Quem visitou o Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro, pôde conferir uma grande variedade de modelos conceituais, milionários, exóticos, supercarros e também automóveis que vão estrear nos próximos meses. A lista de cotados é grande, mas nem todos chegarão de fato às ruas caso o dólar não recue a uma cotação que torne viáveis a importação e também a aquisição de componentes.
Até mesmo modelos nacionais aguardam uma derrubada no valor das verdinhas. Um exemplo disso é o Volkswagen T-Cross. O utilitário-esportivo (SUV) marca a entrada da VW no segmento de jipinhos compactos, onde reinam modelos como Honda HR-V, Jeep Renegade e Hyundai Creta.
Na boca da espera, T-Cross depende da valorização do real para estrear em maio
Ele chegará equipado com motor turbo 1.4 de 150 cv e conteúdos com quadro de instrumentos digital, dentre outros recursos. No entanto, a marca espera colocá-lo nas ruas por volta de maio, justamente na expectativa de que o real se valorize diante da moeda norte-americana.
Apesar de nacional, ele recorre a componentes importados, que farão o preço disparar. Ou seja, ficará caro e não conseguirá competir com os adversários. A questão cambial também pode ser um entrave na chegada do Polo GTS, que utiliza muitos itens importados e poderia ficar muito mais caro que o ideal.
O mesmo ocorre com a dupla de sul-coreanos da Kia. O hatch Rio e o jipinho Stonic também estão na pauta de lançamentos da marca, mas dependem de um câmbio favorável para poder vender aqui.
Cotação ideal
Na indústria, executivos estimam que um valor saudável para o dólar gire entre R$ 3,05 e R$ 3,20. Assim, seria possível posicionar modelos importados, de segmentos concorridos, com valores próximos aos já praticados, sem sangrar na margem. Além disso, o valor também contribui para as exportações, uma vez que torna o carro brasileiro mais competitivo lá fora.
Uma das atrações da Fiat no salão foi o SUV 500X. Em setembro, um executivo da marca nos afirmou que o carro estava cotado, mas o preço do dólar não favorecia.
No entanto, o jipinho apareceu na feira paulistana para “testar receptividade”. Mas a verdade é que ele será vendido por aqui em escala bastante reduzida, para inserir a marca no segmento.
Após ter sido descartado, Fiat importará 500X em pequenos lotes
Outro patamar
No segmento de luxo, a valorização das cédulas norte-americanas pode impactar na margem de lucro, mas não tira os modelos da jogada.
A BMW se prepara para lançar a nova geração do Série 3. O sedã foi totalmente reformulado para enfrentar o Mercedes-Benz Classe C, que lidera o segmento de médios premium, com cerca de 6 mil emplacamentos, contra 3 mil do bávaro. Já a Audi aposta no sofisticado Q8, que se posicionará acima do jipão Q7.
Confirmados
Quem já bateu o martelo e colocou até preço no novo modelo foi a Mitsubishi. A marca japonesa aceita encomendas do jipão Pajero Sport, oferecido por R$ 260 mil. O lançamento comercial e as entregas ocorrerão até o fim do primeiro trimestre.
A nova geração do Jimny, que foi um dos carrinhos mais simpáticos do Salão, também desembarca em 2019, vinda do Japão, com preço na casa dos R$ 85 mil.
Bonitinho, a nova geração do Jimny conviverá com o modelo fabricado em Catalão (GO)
Escalado para brigar no mesmo segmento, o Chery Tiggo 8 já está confirmado e chega nas próximas semanas junto com o irmão Tiggo 7.
Já a Mercedes-Benz tem uma agenda farta de lançamentos para 2019, mas um dos principais produtos será o Classe A Sedan. Importado do México, o modelo já está confirmado para chegar nos próximos meses para brigar com o Audi A3 Sedan. Especulações apontam valores em torno dos R$ 140 mil.
Fordão Chinês
A Ford também deverá lançar o Territory nos próximos meses. A marca ainda não definiu quando e nem por quanto ele irá chegar. Também faz mistério sobre a mecânica.
Nas bancas de apostas, há quem acredite que ele venha até o fim do ano por R$ 130 mil. Trata-se de um valor factível e que o colocaria em pé de igualdade com o líder Jeep Compass.
A dúvida permeia a picape Renault Alaskan (clone francês da Nissan Frontier). Apesar de cotada, a semelhança com a prima japonesa pode gerar concorrência interna.