Portugal
Agora são os chineses. Em cada ponto turístico, chegam em grupo para fotografias, algumas em poses arriscadas demais ou cobrindo totalmente o que seria registrado para a posteridade. Não importa. É preciso mostrar que estão na cidade que vem experimentando um crescente aumento no número de visitantes. Em breve devem se esbarrar com muitos norte-americanos e canadenses, que começam a ser seduzidos por um lugar fora do mapa do terror e com as comodidades de primeiro mundo. Os outros europeus e africanos - que vieram antes - precisarão se espremer mais um pouco nas ladeiras e calçadas estreitas.

Motivos não faltam para todos gostarem desta cidade de sete colinas: variada e farta gastronomia, bons preços em relação ao resto da Europa, fácil locomoção e, de quebra, a mesma língua para os brasileiros (ou pelo menos uma bastante parecida). O que Lisboa descobriu é que o respeito pela história é que faz com que a capital portuguesa já figure no top ten do ranking das cidades mais populares do mundo. Sabendo conviver a modernidade com o passado, aproveitando que o retrô está na moda, nada melhor do que embarcar numa viagem de volta no tempo. Que pode começar na charmosa cidade e se encerrar dentro do próprio voo de volta.

Na última segunda-feira, os passageiros da TAP que partiram de Lisboa para o Recife participaram de uma experiência diferente. Naquele dia embarcaram em avião com a antiga marca da companhia aérea portuguesa, sendo recepcionados por uma equipe trajada pelos mesmos uniformes desenhados em 1970 pelo estilista francês Louis Féraud. As cores fortes e as saias acima do joelho deram tom ao voo retrô que a TAP vem realizando desde julho. O A330-300, batizado de Portugal, já surpreendeu quem partiu das terras lusitanas para Nova York, Miami, Toronto, Rio de Janeiro, São Paulo, Maputo e Luanda. O Recife tornou-se a oitava cidade em 2017 para encerrar as comemorações dos 50 anos de rota ininterrupta com Lisboa. Mais do que ter direito a um bacalhau com grão de bico do chef Rui Paula e a uma bolsa como a que se dava de brinde na época em que se fumava a bordo, a TAP quer proporcionar uma experiência e garantir um novo embarque. Oportunidades não faltarão.

Em 2018, a oferta semanal de voos para Lisboa saindo do Aeroporto dos Guararapes poderá chegar a 11. Diante de maior concorrência de destinos internacionais a partir do Recife e da estrutura montada pela Air France em Fortaleza, a companhia aérea portuguesa resolveu reforçar os laços que tem com os pernambucanos. Ela aposta que Lisboa - e Portugal como um todo - pode ser um atrativo irresistível para quem planeja fazer uma viagem para a Europa.

Mesmo não sendo o destino final, o programa Stopover permite uma parada de até cinco dias em Lisboa ou Porto sem custo adicional nas passagens. Através de um aplicativo pode-se reservar hotéis e restaurantes com descontos e até ter experiências gratuitas, como percorrer a cidade a bordo de um tuk tuk, motoneta adaptada para transportar passageiros. No primeiro ano do programa, a TAP levou quase 70 mil novos turistas a Portugal graças ao Stopover, a maioria brasileiros.

Um novo voo retrô poderá ter o Recife como destino em 2018. Um presente para os pernambucanos que forem descobrir a Lisboa que não tem vergonha do seu passado.

Antigo com cara de moderno
Foto: Paulo Goethe

Foto: Paulo Goethe


No Cais do Sodré, o Mercado da Ribeira domina a paisagem desde 1882. Na década de 2000, o espaço começou a perder sua função de atacadista. Foi quando o poder público abriu concurso para uma nova utilização do prédio. O Time Out Group venceu a concorrência e, em maio de 2014, reabriu o mercado com 30 restaurantes e 500 lugares sentados em uma área comum. Com o aumento no número de turistas em Lisboa, é até difícil conseguir ficar junto em grupo depois de escolher entre várias comidas do mundo, do sushi à pizza experimental. Uma ala do mercado permaneceu com os boxes para os comerciantes lisboetas tradicionais. Experiência que foi copiada no Recife no Mercado da Encruzilhada.

Mas quem visita Lisboa deve reservar um espaço gastronômico na sua agenda para conhecer uma tasca, os tradicionais estabelecimentos portugueses com comida farta, preços baixos e atendimento um tanto rude. Com a invasão de investimentos no mercado imobiliário, muitas tascas estão fechando as portas, prejudicadas também pelo desinteresse da nova geração em manter o negócio da família.

Outro exemplo de modernização do passado é a LX Factory, no bairro de Alcântara, que fez de uma antiga fábrica de tecelagem um ponto de bares, restaurantes e lojas que atraem o público mais alternativo de Lisboa.

Castelo que parece longe
A fortificação construída pelos muçulmanos no século 10 foi tomada por Dom Afonso Henriques em 1147. Monumento nacional, o Castelo de São Jorge é parada obrigatória como um dos mirantes para se admirar Lisboa do alto. É possível subir a pé a partir da parte baixa da cidade, apreciando o seu lado mais medieval.

A pé, de táxi ou elétrico
Foto: Paulo Goethe

Foto: Paulo Goethe

A parte histórica de Lisboa é um convite a caminhadas, mesmo com algumas ladeiras no roteiro. Para os mais cansados ou com euros de sobra, um táxi cobre rapidamente o percurso, principalmente para as áreas que não têm cobertura do metrô, como Alcântara e Belém. Mas não volte sem uma viagem de “bondinho”.

O melhor remédio
Mesmo para quem não gosta de ler, a Livraria Bertrand merece uma parada. Foi fundada em 1732, antes do terremoto que devastou a cidade e está no mesmo endereço, no Chiado, desde 1773. Tem estilo cavernoso e mobiliário em madeira. A poucos metros encontra-se
a estátua de um dos seus clientes: Fernando Pessoa.

Doces para toda a vida
Foto: Paulo Goethe

Foto: Paulo Goethe

Fundada em 1829, a Confeitaria Nacional é a mais antiga de Lisboa. Localizada no Rossio, pode ser um charmoso ponto de partida para degustação dos famosos doces portugueses a partir de receitas centenárias. Para se provar o famoso pastel de Belém, só indo no estabelecimento Pastéis de Belém, em... Belém. Em qualquer outro lugar da cidade peça um pastel de nata.

Quase uma Caruaru
Foto: Paulo Goethe

Foto: Paulo Goethe

De tudo que há no mundo lisboeta pode-se encontrar à venda na Feira da Ladra, realizada às terças e sábados no Campo de Santa Clara, na Graça. O comércio de objetos do alheio (uma possível origem do nome) existe desde o século 13. É um bom programa, mesmo para quem é pão-duro. Aproveite e visite o túmulo de Cabral no Panteão.

Para antes do almoço
É só uma porta no Largo de São Domingos. É pagar o euro e 40 cêntimos, dar a beiçada e se retirar para que o próximo da fila experimente ou prove novamente a ginjinha. O licor da cerejinha ácida tem mais sabor neste lugar porque foi criado por um galego chamado Espinheira no ano de 1840. Outros pontos podem até vender a bebida, mas sem tanta história em cada copinho.

A ver o mar até Sintra
Uma das opções para quem se utiliza do programa Stopover da TAP é uma visita a Sintra, passando no caminho por Cascais e pontos emblemáticos como a Boca do Inferno e o Cabo da Roca, o ponto mais ocidental da Europa continental. Com seus castelos, Sintra permite uma volta ao clima onde a realeza passava férias.

Viajou a convite da TAP