Apreensão, ruas vazias e falta de produtos nos mercados. É assim que a empresária Natália Juliana Matos, de 40 anos, mineira de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, descreve a situação na Itália, onde vive há cerca de sete anos, com a expansão do novo coronavírus no país. 


“É muito estranho relatar sobre esse vírus tão assustador. Eu me sinto vítima de um inimigo invisível”, conta. Ela mora na cidade de Arona, de 15 mil habitantes, na Lombardia, no Norte do país, a região italiana mais afetada pelo COVID-19. Com 650 casos registrados e 17 mortes, a Itália é a nação mais prejudicada pela epidemia na Europa. 

Natália relata que não se encontra mais nos supermercados produtos alimentícios como massas, carnes e leite, além de itens de limpeza, como álcool e desinfetantes. “O governo cogitou fechar alguns portos. Há uma cidade, Codogno, que fica a 100 quilômetros da minha casa, que está em quarentena”, afirma. De acordo com a mineira, não há casos confirmados ou suspeitos na cidade em que ela mora. Mas os municípios são muito próximos, o que não diminui o medo de contaminação.


Outra consequência do coronavírus, segundo Natália, é o receio das pessoas de saírem na rua. Como as escolas e faculdades estão fechadas, os dois filhos da empresária estão em casa desde a semana passada. “O governo ficou de se pronunciar nesta sexta-feira sobre a volta das aulas. Mas acredito que não voltarão”. Enquanto isso, as pessoas não falam com as outras e procuram fazer as tarefas fora de casa o mais rápido possível. “Para abastecer o carro as pessoas só descem quando todo mundo já foi embora”, diz.


Natália mora na Itália desde 2013 e diz que apenas enfrentou situação de tensão similar entre 2015 e 2016, quando uma série de atentados aterrorizaram a Europa. “Mas naquela época a gente tinha uma certa segurança porque o Exército estava na rua”, afirma. A empresária pensou em mandar os filhos para fora do país. A solução que ela encontrou para não pensar no vírus é se distrair com um livro ou filme. “Quando eu fecho os olhos peço muito a Deus para que o planeta possa se curar. Só a fé nessas horas porque a gente não tem o que fazer”, afirma.


A mineira acredita que o governo italiano poderia ter tomado mais providências, especialmente para controlar o número de voos que chegaram no país. “Foi uma falha, mas também era quase impossível controlar todas as pessoas que entram e saem do país. Mas agora o que pode ser feito eles estão fazendo”, avalia Natália. Ela espera que outros governos, como o brasileiro, observem os erros cometidos e possam tomar as decisões certas para conter o avanço do vírus pelo mundo.


Mesmo apreensiva, a empresária conta que alguns fatores ajudam a reduzir o medo. Médicos e cientistas explicaram em programas de TV que a gripe mata mais do que o novo coronavírus. Na tarde desta quinta-feira (27), o número de casos registrados de contaminação pelo novo coronavírus na Itália subiu para 650. Já o número de mortes saiu de 15 para 17.
 
A região da Lombardia, no Norte do país, onde fica Milão, registra mais de 300 casos e é a mais afetada. Outras áreas impactadas são Veneto,Emília-Romanha e Liguria. Com mais casos se espalhando fora da China do que dentro do país asiático, a Itália é um dos países com a situação mais alarmante entre os afetados pela epidemia do COVID-19.
 
*estagiário sob supervisão da sub-editora Marta Vieira