Para curtir paisagens que lembram a região da Toscana, ou que se assemelham às cidades produtoras de vinhos da França, não é preciso necessariamente sair do Brasil, muito menos do Estado de São Paulo. Basta ir conhecer e explorar a rota do vinho em São Roque para descobrir que um roteiro por lá pode ser uma boa maneira de incrementar sua programação dos finais de semana ou das férias que se aproximam.

Anteriormente, muitos apreciadores de vinho reclamavam da qualidade dos mesmos. Principalmente na última década, os produtores realizaram cursos de aperfeiçoamento técnico e, hoje, a região produz vinhos de ótima qualidade, agregando produtos com bons designers e excelência. Sucos, vinhos tintos, secos e rosés, licores, espumantes com rótulos e embalagens contemporâneas que mostram a evolução contínua do produto.

A cidade de São Roque fica a pouco mais de 60 quilômetros da capital paulista e é o endereço da rota do vinho com 3 vias de acesso e mais de 30 estabelecimentos dentre vinícolas, restaurantes, lojas, centros de entretenimento, construções históricas, igrejinhas seculares, centros de artesanato e estradinhas charmosas rodeadas de belas montanhas, com abundante fauna e com paisagens de tirar o fôlego. 

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Além das rotas, vale passear pelo centrinho da cidade, com destaque para um bom comércio, e as igrejas de São Benedito – construída por escravizados em 1855, apresenta estilo colonial típico da época, feito a partir da técnica de taipa de pilão; e da Igreja Matriz, que revela linhas arquitetônicas modernas, destacando-se as pinturas no teto e nas paredes dos irmãos Gentilli, consideradas verdadeiras obras de arte com seus vitrais em estilo mosaico.

Outro destaque, cerca de 8 quilômetros da área central da cidade, é a Casa Grande e a Capela de Santo Antônio, construídas em 1681, por Fernão Dias Barros, e que remontam o mais antigo passado estilo colonial do sul do país. Essas construções foram tombadas pelo Iphan em 1947 e já pertenceram ao escritor Mário de Andrade.

A rota do vinho em São Roque tornou-se um grande atrativo para os paulistanos, mesmo aqueles com menos tempo na agenda.  O acesso é fácil: são duas rodovias, Raposo Tavares e Castelo Branco, que levam a esse lugar quase mágico, com ótima e variada proposta gastronômica e um ambiente que agrada tanto os adultos como as crianças. Atualmente, surgiram novas propostas gastronômicas, como o Obará e a Cabanas Girassol, que vem inovando em cardápios e apostando na culinária contemporânea.

Como fazer a rota do vinho em São Roque

Por ser muito próximo a cidade de São Paulo e das cidades da região do Grande ABC, os turistas conseguem fazer o roteiro em apenas um dia, mas o ideal é já sair na sexta feira, hospedar-se num hotel coladinho às estradas da rota, ou que ficam no centro da cidade de São Roque, e fazer os passeios com tranquilidade e, o melhor, pagando bem pouco de hospedagem.

É interessante fazer a  viagem de carro e aproveitar ao máximo as degustações de vinhos e outras bebidas alcoólicas na sua visita a essa cidade do interior de São Paulo. Para quem gosta de beber, uma dica é deixar o carro no hotel e utilizar táxis ou carros de aplicativo, para não correr o risco de dirigir nas estradas sinuosas com índices alcoólicos exagerados.

A Qual Viagem fez parte desse roteiro e separou os pontos que considera imperdíveis na rota do vinho em São Roque, confira!

1 –  Adega Terra do Vinho

Logo no primeiro quilômetro da estrada do vinho já é possível encontrar um ponto de parada importante: a Adega Terra do Vinho, que tem cantina, loja de souvenirs, mesas ao ar livre e espaço para degustação. O cardápio da adega inclui vinhos de mesa e vinhos finos, além de queijos como parmesão e muçarela com ervas para harmonizar com as bebidas.

Bem  ali ao lado, surgiram recentemente duas novas opções gastronômicas que reservam boas surpresas. A primeira delas é a colorida, descolada e bem decorada Cabanas Girassol, que tem o terapeuta holístico Ricardo di Girolamo, filho de português e italiano, como o proprietário e anfitrião.

