Em meio ao avanço de casos do novo coronavírus, o Ministério da Saúde lançou um edital para colocar 5.811 médicos extras em postos de saúde até o início de abril e já avalia medidas extras para evitar sobrecarga na rede.

O número corresponde ao total de médicos que devem ser contratados por meio de um novo edital do Mais Médicos, conforme antecipado pela Folha de S.Paulo.

A medida também representa um recuo do governo em relação ao programa. Até então, a pasta não vinha renovando vagas em cidades de perfis 1 a 3 do Mais Médicos, como capitais e cidades maiores.

Agora, do total de vagas, 2.588 devem ser localizadas em cidades de perfil 3, como capitais. O objetivo é reforçar o atendimento diante da previsão de aumento de casos do novo coronavírus.

Poderão participar do edital médicos brasileiros ou com registro no país. O contrato valerá pelo período de um ano.

Uma delas é propor a secretarias estaduais de saúde que adiem cirurgias eletivas como forma de liberar leitos em hospitais para atendimento de pacientes graves.

"Já estamos falando com os secretários de saúde para tentar segurar. Se alguém tem uma prótese de quadril para trocar, por exemplo, não tem por que fazer agora. Tudo que for possível deixar para mais adiante, vamos deixar", afirmou o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis. "Não vamos colocar o paciente de forma desnecessária no hospital."

Outra medida prevista será ampliar o prazo de receita de medicamentos -assim, em vez de pegar remédios para três meses, pacientes pegariam por até seis, evitando ida ao hospital.

Segundo Gabbardo, a pasta também planeja rever os critérios para indicação de leitos de UTI. A mudança deve ser discutida com estados e entidades médicas.

De acordo com o secretário, a pressão causada pelo vírus em sistemas de saúde de outros países já leva o governo a ampliar parte das medidas inicialmente previstas para reforço da rede.

Há cerca de duas semanas, o Ministério da Saúde havia anunciado um edital para alugar mil leitos extras de UTI que poderiam ser instalados em hospitais em caso de necessidade.

Agora, a ideia é lançar um novo edital nesta sexta (13) para oferta de mais mil leitos.

O planejamento segue cenário observado na Itália, afirma. "O nível de preocupação com leitos de UTI aumentou", diz Gabbardo.

"Não é só colocar os leitos. Queremos usar melhor. Não vamos manter em leitos de UTI pacientes terminais, ou pacientes que não teriam indicação", disse.

Nos últimos dias, a pasta tem feito um apelo ao Congresso para liberação de R$ 5 bilhões previstos em emendas para medidas de controle do coronavírus.

De acordo com Gabbardo, caso o recurso não for liberado, o ministério avalia antecipar a liberação aos estados de recursos de média e alta complexidade, direcionados a ações hospitalares, por exemplo, que seriam distribuídos em dezembro.

A medida ocorre em um momento em que cresce a pressão de secretários de saúde por mais recursos para combate à doença.

Nesta quarta, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a pandemia de coronavírus no mundo pode ser letal aos sistemas de saúde.