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A gravidade dos incêndios que consomem o Pantanal emocionou o mundo, principalmente depois que imagens dos animais feridos começaram a circular na internet. Uma das que geraram maior repercussão foi a de uma onça-pintada com as patas enfaixadas após sofrer sérias queimaduras. Trata-se da fêmea batizada de Amanaci, que hoje está em tratamento no Nex no Extinction, um criadouro científico para fins de conservação que funciona em Corumbá (GO), no Entorno do Distrito Federal. Ela e o macho Ousado estão sob os cuidados de uma equipe de voluntários e recuperando-se aos poucos.
Como o espaço é dedicado a cuidar de felinos, os órgãos ambientais do Mato Grosso pediram ajuda para acolher esses animais, como explica o diretor-executivo Silvano Gianni. “A organização Ampara Silvestre patrocinou o tratamento, fez o transporte dos animais e pagou a medicação. Nós entramos com o tratamento”, detalha. “Essas duas onças viraram ícone da tragédia que está acontecendo no Pantanal. Se houvesse preservação, nada daquilo aconteceria.”
Amanaci chegou em 21 de agosto, em grande agonia. O fogo destruiu completamente os coxins das quatro patas. A estrutura se assemelha a almofadinhas e permitem melhor apoio do animal. A pele estava em carne viva, com exposição dos ossos. “É uma área muito vascularizada, então imagine a dor que ela estava sentindo. Nos primeiros dias, ela ficava deitada com as patas para cima, porque não conseguia tocar no chão”, lembra a bióloga e veterinária voluntária Karolina Vitorino. Sem os coxins, dificilmente a onça conseguirá voltar para a natureza.
A partir da observação das mamas, que indicavam que ela estava em fase de amamentação, a equipe de tratadores acredita que o motivo de ela ter sofrido tantas lesões seja porque tentava proteger a cria, nascida há pouco tempo. “Ela se queimou a ponto de não conseguir andar. O que faz uma onça ficar tanto tempo presa no fogo? Por isso acreditamos que ela tentava socorrer um filhote”, avalia Silvano. Amanaci chegou pesando cerca de 55kg, e não comia há uma semana. Agora, ela passa por tratamento com aplicação de células-tronco. “É a primeira vez que fazemos essa experiência em uma onça queimada e os resultados são rápidos. A carne está se recuperando para cobrir os ossos expostos”, destaca o diretor-executivo. “Nós já usamos células-tronco em outra onça que teve fratura exposta e hoje está completamente recuperada. O material guardado foi usado inicialmente em Amanaci, mas agora ela já usa células dela mesma.”
Recuperação
Em Ousado, o tratamento é outro: ozônioterapia e laserterapia. O macho que chegou com 70 kg, em 13 de setembro, era figura conhecida no Pantanal, e recebeu o nome porque sempre se exibia para os turistas. A aplicação de ozônio, laser, além de pomadas homeopáticas estão ajudando a recuperar a pele queimada das patas.
No Nex, ele ganhou 9kg, e os veterinários comemoram o rápido progresso. “É muito gratificante ver que estamos conseguindo ajudar, graças ao trabalho de equipe e a soma de técnicas. Ele provavelmente voltará para a natureza, desde que a casa dele esteja no lugar”, celebra Karolina, responsável pela terapia com laser. “Através da radiação vermelha e infravermelha, nós conseguimos uma ação anti-inflamatória e analgésica.”
A ozônioterapia é feita pela veterinária voluntária Nathália Lira. “É um tratamento bastante usual em pequenos animais, com ação bactericida, para tratar as feridas”, reforça. “Ele já fez seis sessões e acredito que com mais duas ou três, estará bom.”
Futuro
A alta médica será dada pelo veterinário do Nex Thiago Luczinski. “A gente está muito feliz com os resultados e vendo que o tratamento está funcionando bem. Constantemente fazemos exames de sangue para verificar os rins e fígado, e está tudo certo”, garante. “Ainda é cedo para falar em alta, mas acredito que, no caso do Ousado, em 10 dias ele tem condições. Com a Amanaci será preciso mais tempo.”
Thiago não arrisca dizer se os animais poderão ser devolvidos ao habitat. “Ele tem mais chances, mas é cedo para falar em voltar. Depois que as feridas dela cicatrizarem, vai precisar ser reavaliada para vermos se será possível.” Os ferimentos da fêmea prejudicam a própria defesa. “Ela teve lesões nos ligamentos das garras, então não consegue mais expô-las. Com isso, terá dificuldades para caçar e escalar também.”