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Numa área de pouco mais de 3 mil metros quadrados, um verdadeira cabana rústica, toda construída em madeira e vidros, recebe os clientes para provar as delícias da casa, que são os parmegianas, muito bem servidos, e os pratos portugueses como o arroz com bacalhau, e outras opções deliciosas de bacalhau: o tradicional “A Lagareiro”, o “À moda do chefe” ( exclusivo) – que leva grão de bico e batata baby – e o bacalhau às natas.

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Os preços variam entre R$ 190,00 a 239,00, mas servem com tranquilidade até 3 pessoas.  O Parmegiana de filé mignon custa R$ 149,00, acompanha batas fritas e arroz branco e serve também até 3 pessoas. Não deixe de provar o espaguete, de massa levíssima e caseira, com molho branco ou ao sugo.

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Nessa casa, os pratos são preparados com zero química pelas mãos da chefe Ana Paulo Carbonaro, profissional da gestão financeira que se apaixonou pela gastronomia e hoje coordenada a equipe de 10 pessoas do Cabanas.  

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No cardápio, vale destacar duas entradinhas especiais, o fundo de alcachofra grelhado e o ceviche de salmão. A casa tem deliciosas sobremesas portuguesas, mas quem deseja experimentar algo com pouco açúcar pode pedir o exclusivo pudim de leite diet com calda de morango, uma das exclusividades.

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Outra atração são os jardins com famílias de saguis que comem na mão dos turistas. Há espaço para crianças, como brinquedoteca, redes para descanso e os visitantes ainda podem admirar a horta própria com folhas que servem parte do cardápio.

2 – Obará é o Deus do Fogo!

Nessa mesma parada, principalmente para quem deseja experimentar os deliciosos cortes de carnes nobres, pode conhecer o Obará. A casa tem como proposta servir hambúrgueres gourmet e um steak de respeito, onde a parrilla à moda uruguaia ganha destaque, nos pratos bem servidos, sempre com duas opções complementares, batatas, saladinhas, mandioca cremosa e até anéis dourados de cebola.

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Os sandubas também são bem servidos e podem ser acrescidos de entradas complementares.

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A casa tem decoração descolada, mesas em varandas praticamente ao ar livre e um conceito diferenciado de auto atendimento. Sua principal proposta é receber com emoção e carinho e, além da experiência gastronômica, o espaço prega a amizade e a troca de bons momentos entre os frequentadores.

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O preço é justo e o serviço é perfeito.  A casa tem uma equipe bastante comprometida com o atendimento e é liderada pelo empresário Marcos Aguero, um dos sócios do empreendimento.

3 –  Vila Don Patto: um verdadeiro shopping gastronômico

A Vila don Patto é o maior complexo gastronômico do município. Ela conta com adega, empório, barco cenográfico, sorveteria, cafeteria, playground, restaurantes italiano e português e  uma área enorme de estacionamento.  Lá, é possível encontrar os produtos da linha Don Patto, que têm mais de 100 anos de tradição, além de outras marcas famosas de vinhos nacionais e importados. O único problema é que o atendimento é um pouco demorado, principalmente aos domingos.  Já na entrada, a fila de carros é sentida, mas vale a pena conhecer o enorme complexo.

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Foto via Divulgação


Tente fazer uma reserva e ou chegar o mais cedo possível. O local serve café da manhã, uma preciosa dica inclusive para quem vai se hospedar e não tem esse item em sua diária.

4 –  Os sabores da Ilha da Madeira na Quinta do Olivardo

Inspirada pelos restaurantes portugueses, a Quinta do Olivardo tem um cardápio rico em pratos tradicionais do país, em especial da Ilha da Madeira. Lá também é possível encontrar vinhos artesanais, além de suco de uva, cachaças artesanais, doces portugueses e da região, salame e até louças, que podem ser comprados na loja própria do estabelecimento. A decoração é bastante descolada e colorida. Há espaços dedicados as crianças, uma pedida bem legal para quem viaja com a família a tiracolo.

5 – Vinícola Góes e Vinícola XV de Novembro. O mundo de vinhos!

