No ano da graça de 2020, a humanidade viveu uma grande pandemia chamada Coronavírus. Milhares perderam a vida. Idosos e pobres estiveram em desvantagem. Países inteiros pararam. As economias de todo o mundo foram forçadas a interromper suas atividades pela ausência da mão de obra. Houve muito desemprego, muitas empresas faliram e tivemos que reinventar o sistema de mercado.

Mas os bancos continuaram ricos e muito lucrativos.

Países com líderes conseguiram sobreviver melhor. Nações governadas por psicopatas genocidas ficaram em desvantagem, com pouca preocupação com os mais vulneráveis e com as micro, pequenas e médias empresas .

Os seres humanos, em auto isolamento, foram obrigados a repensar a vida e a refletir sobre si mesmos. Sem o abraço que conforta e sem o beijo que aquece, atingimos um elevado grau de angústia e solidão.

Contudo, muitas vezes as dificuldades e os problemas somos nós mesmos que criamos ou ampliamos. Muitas vezes só enxergamos o que queremos ver, mesmo que não seja a verdade. Tudo o que nos aconteceu nos ensinou muito. E as oportunidades surgem das crises.

Algumas coisas eu aprendi e deixo para reflexão.

1°. A natureza é sábia e merece ser respeitada, do contrário ela irá cobrar de todos nós. Como aquecimento ou como doenças.

2°. A sociedade egoísta e pouco colaborativa vai nos levar à nossa autodestruição.

3°. O outro existe e conta muito para nós. Somos seres gregários e seres de amor. Vivermos em sociedade e precisamos uns dos outros.

4°. Tudo muda. Nada permanece. O que foi ontem não será mais amanhã. A infância dá lugar à juventude e esta dá lugar à velhice. E as coisas vão se transformando rapidamente. É preciso pensar no que já fizemos. Pensar no nosso legado.

5°. Somos poeira no Universo infinito. Somos nada diante das energias maiores do destino. De nada vale orgulho, vaidade e arrogância. Ao pó todos voltaremos.

6°. De que vale o dinheiro e o poder se nada posso atingir com eles diante de circunstâncias fora de meu controle.

7°. Não é mais possível viver numa sociedade marcada por tantas desigualdades e injustiças. Para uns poucos sobra abundância, para a maioria falta tudo. Para alguns poucos a educação e o conhecimento. Para a grande maioria sobra ignorância. Mais dia menos dia, as desigualdades baterão em nossas portas e a cobrança será contundente.

8°. Muitas vezes é preciso destruir o que está em nós, em pensamentos e ações, para que possamos ser aqueles seres humanos que precisamos ser.

9°. Não será o primeiro, nem o último grande desafio que viveremos na face da Terra. Cada um de nós sabe das pedras que já arrastamos e das montanhas que haveremos de escalar.

10°. O amor, a compaixão, o respeito ao próximo, a amizade e a doutrina da disciplina, que há muito estavam afastadas de nossas vidas retornarão mais fortes do que nunca. Viver é preciso!

E vocês, gerações vindouras, poderão testemunhar as mudanças e lutar pela preservação do que é certo, da ciência que destrói as mitologias, do bem que supera o ódio e da igualdade que traz justiça e democracia.
 

*Paulo Roberto Bretas é economista formado pela UFMG, professor de História Econômica, tem MBA pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro e foi vice-presidente da Caixa Econômica Federal e diretor da Casa da Moeda do Brasil.

Fonte:osnovosinconfidentes