Capital cubana passa por processo de abertura econômica e novidade impacta diretamente na experiência dos turistas

Maior ilha do Caribe, Cuba impressiona pela beleza das praias e pela riqueza cultural, mas o interesse de turistas pelo país também anda lado a lado com a mística em torno de sua política.

Desde 2011, o regime socialista vem passando por um processo sutil de abertura econômica, que impacta diretamente a experiência de turistas estrangeiros.

Leis mais brandas em relação à propriedade e aos investimentos privados permitiram o aparecimento de ótimos restaurantes, bares, galerias de arte e, recentemente, hotéis. Enquanto uns relembram os tempos em que viajar a Cuba implicava abrir mão de confortos modernos, outros temem que a ilha se descaracterize com a chegada cada vez maior de turistas e investimentos estrangeiros.

A novidade no turismo foi a abertura, em 2017, do primeiro hotel de luxo de Havana. O Gran Hotel Manzana, operado pela Kempinski Hotels, um dos principais grupos de hotelaria do mundo, ocupa um prédio construído em 1894 no centro histórico.

Apesar de a operação hoteleira ser do grupo alemão, a propriedade é do grupo Gaviota, um braço estatal de empreendimentos turísticos sob a tutela das forças armadas cubanas.

Soa exótico para o mundo capitalista, mas o resultado é incrível. Os quartos são enormes e superconfortáveis, em estilo contemporâneo, com toques históricos da arquitetura original.

O bar tem uma carta de runs impressionante, com garrafas raras, e uma sommelier de charutos que ajuda os hóspedes na harmonização dos dois produtos mais famosos do país.

O grande destaque, no entanto, fica no último andar – a piscina de borda infinita do rooftop tem vista de embasbacar, e o bar anexo virou um dos pontos mais badalados da cidade.

Bares e restaurantes

Badalação é o que não falta em Havana. Para quem quiser seguir os passos do escritor Ernest Hemingway, o El Floridita fica bem em frente ao hotel Kempinski.

O bar é conhecido pelo daiquiri, drink a base de rum, limão, açúcar, maraschino e muito gelo, para refrescar no calor cubano.

Outro clássico é a Bodeguita del Medio. Ao som de salsa, turistas se amontoam no balcão para provar o mojito mais famoso do mundo.

Aos pés da chaminé de uma antiga fábrica desativada, funciona o restaurante El Cocinero, com diferentes espaços abertos que convidam a um drink e pratos que mesclam cozinha criolla e mediterrânea.

Ao lado, fica a Fabrica de Arte, um espaço cultural dedicado a artistas cubanos contemporâneos, um misto de galeria, cinema, teatro, dança, bares e muita música.

Outra opção imperdível é o La Guarida, um terraço animado para drinks antes ou depois do jantar. É imprescindível reservar com antecedência não só ali, mas em qualquer restaurante que não seja estatal.

Para os próximos anos, vários novos hotéis de luxo estão com obras em andamento, a maioria seguindo essa linha de restauração de edifícios históricos, com propriedade do governo cubano e gestão de renomados grupos internacionais.

A abertura econômica traz mais comodidade, mas, ao mesmo tempo, implica em uma progressiva descaracterização. Eu, se fosse você, já marcaria a viagem, antes de correr o risco de que anunciem, em alguns anos, a chegada do McDonald’s por lá.

*Rafael Romeiro é expert em turismo de luxo e diretor da FVO Travel.