A Vinícola Góes, uma das principais produtoras do país, não pode ficar de fora. Desde 1938, ela produz seus vinhos de forma artesanal, e permite ao público vivenciar esse processo em visitas guiadas e com a degustação completa da sua carta de vinhos, uma oportunidade imperdível para os visitantes. Há restaurantes, lojas, e um espaço monstruoso com construções que lembram as cidades italianas.

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Outra adega que tem merecido bom destaque é a XV de Novembro. Uma estradinha sinuosa leva os turistas a amplos parreirais onde há degustação de vinhos e petiscos num cenário deslumbrante. Parece que estamos nas grandes quintas portuguesas, com enorme casa colonial avarandada de frente ao imenso parreiral. A entrada para ambas as propriedades são gratuitas.

Entre uma propriedade e outra, visite o Centro de Artesanato de São Roque (Casa do Artista e Artesão), que fica em frente à Capela da Grama, um projeto de economia solidária, que vale a pena pela qualidade dos produtos e bons preços. A Capela da Grama foi a primeira Capela da região de Sorocamirim construída por familiares que ali residiam há mais de 150 anos e é  consagrada ao Sagrado Coração de Jesus e à Santa Cruz.

6 – Stefano reúne restaurante e hotel num espaço totalmente italiano

O grande diferencial é um restaurante super tradicional, que embora não esteja diretamente na estrada da Uva, deve ser com certeza ser visitado. O Stefano fica numa estrada rural, no km 56,5 da Raposo Tavares, entrando bem a direita para quem vem de São Paulo, antes da entrada oficial de São Roque. Há mais de meio século mantém a tradição de servir o melhor da gastronomia italiana. 

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O cardápio é bastante amplo e os grandes destaques da casa são: o canelone de massa ultrafina recheado com carne e o tortelli salteado na manteiga,  carros-chefes, além é claro das entradas de Vitela Tonato, um prato típico do norte da Itália, e as saladas crocantes de produção própria.  Saborear a típica comida piemontesa feita pela família, que cuida de uma alimentação saudável. Parte dos legumes e verduras vem direto de sua horta.

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Foi em 1953 que Stefano Borsarelli resolveu visitar o Brasil, deixando para trás a pequenina Mondovi, na região de Piemonte.  A história do restaurante começou nos anos 1960: um amigo, também italiano, e sua esposa, locaram um restaurante em São Roque, e chamaram Stefano para comandar o empreendimento. Anos mais tarde, Stefano arrendou o empreendimento que hoje faz história e é considerado o ícone da culinária italiana da grande São Paulo e o maior destaque de São Roque, estando já na mão da terceira geração da família.

O local tem um empório com venda de pães, geleias, doces italianos e molhos, além de um tradicional hotel, de construções típicas italianas, com largas janelas e corredores enormes. Na área de estacionamento, encante-se com os parreirais. Uvas ao vinho, pudim ou petit gateau completam a maravilhosa refeição.

Como ir

Para quem mora próximo das zona oeste e norte de São Paulo, o mais fácil é acessar São Roque pela Rodovia Castelo Branco. Já quem está nas zonas sul, leste e centro o acesso mais fácil é pela rodovia Raposo Tavares.

Onde ficar

A cidade possui hotéis para todos os níveis. O Villa Rossa é o mais completo, mas tem preços bem elevados e trabalha no sistema de pensão completa. Na área central, a melhor opção é o Hotel Cordialli, que tem preços e serviços honestos.

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Quem procura uma opção econômica e apenas pra dormir pode experimentar os Chalezinhos, que ficam a 400 metros da Estrada da Uva. O local tem apenas seis chalés com tarifas especiais de final de semana.  Com entrada sempre as sextas feiras a partir das 15 horas e saída até domingo as 16 horas, o empreendimento trabalha com pacote de R$ 320,00 as duas diárias para até 4 pessoas, com estacionamento, internet, piscina, e churrasqueira.

 

 

Mais informações chalezinhos.com.br

Mais informações sobre os restaurantes acesse o site roteirosdovinho.com.br

 

Fotos: Cláudio Lacerda Oliva