Ele conta que essa é a primeira vez que viu um animal tão machucado. “Eu lembro quando ela chegou aqui. Foi muito impactante vê-la saindo da jaula, sem coragem de andar, com medo de apoiar as patas. Nunca tinha visto uma lesão daquele jeito”, descreve. “As feridas ainda são difíceis de ver, para quem não está acostumado. Está feio, mas, comparado a como ela chegou, melhorou muito.”
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Como o espaço é dedicado a cuidar de felinos, os órgãos ambientais do Mato Grosso pediram ajuda para acolher esses animais, como explica o diretor-executivo Silvano Gianni. “A organização Ampara Silvestre patrocinou o tratamento, fez o transporte dos animais e pagou a medicação. Nós entramos com o tratamento”, detalha. “Essas duas onças viraram ícone da tragédia que está acontecendo no Pantanal. Se houvesse preservação, nada daquilo aconteceria.”
Amanaci chegou em 21 de agosto, em grande agonia. O fogo destruiu completamente os coxins das quatro patas. A estrutura se assemelha a almofadinhas e permitem melhor apoio do animal. A pele estava em carne viva, com exposição dos ossos. “É uma área muito vascularizada, então imagine a dor que ela estava sentindo. Nos primeiros dias, ela ficava deitada com as patas para cima, porque não conseguia tocar no chão”, lembra a bióloga e veterinária voluntária Karolina Vitorino. Sem os coxins, dificilmente a onça conseguirá voltar para a natureza.
A partir da observação das mamas, que indicavam que ela estava em fase de amamentação, a equipe de tratadores acredita que o motivo de ela ter sofrido tantas lesões seja porque tentava proteger a cria, nascida há pouco tempo. “Ela se queimou a ponto de não conseguir andar. O que faz uma onça ficar tanto tempo presa no fogo? Por isso acreditamos que ela tentava socorrer um filhote”, avalia Silvano. Amanaci chegou pesando cerca de 55kg, e não comia há uma semana. Agora, ela passa por tratamento com aplicação de células-tronco. “É a primeira vez que fazemos essa experiência em uma onça queimada e os resultados são rápidos. A carne está se recuperando para cobrir os ossos expostos”, destaca o diretor-executivo. “Nós já usamos células-tronco em outra onça que teve fratura exposta e hoje está completamente recuperada. O material guardado foi usado inicialmente em Amanaci, mas agora ela já usa células dela mesma.”
Recuperação
Em Ousado, o tratamento é outro: ozônioterapia e laserterapia. O macho que chegou com 70 kg, em 13 de setembro, era figura conhecida no Pantanal, e recebeu o nome porque sempre se exibia para os turistas. A aplicação de ozônio, laser, além de pomadas homeopáticas estão ajudando a recuperar a pele queimada das patas.
No Nex, ele ganhou 9kg, e os veterinários comemoram o rápido progresso. “É muito gratificante ver que estamos conseguindo ajudar, graças ao trabalho de equipe e a soma de técnicas. Ele provavelmente voltará para a natureza, desde que a casa dele esteja no lugar”, celebra Karolina, responsável pela terapia com laser. “Através da radiação vermelha e infravermelha, nós conseguimos uma ação anti-inflamatória e analgésica.”
A ozônioterapia é feita pela veterinária voluntária Nathália Lira. “É um tratamento bastante usual em pequenos animais, com ação bactericida, para tratar as feridas”, reforça. “Ele já fez seis sessões e acredito que com mais duas ou três, estará bom.”
Futuro
A alta médica será dada pelo veterinário do Nex Thiago Luczinski. “A gente está muito feliz com os resultados e vendo que o tratamento está funcionando bem. Constantemente fazemos exames de sangue para verificar os rins e fígado, e está tudo certo”, garante. “Ainda é cedo para falar em alta, mas acredito que, no caso do Ousado, em 10 dias ele tem condições. Com a Amanaci será preciso mais tempo.”
Thiago não arrisca dizer se os animais poderão ser devolvidos ao habitat. “Ele tem mais chances, mas é cedo para falar em voltar. Depois que as feridas dela cicatrizarem, vai precisar ser reavaliada para vermos se será possível.” Os ferimentos da fêmea prejudicam a própria defesa. “Ela teve lesões nos ligamentos das garras, então não consegue mais expô-las. Com isso, terá dificuldades para caçar e escalar também.”
Ele conta que essa é a primeira vez que viu um animal tão machucado. “Eu lembro quando ela chegou aqui. Foi muito impactante vê-la saindo da jaula, sem coragem de andar, com medo de apoiar as patas. Nunca tinha visto uma lesão daquele jeito”, descreve. “As feridas ainda são difíceis de ver, para quem não está acostumado. Está feio, mas, comparado a como ela chegou, melhorou muito.”