Brasil e Rússia misturados em uma trama que discute, com bastante humor, tempos de intolerância. Esse é o mote do espetáculo inédito “Um Jardim para Tchekhov” que faz estreia nacional no CCBB Belo Horizonte. A peça, protagonizada pela atriz Maria Padilha, entra em cartaz nesta sexta-feira (23) e segue até 16 de setembro.

A temporada será de sexta a segunda-feira, sempre às 19h. Aos sábados, as sessões contarão com intérprete de Libras. Os ingressos são vendidos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), disponíveis no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH. 

Transitando entre a comédia, o lirismo e o drama, o texto inédito, assinado por Pedro Brício, narra a história de uma consagrada atriz de teatro, Alma Duran, vivida por Maria Padilha, que vai morar com a filha, a médica Isadora (Olivia Torres), e o genro Otto, um delegado de polícia (Erom Cordeiro), em um condomínio em Botafogo, no Rio de Janeiro.

Desempregada há três anos, ela começa a dar aulas de teatro para a estudante Lalá (Iohanna Carvalho), enquanto sonha em montar "O Jardim das Cerejeiras". Ao enfrentar dificuldades para realizar o espetáculo, conhece um desconhecido no playground do prédio, que afirma ser Anton Tchekhov (Leonardo Medeiros), que passa a ajudá-la.

Embora o espetáculo evoque o autor russo, o texto não é inspirado nele, conta Pedro Brício. “O tom tchekhoviano está na dualidade de emoções, nas tensões sociais, na aridez da violência, na intolerância. Por outro lado, há o afeto, a beleza, situações patéticas, risadas. É uma mistura de sentimentos, é sobre rir das nossas dores”.

Por mais que a Alma Duran esteja passando por uma situação difícil, lidando com o fracasso, com a falta de dinheiro, ela não perde a capacidade de sonhar, de inventar um futuro. Ela planta cerejeiras em um jardim abandonado do condomínio, em pleno Rio de Janeiro. São esses elementos que trazem para perto do público o que, aparentemente, estaria distante no tempo e no espaço, como a obra de um autor russo que viveu entre o século XIX e o XX. 

Georgette Fadel, que dirige “Um Jardim para Tchekhov”, conta que o autor é geralmente lido do ponto de vista psicológico, das relações sociais, mas ele tem uma vertente de humor muito importante, a qual a equipe escolheu ressaltar. “O Jardim das Cerejeiras”, por exemplo, é uma comédia, mas ficou conhecida na montagem do diretor russo Constantin Stanislavski, que insistiu em encená-la como um drama, o que conferiu a ela essa pecha. 
Encontro com Tchekhov

Partiu da atriz Maria Padilha a ideia de fazer uma montagem envolvendo Anton Tchekhov. Seu primeiro trabalho com o autor russo foi em 1999, na peça “As Três Irmãs”, dirigida por Enrique Diaz.

“Me apaixonei por sua obra, pelo ser humano que ele foi. Desde então sonhava em montar uma peça dele, mas é algo grandioso, com muitos personagens e ficaria inviável financeiramente. Convidei, então, o Pedro Brício, com quem havia trabalhado no monólogo ‘Diários do Abismo’, que fez uma brilhante adaptação das obras da escritora mineira Maura Lopes Cançado. Como grande dramaturgo que é, ele criou a história original que se transformou na peça ‘Um Jardim para Tchekhov’”.

BH é potência criativa 

O Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte foi a escolha para a estreia nacional da peça “Um Jardim para Tchekhov”. “A expectativa é alta e vamos fazer bonito”, conta Maria Padilha. 

“Belo Horizonte é uma potência criativa, é uma referência para o teatro, com o Grupo Galpão. Minas Gerais tem uma literatura deslumbrante, Guimarães Rosa, Drummond, tem a música, Milton Nascimento. É um público muito especial, atento, bem-humorado, irônico e tem o que considero uma das maiores qualidades do ser humano: a curiosidade”.

Serviço 

“Um jardim para Tchekhov”
Temporada: de 23 de agosto a 16 de setembro | Sexta a segunda, às 19 horas
Local: Teatro I do CCBB Belo Horizonte (Praça da Liberdade, 450, Funcionários)
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 110 minutos
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), disponíveis no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH.

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