NO RIO GRANDE DO SUL

Em entrevista exclusiva a O TEMPO, a delegada Marcela Ehler, responsável pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, deu detalhes da investigação sobre a morte do empresário mineiro Samuel Eberth de Melo, de 41 anos, desaparecido desde o último dia 2 na região da cidade gaúcha. A vítima chegou a almoçar com os suspeitos do homicídio, um deles, o sócio em quem ele confiava.

“No dia 2 de junho foi quando a vítima desapareceu. No sábado dia 3 de junho foi feito registro de ocorrência. Nesse mesmo sábado iniciamos de Novo Hamburgo em diante, pesquisas sobre locais onde vítimas e suspeitos teriam passado. Coletamos imagens de câmeras de posto, de estabelecimento, e também prestamos atenção nessa questão da rede social, onde ele teria postado uma foto em uma igreja desse município de Santo Antônio da Patrulha. Nesse mesmo sábado nós já estivemos em Santo Antônio da Patrulha e delimitamos a área”, explicou.

Em entrevista exclusiva a O TEMPO, a delegada Marcela Ehler, responsável pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, deu detalhes da investigação sobre a morte do empresário mineiro Samuel Eberth de Melo, de 41 anos,… pic.twitter.com/Bg4p9VXOWd

— O Tempo (@otempo) June 12, 2023

De acordo com a delegada, vítima e suspeitos se encontraram e almoçaram na cidade de Dois Irmãos, na região de Novo Hamburgo. “Eles se encontraram para resolver questões dos negócios, e dali em diante pelo o que nossa equipe apurou, almoçaram juntos e os sócios atraíram a vítima até Santo Antônio da Patrulha. Como, exatamente, não sabemos, se foi na promessa de que haveria veículo ali, ou outra coisa, mas a vítima foi atraída até aquele município. Fizemos esse rastreio por imagens, pedágio e constatamos que (vítima e suspeitos) foram juntos até Santo Antônio da Patrulha, onde ocorreu o desaparecimento. Mas como se deu a atração da vítima até aquela localidade, não sabemos. O suspeito, sócio da vítima, foi preso no domingo, mas nada colaborou com a investigação”, detalhou a responsável pelo DHPP de Novo Hamburgo.

Indiciamento

Apesar de não poder dar muitos detalhes sobre o caso, a delegada confirmou que, ao que tudo indica, os dois suspeitos devem ser indiciados por homicídio triplamente qualificado. Marcela Ehler explicou que pelo fato de os orifícios de entrada dos disparos serem nas costas, indica que a vítima não teve chance de defesa. O empresário ser levado para o local onde foi morto também pode ser entendido como emboscada e, se a investigação concluir que foi morto pela dívida estimada em R$ 5 milhões, pode caracterizar também um motivo torpe. A delegada, ponderou, entretanto, que até o momento não pode confirmar essas qualificadoras, “mas será algo nesse sentido”. 

Sangue em carro

As investigações encontraram, por meio da aplicação de luminol, vestígios de sangue em um carro que estava na casa do sócio da vítima. A polícia acredita que o veículo é um dos que Samuel Eberth enviou para o amigo vender na cidade gaúcha. 

Os procedimentos de investigação ainda vão avaliar se foi neste veículo, um Jeep Troller, foi até a cena do crime ou o empresário mineiro foi agredido em outro local. 

O sócio de 30 anos, que foi o primeiro a ser preso preventivamente no domingo (4), é morador de Santo Antônio da Patrulha, cidade onde o corpo da vítima foi encontrado. Já o comércio onde ele revende os carros é em Novo Hamburgo. Ele apresentou inconsistências no depoimento, o que acendeu a suspeita da polícia.

Denúncias ajudaram a localizar o corpo

Segundo Marcela Ehler, denúncias anônimas recebidas pelo DHPP de Novo Hamburgo levaram ao local onde o corpo foi encontrado. “A coloração pelo sistema de denúncia anônima do DHPP foi de extrema importância para equipe direcionar as investigações. Fica o alerta para a população, que façam suas denúncias, a identidade vai ser preservada. Uma denúncia anônima apontava diversos elementos que ajudaram a gente a encontrar a localidade do corpo”, contou.

Inicialmente, um cão farejador encontrou um óculos da vítima, o que ajudou a restringir o espaço de busca. O corpo foi encontrado a cerca de 200m. A investigação foi feita pela Polícia Civil gaúcha, mas contou com auxílio de policiais mineiros que forneceram informações sobre a vítima e identificação dela, que contribuiu para o exame de papiloscopia.