A reportagem conversou com a psicanalista e professora da UFRJ Mariana Mollica e com o líder do Morro da Babilônia no Rio de Janeiro e membro dos movimentos Favela não se Cala e Parem de nos Matar, André Constantine, sobre racismo, psicanálise, militância nas favelas e ataques do Estado às comunidades.


Mariana afirmou que a ascensão do fascismo no país está ligado ao silenciamento dos negros no Brasil, resquício da escravidão e da ditadura. “Houve um silenciamento da população negra e não é por acaso que neste momento estamos vivenciando essa subida do fascismo de uma maneira assustadora como a gente jamais viu na nossa cultura. Me parece que isso tem uma ligação, tanto com a história da escravidão negra como também com uma ditadura que não puniu seus algozes. Que não registrou como crime o que aconteceu durante a ditadura militar”.


André ressaltou a importância do cuidado com a saúde dos militantes de comunidades cariocas em tempos de franca luta e resistência contra o fascismo. Ele contou que muitos militantes da periferia adoeceram, fruto também do racismo estrutural da sociedade.

“Nesse momento de enfrentamento direto ao fascismo, é importante cuidar da saúde mental dos militantes de favela, vários militantes estão adoecendo, é importante na esquerda encontrarmos espaço de acolhimento, espaços onde nós possamos cuidar uns dos outros, nesse momento em que o fascismo chegou à Presidência da República e ao Palácio Guanabara...o racismo estrutural gera um adoecimento na saúde mental do povo negro, não é a toa que somos a maioria esmagadora nos manicômios...nós vivenciamos o racismo cotidianamente e isso vai te adoecendo. Além de unidade precisamos desse cuidado uns com os outros”.