Na principal região vinícola do Brasil, Bento Gonçalves tem roteiros que combinam enoturismo, história, gastronomia e experiências exclusivas do período da vindima, que provam que a Serra Gaúcha não é um destino só de inverno.

Considerada a capital nacional do vinho, a cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, recebeu mais de um milhão de turistas no ano passado. O enoturismo é o principal atrativo do destino, mas não a única opção: Bento tem cinco roteiros turísticos muito bem estruturados, que envolvem também história, mesas fartas e a vida no campo. Muito mais do que conhecer vinícolas e provar vinhos, visitar essa parte da Serra Gaúcha é embarcar em uma viagem pelas heranças culturais dos imigrantes que fizeram esse destino ser o que ele é hoje.

Foto por Patrícia Chemin

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A tradição de cultivar uvas na região começou no século XIX com os primeiros colonos italianos, que produziam vinho para consumo próprio. A tradição atravessou gerações, tanto que muitas vinícolas continuam administradas pelas mesmas famílias. Hoje, a Serra Gaúcha concentra 85% da produção nacional de vinhos, com quase 30 mil hectares de área cultivada e um destaque especial para os espumantes, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente.

Vinícolas: passeios e degustações

Uma viagem para Bento Gonçalves tem a seguinte garantia: você vai beber e comer muito bem. Nessa linha, nada é mais icônico do que visitar as vinícolas da região – há dezenas delas para escolher. Entre as de grande porte estão nomes famosos, como Aurora e Salton, esta localizada no Distrito de Tuiuty.

Foto por Patrícia Chemin

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Com mais de 100 anos de história, a Salton encanta os visitantes logo na chegada, quando se deparam com uma imponente construção e um belo jardim. No tour, conheça o processo de produção do vinho e explore o labirinto das caves subterrâneas, um ambiente todo especial guardado por estátuas de anjos e envolvido por cantos gregorianos. Ao final, uma degustação aguarda os visitantes.

Já as vinícolas menores têm investido cada vez mais em experiências únicas. Os proprietários – geralmente membros de uma mesma família – estão diretamente envolvidos no dia a dia da vinícola e fazem questão de receber os visitantes.

No Distrito de Faria Lemos, a Cristofoli proporciona vários tours únicos, como passeios guiados pelos parreirais com degustação de espumantes com vista para a serra. Há também almoços e jantares harmonizados e um romântico piquenique privativo, o único do tipo na Serra Gaúcha, feito em um edredom estendido sob a sombra dos parreirais.

Além de visitar os vinhedos, na Cainelli, vinícola localizada em Tuiuty, é possível fazer jantares harmonizados e cursos de degustação, que acontecem no porão da antiga casa da família, erguida em 1929 com uma estrutura de pedras basálticas. No andar superior, existe um museu que recria como eram as casas da época, com móveis e objetos originais dos primeiros imigrantes da região.

Verão com experiências da vindima

A Serra Gaúcha é sempre lembrada como um destino de inverno, mas a mais importante época do ano para as vinícolas é o verão. Quando as videiras estão carregadas de uvas suculentas, entre os meses de janeiro e março, é a estação da vindima, período de colheita da fruta. Em 2018, a temporada oficial em Bento Gonçalves vai até 18 de março.

Foto por Patrícia Chemin

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Quem visita o destino nessa época pode participar de atividades especiais em várias vinícolas, como a pisa das uvas e a própria colheita. O Grupo Giordani, empresa referência no turismo da Região Uva e Vinho, organiza o roteiro “Fascínios da Vindima”, que propõe uma imersão na cultura do vinho e das vinícolas familiares, com um toque de história dos imigrantes.

Tudo começa na Vinícola Cainelli, onde acontece a maior experiência típica. Equipados com chapéus e cestos de palha, os visitantes seguem para o parreiral para a colheita das uvas, que é acompanhada por um grupo que entoa e toca as antigas canções italianas da época dos colonos. Depois, parada para um saboroso “merendin” entre as videiras, um lanche tradicional reforçado com polenta, salame, queijo, pão, torta tirolesa e, é claro, vinho e suco de uva.

Foto por Patrícia Chemin

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Um “tuque-tuque” (veículo agrícola) leva os visitantes para a pisa das uvas – as mesmas que eles acabaram de colher. Não tenha receio de sujar os pés – além de ser muito divertido, é também relaxante. Em seguida, o grupo segue para visita e curso de harmonização de vinhos com queijos e chocolates na Salton.

Guarde um espaço para o almoço típico italiano na Cristofoli, servido em meio às antigas pipas de vinho. O menu completo, que envolve ingredientes da região e pratos como massa fresca e polenta mole, é acompanhado por vinhos e espumantes da vinícola.

Um passeio pelo Vale dos Vinhedos

A maior parte das vinícolas de Bento Gonçalves está no Vale dos Vinhedos, que guarda 70 km² de belas paisagens de extensos parreirais. Os vinhos produzidos por lá são os únicos no Brasil com a Denominação de Origem, que conferem a identidade do local e a excelência de seu terroir.

Nessa rota turística, há mais de 30 vinícolas, além de pequenas propriedades rurais e familiares, restaurantes de culinária típica – como o Giordani Gastronomia Cultural –, pousadas, hotéis e lojas de artesanato e de delícias como queijos e doces. É só seguir a estrada e fazer paradas em cada empreendimento.

