Depois de seis dias de viagem no navio Almirante Maximiano, a equipe da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) finalmente desembarcou na Antártica. A chegada foi realizada na Ilha de Rei George, onde fica a Estação Comandante Ferraz. No local, está praticamente tudo pronto para a reinauguração do centro de pesquisas do Brasil no continente gelado.
Os militares da Marinha estão realizando os últimos testes elétricos e hidráulicos na estação. Do lado de fora, está sendo montada a estrutura onde vai ser realizada a cerimônia de reinauguração, que vai contar com a presença do vice-presidente da República, Hamilton Mourão. O evento vai ser transmitido ao vivo pela TV Brasil e pelas redes sociais da EBC.
O governo federal investiu cerca de US$ 100 milhões na construção do novo centro de pesquisas do Brasil na Antártica, que reúne 17 laboratórios e pode hospedar 64 pessoas.
O projeto de engenharia da Estação Comandante Ferraz foi desenvolvido para reduzir os impactos ambientais. Trinta por cento da energia consumida no centro de pesquisa vêm de fontes renováveis produzidas por placas solares e por uma miniusina eólica instalada no local. Outro detalhe que chama a atenção é que o calor emitido pelos geradores de energia, em vez de ser lançado para o ar, é canalizado para aquecer a usina. Detalhes que fazem a Estação Comandante Ferraz ser considerada uma das estações mais modernas da região Antártica.
O professor de microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais Luiz Rosa será um dos primeiros pesquisadores que vai utilizar as novas instalações da nova estação. Ele já está na Antártica montando o laboratório onde vai trabalhar. O professor diz que a nova estação vai permitir que as pesquisas continuem sendo realizadas também no inverno.
Luiz Rosa estuda fungos que são encontrados apenas no Polo Sul. A pesquisa pode ajudar no desenvolvimento de novos antibíoticos que poderão ser usados para tratar doenças como dengue e chikungunya. Outra pesquisa desenvolvida pelo professor permitiu descobrir plantas que ficam durante seis meses debaixo da neve e sobrevivem. “Por algum motivo elas não congelam e isso pode ajudar no desenvolvimento de anticongelantes para a indústria e também para a medicina.”
O Brasil faz parte de um seleto grupo de 29 países que possuem estações científicas na Antártica. Esta presença é muito importante porque, de acordo com o tratado antártico, só quem desenvolve pesquisas na região poderá definir o futuro do continente gelado.
O professor de biologia da Universidade de Brasília Paulo Câmara, que está pela sétima vez na Antártica, diz que a presença brasileira na região tem uma grande importância geopolítica para garantir a participação do país em decisões sobre um continente que apresenta grande biodiversidade. “A Antártica é tão importante quanto a Floresta Amazônica. Aqui encontramos espécies de plantas com 600 anos de existência que ainda são pouco conhecidas.”