até 2016, o crescimento de habilitações nas categorias C, D e E vinha em uma constante. Ele foi interrompido justamente quando passou a ser obrigatório que os motoristas realizassem o exame toxicológico na admissão e demissão de empregos e a cada 30 meses. Se tivesse mantido o ritmo original, o país já teria passado de 15 milhões de motoristas, mas o número chega a 11,5 milhões, menor até do que a quantidade registrada em 2011, dez anos atrás.
“Esse período foi a primeira vez na história em que houve queda, quanto mais desse porte. O exame é a única explicação. Na maioria dos casos, é o excesso de jornada que leva a essa situação. Depois que se começa a usar droga para dirigir, um percentual importante se torna dependente”, analisa o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto.
Sob a ameaça de suspensão da carteira caso o exame dê positivo, motoristas deixam a profissão ou passam a atuar na clandestinidade, segundo ele.
Rizzotto pontua que o crescimento das habilitações nas categorias A e B, de carro e moto, não ocorreu no mesmo ritmo da diminuição das demais, por isso descarta que a migração de caminhoneiros para trabalhos de corrida de aplicativo, por exemplo, tenha um efeito significativo na redução, que ele atribui majoritariamente ao exame toxicológico.
Ainda sem dados do segundo semestre de 2021, ele aponta que a tendência de queda deve continuar devido a uma nova lei, de 2020, que passou a vigorar neste ano. Agora, os motoristas que não estiverem em dia com o exame toxicológico a cada 30 meses poderão receber multa de quase R$ 1.500, além da suspensão da habilitação.
O rebite, tipo de anfetamina que já foi associado ao trabalho nas estradas, já não é a droga predominante na categoria. A Associação Brasileira de Toxicologia (Abtox), que reúne os quatro maiores laboratórios que fornecem exames toxicológicos no Brasil, analisou os cerca de 200 mil testes com resultado positivo entre 2016 e junho deste ano e descobriu que a droga predominante é a cocaína. Ela foi encontrada em 50,9% das amostras positivas de motoristas de caminhão, 68,9% dos condutores de carreta e 66,3% entre os habilitados para conduzir ônibus.
O presidente da associação, Renato Dias, que foi diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo Temer, explica que o exame, feito a partir da coleta de fios de cabelo, detecta o uso contumaz de drogas. “O exame detecta 90 dias para trás, então vê o comportamento da pessoa. Não significa que, se alguém fez uso de maconha uma vez ou outra, por exemplo, o resultado será positivo, porque é necessário um mínimo de uso, que caracteriza o usuário recorrente”, explica