Foto por Patrícia Chemin

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No Vale dos Vinhedos está a sede da Miolo, maior produtora de vinhos finos do Brasil. Quem visita a vinícola pode conhecer as caves e os parreirais e fazer um curso de degustação. Além disso, no tour “Vindima no Vale” do Grupo Giordani Turismo, acontece a pisa das uvas e um tradicional merendin na Miolo durante a época da colheita.

Foto por Patrícia Chemin

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Outro lugar de destaque no Vale dos Vinhedos é o Spa do Vinho, luxuoso hotel do grupo Marriott. Cercado por parreirais próprios, foi concebido para se integrar à região e possui a maior adega de vinhos do Brasil em um hotel. Ideal para quem busca experiências únicas, tem em sua estrutura, além do Spa, o elegante Restaurante Leopoldina, piscina e terraço com vista panorâmica para os vinhedos.

Vinho e nostalgia sobre trilhos

Mais conhecida como “trem do vinho”, a Maria Fumaça da Serra Gaúcha é uma das atrações mais queridas e populares da região. Os passageiros embarcam em um nostálgico passeio por lindas paisagens ao longo de 23 km entre Bento Gonçalves e as cidades vizinhas de Garibaldi e Carlos Barbosa. Em cada estação, é feita uma parada para tomar vinho e suco de uva, ao som de música italiana.

Foto por Divulgação / ALESI DITADI

Foto por Divulgação / ALESI DITADI

A novidade para 2018 é o L’Essenza del Vino, passeio especial que acontece no último vagão do trem e inclui um mini curso sobre um tema do mundo dos vinhos, com degustação de alguns rótulos e harmonização com produtos locais.

Foto por ALESI DITADI

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O ingresso para o passeio de Maria Fumaça inclui visita ao parque temático Epopeia Italiana, uma experiência imersiva e emocionante que mostra toda a jornada dos imigrantes que chegaram à Serra Gaúcha há 140 anos.

Herança italiana nos Caminhos de Pedra

De 1875 a 1914, o Rio Grande do Sul recebeu cerca de 80 mil italianos, que receberam do governo lotes na serra. Com recursos escassos, os primeiros imigrantes tiveram que construir suas casas com as pedras basálticas encontradas na região. As paredes foram erguidas apenas com as pedras encaixadas, sem cimento ou algo do tipo.

Foto por Patrícia Chemin

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Algumas dessas casas sobreviveram ao tempo e ainda se encontram bem preservadas. Hoje, são propriedades rurais que abrigam de vinícolas a restaurantes, pousadas e outras atrações. Em São Pedro, distrito de Bento Gonçalves, há mais de 20 casas do tipo, que integram o roteiro Caminhos de Pedra ao longo de uma estrada de 12 km. É uma verdadeira viagem ao passado.

Foto por iStock / Samuel Azambuja Kochhan

Foto por iStock / Samuel Azambuja Kochhan

No caminho, há uma série de placas para indicar as atrações, o que facilita a vida do turista. Cada uma das paradas é preparada para receber os visitantes com passeios e experiências únicas, além de uma contação de histórias para ficar na memória, pois ali mora um povo que tem orgulho de mostrar suas origens.

Uma das casas de pedra mais antigas do roteiro é a da Cantina Strapazzon, pequena vinícola que oferece um tour com degustação de vinhos e produtos coloniais. Original de 1880, a casa foi cenário para várias produções da TV e do cinema, como o premiado filme brasileiro “O Quatrilho”.

Foto por Patrícia Chemin

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Outras atrações do Caminhos de Pedra incluem a Casa do Tomate, a Casa da Erva-Mate e o Parque da Ovelha. Nesta última, você pode vivenciar os afazeres de uma fazenda de ovinos, como pastoreio, ordenha, tosquia e amamentação de filhotes de ovelhas, o que encanta tanto crianças quanto adultos.

Para o almoço, não faltam opções. A gastronomia da região de Bento Gonçalves se baseia em refeições muito bem servidas, com fortes influências da cozinha italiana. Pratos típicos incluem sopa de capeletti, tortéi (massa com recheio de abóbora) e outras massas frescas, galeto assado na brasa, polenta mole e, de sobremesa, sagu de vinho.

Foto por Patrícia Chemin

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No Restaurante Casa Ângelo, construção que data de 1889, o almoço é um farto rodízio com uma sequência de risotos, massas e carnes. Esse tipo de refeição é bem popular no destino e pode ser encontrada em vários restaurantes.

Como chegar

O Aeroporto de Porto Alegre recebe voos regulares de várias cidades brasileiras, principalmente do Sul e do Sudeste. Depois, siga de carro ou ônibus até Bento Gonçalves, um trajeto de 115 km.

Onde ficar

Hotel Vinocap

Hotel & Spa do Vinho

Hotel Laghetto Viverone Bento

Onde comer

Cobo Wine Bar

Casa Ângelo – Estr. p/ São Pedro, 26, Caminhos de Pedra

Casa DiPaolo

Giordani Gastronomia Cultural

Mais informações em: bento.tur.br e giordaniturismo.com.br

Texto por: Patrícia Chemin. A jornalista viajou a convite do Grupo Giordani Turismo.