Uma empresa chinesa cancelou a compra de 600 respiradores feita por estados do Nordeste para desafogar o sistema de saúde ante a pandemia do novo coronavírus. Os equipamentos já estavam no Aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, onde seriam enviados ao Brasil. A notícia da desistência do negócio foi publicada, inicialmente, pela Folha de S. Paulo, nessa sexta-feira.


À Folha, o secretário da Casa Civil baiana, Bruno Dauster, disse que o contrato, cujas cifras giram em torno de R$ 42 milhões, foi cancelado pela china, no início desta semana, sem que fossem dadas muitas explicações. 

Na última quarta-feira (1), o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, apontou queda no número de insumos oriundos da China. Mesmo sem citar os Estados unidos, Mandetta criticou a postura do país liderado por Donald Trump. 

"Estamos vendo retenção sobre produções globais de máscaras. Quase que uma coisa assim: 'isso era global; agora é só para atender ao meu país', disse ele. "O momento continua difícil em termos de abastecimento de sopradores. Nós não confirmamos hoje o que vai entrar de respiradores e material", completou, fazendo alusão ao problema enfrentado pelos estados do Nordeste. 

COVID-19 no Nordeste


Segunda região brasileira com mais casos de coronavírus, o Nordeste soma 1.399 registros da doença, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nessa sexta-feira. O Ceará continua sendo o estado com mais pessoas contaminadas: são 627 infectados e 22 óbitos — na quinta-feira (2), eram 550 e 20, respectivamente. Segunda unidade federativa da região com mais registros, a Bahia tem 282 doentes e 5 mortos. Em 24 horas, foram contabilizadas 77 novos casos e duas mortes a mais. 

O Piauí, por sua vez, tem a maior taxa de letalidade nacional — 19%, contra 4% da média brasileira. Por lá, já são 21 casos e 4 mortes. Nessa sexta-feira, Mandetta disse que o aumento da quantidade de testes distribuídos às secretarias de Saúde deve alterar o prognóstico. 

‘Guerra das máscaras’


Nesta semana, a França fez acusações aos Estados Unidos sobre a interceptação de um carregamento de máscaras que, assim como os respiradores inicialmente destinados ao Nordeste, foram produzidos em solo chinês. 

"Com a carga ainda na pista, os americanos pegam dinheiro e pagam três ou quatro vezes mais pelos pedidos que havíamos feito", disse, na terça, feira, o administrador da região de Grand Est no nordeste da França, Jean Rottner à rádio RTL. 

Um dia antes, o administrador de Ile-de-France, área do país que inclui a capital Paris, fez acusação semelhante. "Perdemos um pedido para os americanos que nos superaram em uma remessa que tínhamos feito", comentou, sem mencionar quem havia repassado a informação. 

À Agência AFP, um integrante do alto escalão do governo estadunidense negou veementemente o desvio das máscaras. “O governo dos Estados Unidos não comprou nenhuma máscara da China destinada à França. Informações que apontam o contrário são totalmente falsas", declarou. 

Com informações da Agência AFP