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“Na nossa pesquisa, buscamos nos conectar com histórias e memórias, conversando com familiares e pessoas mais distantes, que vivenciaram processos de migração. Outros colegas também fizeram essa busca em suas próprias histórias e redes de contatos. E quando pensamos em figuras históricas famosas, como Lampião, elas podem parecer distantes à primeira vista, mas, ao nos aprofundarmos, percebemos como estão próximas de nós”, explica.
Esse, aliás, foi um dos caminhos que encontraram para fugir de qualquer tipo de estereótipo sobre o tema. Em “Bonita”, o público acompanha a trajetória de Maria Bonita (1911-1938) e a sua relação com Lampião (1898-1938) e o Cangaço. Na narrativa, são postos em xeque o bem e o mal, revelando um imaginário de memórias culturais coletivas de um Brasil que se constrói a partir do sertão. “Esse processo cria um imaginário sobre o que é a mulher nesse espaço, buscando representá-la de uma forma que fuja dos estereótipos. É uma tentativa de trazer mais sensibilidade para essa construção, sem abandonar a força que caracteriza essas narrativas”, conta Rabelo.
Com direção de Adriana Chaves, o espetáculo foi montado levando em consideração também a cultura mineira. “A Adriana Chaves nos guia na tarefa de coletar memórias coletivas e de encontrar a sensibilidade que existe no sertão. O Brasil é composto por diversos sertões, e o texto reflete isso. Esse trabalho resgata essas vivências e as conecta com Minas Gerais, trazendo o sertão para a nossa realidade de forma íntima e significativa”, afirma.
A montagem foi inspirada na obra de mesmo nome escrita pela dramaturga e atriz Dione Carlos. “O texto foi uma proposta da nossa diretora e, desde o início, despertou nosso interesse. Apesar dos desafios envolvidos, abraçamos a ideia porque ela fez muito sentido para nós, especialmente ao percebermos o quanto ele oferecia possibilidades criativas tão fortes. Conforme fomos nos aprofundando no que Dione Carlos traz no texto, tanto no que está implícito quanto no que está explícito, começamos a enxergá-lo de uma perspectiva completamente diferente. Essa imersão revelou camadas que nos conectaram ainda mais com a obra e com o processo criativo”, comenta o ator.
Na trama, Rabelo interpreta diferentes personagens, mas se destaca no papel de Lampião, especialmente quando surge no momento em que o Rei do Cangaço percebe que todas as tragédias de sua vida, de certa forma, têm a ver com atitudes dele mesmo. “Lampião percebe que muitas das coisas que aconteceram, embora não fosse por culpa direta dele, têm a ver com as coisas que ele fez. E isso lhe gera muita revolta”, afirma. O ator também dá vida a diferentes pessoas do vilarejo. “Com isso, conseguimos contar as perspectivas daquele lugar, incluindo os burburinhos sobre a chegada do Lampião”, reflete.
Para imprimir mais verdade à montagem, foi escolhido o vermelho para poder contar a narrativa. A cor está presente no cenário, no figurino e nos adereços dos personagens. “O Anderson Ferreira nos apresentou as possibilidades de contar essa história de forma única, alinhando-a com a essência da nossa narrativa. O vermelho fala sobre amor, mas também de dor e escuridão. A cor está presente em tons vibrantes, mas também nos mais terrosos, que representam a paisagem do sertão”, finaliza.
SERVIÇO
O quê. Espetáculo de formatura do TU “Bonita”
Quando. Desta quarta (29 de janeiro) a 9 de fevereiro, em diferentes horários
Horários.
29/01 a 02/02: 20h
05/02 a 09/02: 19h
OBS: Dias 31/01 e 07/02 haverá intérprete de libras.
Onde. Funarte-MG (rua Januária, 68, centro)
Quanto. Gratuito, com retirada de ingressos uma hora antes do espetáculo
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“Na nossa pesquisa, buscamos nos conectar com histórias e memórias, conversando com familiares e pessoas mais distantes, que vivenciaram processos de migração. Outros colegas também fizeram essa busca em suas próprias histórias e redes de contatos. E quando pensamos em figuras históricas famosas, como Lampião, elas podem parecer distantes à primeira vista, mas, ao nos aprofundarmos, percebemos como estão próximas de nós”, explica.
Esse, aliás, foi um dos caminhos que encontraram para fugir de qualquer tipo de estereótipo sobre o tema. Em “Bonita”, o público acompanha a trajetória de Maria Bonita (1911-1938) e a sua relação com Lampião (1898-1938) e o Cangaço. Na narrativa, são postos em xeque o bem e o mal, revelando um imaginário de memórias culturais coletivas de um Brasil que se constrói a partir do sertão. “Esse processo cria um imaginário sobre o que é a mulher nesse espaço, buscando representá-la de uma forma que fuja dos estereótipos. É uma tentativa de trazer mais sensibilidade para essa construção, sem abandonar a força que caracteriza essas narrativas”, conta Rabelo.
Com direção de Adriana Chaves, o espetáculo foi montado levando em consideração também a cultura mineira. “A Adriana Chaves nos guia na tarefa de coletar memórias coletivas e de encontrar a sensibilidade que existe no sertão. O Brasil é composto por diversos sertões, e o texto reflete isso. Esse trabalho resgata essas vivências e as conecta com Minas Gerais, trazendo o sertão para a nossa realidade de forma íntima e significativa”, afirma.
A montagem foi inspirada na obra de mesmo nome escrita pela dramaturga e atriz Dione Carlos. “O texto foi uma proposta da nossa diretora e, desde o início, despertou nosso interesse. Apesar dos desafios envolvidos, abraçamos a ideia porque ela fez muito sentido para nós, especialmente ao percebermos o quanto ele oferecia possibilidades criativas tão fortes. Conforme fomos nos aprofundando no que Dione Carlos traz no texto, tanto no que está implícito quanto no que está explícito, começamos a enxergá-lo de uma perspectiva completamente diferente. Essa imersão revelou camadas que nos conectaram ainda mais com a obra e com o processo criativo”, comenta o ator.
Na trama, Rabelo interpreta diferentes personagens, mas se destaca no papel de Lampião, especialmente quando surge no momento em que o Rei do Cangaço percebe que todas as tragédias de sua vida, de certa forma, têm a ver com atitudes dele mesmo. “Lampião percebe que muitas das coisas que aconteceram, embora não fosse por culpa direta dele, têm a ver com as coisas que ele fez. E isso lhe gera muita revolta”, afirma. O ator também dá vida a diferentes pessoas do vilarejo. “Com isso, conseguimos contar as perspectivas daquele lugar, incluindo os burburinhos sobre a chegada do Lampião”, reflete.
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