A Polícia Militar de São Paulo expulsou o soldado que denunciou tortura após assumir ser gay
O soldado Adriell Rodrigues Alves da Costa, 35 anos, foi expulso da Polícia Militar do Estado de São Paulo seis meses após ter acusado oficiais do 39° Batalhão da Polícia Militar de 'perseguição, tortura e homofobia'.
Depois de a decisão ter sido publicada no Diário Oficial, Costa disse, na manhã deste domingo (15), que está com medo de ser morto.
Segundo destaca o G1, ex-militar gravou um vídeo e compartilhou nas redes sociais. "Se algo acontecer com a minha vida, com a minha integridade física, a responsabilidade é do comandante do batalhão, da Polícia Militar e do Estado, que nada fizeram para apurar as minhas denúncias", diz o soldado no vídeo.
O comando da PM argumentou que a decisão de expulsão ocorreu porque o solgado cometeu "transgressão disciplinar de natureza grave". Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), Costa agrediu uma equipe de saúde e outros policiais durante uma avaliação clínica marcada a ele pela corporação durante apuração dos fatos.
"A PM destruiu a minha vida. Temo pela minha integridade física. Temo que me matem para calar todo o mal que me fizeram. Eles provaram que não têm escrúpulos algum. Se alguma coisa acontecer comigo, foi o Estado de São Paulo e a Polícia Militar que fizeram mal", afirmou Costa em entrevista ao G1.
Adriell entrou para a PM há 9 anos, lotado no 24º Batalhão, em Diadema, sendo transferido depois para Mauá, cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Em 2011, ele teve as mãos lesionadas após um atropelamento durante o trabalho, e desde então, passou a atuar em funções administrativas na corporação.
No entanto, em 2016, Costa passou a atuar no 39º Batalhão, em São Vicente. Ele afirma que foi considerado um “peso morto” por ter ido para a unidade com restrições médicas, retiradas posteriormente pelo médico do 6º Comando do Policiamento do Interior, responsável por todo litoral.
Costa ainda acusa o batalhão de persegui-lo em razão da orientação sexual. "Eu escutei de um cabo que eu tinha que 'virar homem'. Ele me disse: 'Você não é homem. Você não está agindo como um homem'. Decididamente, um inferno começou na minha vida quando vim para a Baixada [Santista]", lamentou o soldado.
Quando o vídeo foi divulgado, a Secretaria de Segurança afirmou que prestava todo o apoio necessário ao policial. Em nota, a Secretaria afirmou que as medidas para solucionar o caso 'estavam sendo tomadas' e que a Corregedoria da Polícia Militar estava acompanhando o caso.