ELEIÇÕES 2026

Em visita a Belo Horizonte nesta quinta-feira (11/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a abertura da Caravana Federativa para enviar um recado ao prefeito da capital, Álvaro Damião (União Brasil). Diante de ministros, parlamentares e gestores municipais, o presidente fez uma cobrança velada pelo apoio do prefeito para a disputa eleitoral de 2026.

Durante seu discurso, Lula chamou Damião ao centro do palco e adotou tom de pré-campanha. “Prefeito, eu quero fazer uma coisa. Este ano foi de plantio e colheita. Agora, o ano que vem vai ser o ano da verdade”, disse, depois de puxar Damião a se levantar, repetindo a frase que já havia dito mais cedo em entrevista exclusiva à TV Alterosa e Estado de Minas.

Ao lado do prefeito, Lula prosseguiu: “Não precisamos ficar nus, como disse o ministro Alexandre Silveira, bota a roupa para me apoiar. Ano que vem nós vamos andar pelo Brasil. Vai ser o ano em que a gente vai andar por esse país tentando provar quem fez o quê. Para a gente dar o direito do povo escolher”, declarou.

Filiado ao partido que ordenou, em setembro deste ano, a saída de filiados de cargos no Congresso Nacional ao formar, com o PP, a Federação União Progressista, Damião tem buscado manter boa relação com o Planalto. Minutos antes da fala de Lula, o prefeito reforçou esse gesto e convidou o presidente a navegar com ele na Lagoa da Pampulha, lembrando que a Marinha irá autorizar a atividade nesta semana, após anos sem liberação.

“Vou fazer para o senhor um convite que nenhum prefeito de Belo Horizonte conseguiu fazer até hoje: da próxima vez que vier a BH irá navegar comigo na Lagoa da Pampulha. O último prefeito, que depois virou presidente da República, que navegou ali foi Juscelino Kubitschek. O senhor vai voltar aqui para navegar comigo na Pampulha”, disse.

O prefeito ainda destacou a parceria com o governo federal e, em tom descontraído, pediu que Lula intercedesse junto ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ele “tirar a mão do bolso” e apoiar financeiramente o projeto de Tarifa Zero nos ônibus da capital.

Damião já havia anunciado, mais cedo, a gratuidade das viagens aos domingos. “Só que esse subsídio é muito alto, fica muito caro para a prefeitura. Gostaríamos de dar o ônibus de graça a semana inteira, e, para isso, a gente precisa do apoio do governo federal”, pediu

Ao abrir seu discurso, Lula insistiu que a Caravana Federativa não era um ato eleitoral, mas não deixou de mirar adversários. “Nós ainda não estamos em época de campanha eleitoral. Se bem que eu tenho um compromisso de honra. Aquelas tranqueiras que destruíram esse país não voltarão a governar, nunca”, disse, sem citar nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro. Da plateia, apoiadores responderam com gritos de “é tetra”, em referência à possível quarta vitória presidencial de Lula.

A ausência do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), dominou a tônica do evento, que reuniu representantes dos órgãos federais em um mesmo lugar para atender as demandas de prefeitos e gestores públicos. Lula e aliados não pouparam críticas ao chefe do Executivo estadual.

Em tom de provocação, o presidente intensificou os ataques a Zema e sugeriu comparar as políticas sociais das duas gestões para identificar “quem fez mais”, provocação já feita na entrevista ao EM. “Aqui em Minas Gerais, quem realizou mais política social? O governo federal ou o estadual? Em todas as áreas, quem cuidou mais do povo mineiro?”, questionou.

Após a cerimônia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou que Zema “isolou Minas por um projeto político pessoal”, o que, segundo ele, fez o estado crescer menos que outras unidades da Federação. Silveira citou o aumento da dívida pública, de R$ 112 bilhões para R$ 195 bilhões.

“Entendo que ele vai ter muita dificuldade de mostrar em que Minas avançou. Minas na verdade avançou em uma única frente, na dívida pública. Ninguém consegue apontar uma realização nos últimos anos em Minas Gerais que não tenha sido feita nos últimos três anos pelo governo do presidente Lula”, disse.

O ministro afirmou ter advertido Zema, ainda antes de assumir a pasta, sobre a necessidade de “descer do palanque” e priorizar a gestão. Ele classificou o comportamento do chefe do Executivo estadual como reflexo de uma “precipitação eleitoral” e disse que isso tem limitado o avanço do estado.

“Há precipitação de alguns com o processo eleitoral, demonstrando irresponsabilidade com o Brasil e com seus estados. É o que aconteceu com Minas. O estado avançou muito menos que outros, comparativamente, e eu tenho andado o Brasil. O governador não tem noção da cadeira e da responsabilidade que ocupa”, afirmou.