Quatro policiais morreram e ao menos outros 6 – entre militares e civis – ficaram feridos durante a megaoperação realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio. Esta é a operação mais letal da história do estado, segundo números confirmados pelo Palácio Guanabara.

Os policiais mortos são:

Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, recém-promovido a chefe de investigação da 53ª DP (Mesquita);Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, da 39ª DP (Pavuna); Cleiton Serafim Gonçalves, 40 anos, do Batalhão de Operações Especiais (Bope);Herbert, do Batalhão de Operações Especiais (Bope)
 
Outros 60 homens apontados como traficantes também foram mortos. O balanço é de mais de 80 presos. Entre eles, Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, um dos chefes do Comando Vermelho da região. Outro capturado é Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de um dos altos chefes do CV, Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso.

A Polícia Civil informou que, em retaliação, criminosos lançaram bombas com drones. Outros fugiram em fila indiana pela parte alta da comunidade, em uma cena semelhante à disparada de bandidos em 2010, quando da ocupação do Alemão.
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Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho e Rodrigo Velloso Cabral — Foto: Reprodução

A ação, batizada de Operação Contenção, mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, além de promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Um delegado da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) também foi baleado e levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Na última atualização desta reportagem, ele passava por cirurgia e estava em estado gravíssimo.

A operação foi deflagrada após mais de um ano de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão e 150 busca e apreensão contra lideranças do Comando Vermelho, facção que atua em 26 comunidades da região.

Durante o avanço das forças de segurança, criminosos reagiram com tiros e ergueram barricadas em chamas para dificultar o acesso dos agentes. O confronto resultou na morte dos policiais, e deixou PMs e policiais civis feridos — um deles foi baleado na perna enquanto atuava em uma área de mata.

Além dos agentes, outras três pessoas foram atingidas por balas perdidas: um homem em situação de rua, uma mulher que estava em uma academia próxima ao batalhão de Olaria e um homem encontrado em um ferro-velho.

Todos foram socorridos.

Helicópteros, blindados, drones e veículos de demolição foram utilizados para garantir o avanço das tropas.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que cinco unidades de atenção primária suspenderam o atendimento na região, e 43 escolas foram impactadas, afetando milhares de alunos.

O governador Cláudio Castro afirmou que a ação é uma demonstração de força do estado contra o crime organizado e acusou o governo federal de recusar ajuda.

Em resposta, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que mantém atuação no Rio desde outubro de 2023, por meio da Operação Nacional de Segurança Pública, que segue vigente até 16 de dezembro de 2025, com possibilidade de renovação. E completou, em nota, que tem atendido prontamente a todos os pedidos do governo do estado para o emprego da Força Nacional.