O bilionário Carlos Wizard, bolsonarista e fundador das escolas de inglês de mesmo nome, lidera um grupo de empresários que buscam adquirir vacinas para seus funcionários e aumentar o ritmo da vacinação contra a Covid-19 no Brasil.

No entanto, ele não vê a lógica em seguir o decreto de Jair Bolsonaro que obriga empresas a doar uma parte das vacinas que adquirirem ao Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto a imunização de grupos prioritários estiver em curso. 

Enquanto clínicas privadas de vacinação recorrem ao Congresso nacional para serem isentadas da medida, Wizard admitiu, a contragosto, que irá segui-las: 


"Em determinado momento levantou-se a questão de que os empresários possam comprar as vacinas para os seus próprios trabalhadores, desde que façam uma segunda doação para o SUS. Não consigo ver muita recíproca nessa questão. Eu já estou sendo solidário com o governo: ele está deixando de ter a logística, a mão de obra, a negociação e o custo dessa aplicação", afirmou o empresário à coluna Painel S.A., na Folha de S.Paulo.

"Mas, tudo bem, vamos dizer que nós entendemos que o governo, por uma questão que eu não sei exatamente qual, ponha essa regra. Mesmo assim, nós empresários estamos dispostos a comprar duas vezes a vacina, ou seja, eu compro 50 mil para mim e mais 50 mil para o SUS. Eu não vejo muito bem a lógica por trás disso, mas, para nós empresários, sai mais barato fazer essa doação dupla do que manter o país fechado. Esse é o preço que nós vamos ter que pagar? Sim. Se nós tivermos como ter uma flexibilidade, vamos trabalhar com ela", acrescentou.


No mesmo grupo está Luciano Hang, bolsonarista das lojas Havan. No início de fevereiro, a bilionária Luiza Trajano, das lojas Magazine Luiza, anunciou um outro plano para ajudar o SUS a vacinar toda a população brasileira até novembro.

Os empresários demonstram interesse em doar ao SUS, porque veem que estariam ajudando o governo a acelerar o processo de retomada econômica.

"Mas nada impede de fazermos um trabalho paralelo. Não é competir, furar fila ou dar prioridade para quem tem recurso. A nossa questão é antecipar uma solução para o Brasil voltar a funcionar. O país parou. Não podemos aceitar passar 2021, e nós reféns dessa situação", completou Wizard.