Cinco turistas que estiveram no Brasil este ano contraíram a doença; suíço que se negou a tomar a vacina morreu em hospital em Zurique no dia 28 de fevereiro.

Por Monique Oliveira, G1

Cinco turistas que estiveram no Brasil entre janeiro e fevereiro deste ano adoeceram de febre amarela, informa a Sociedade Internacional de Medicina de Viagem, grupo que mantém sistema de vigilância sobre doenças globais e concentra pesquisadores de todo o mundo.

Dentre os casos, a sociedade relata duas mortes em 2018: a de um turista chileno, que morreu em hospital no Rio de Janeiro, e de turista suíço, que morreu em Zurique no dia 28. Os outros casos, de turistas que se recuperam ou já foram liberados, são de residentes da Romênia, da Holanda e da França.

A sociedade não divulgou se há casos em anos anteriores, mas disse que o primeiro relato recente de turista com contágio no Brasil foi de um holandês, liberado em janeiro.

Sobre o turista chileno, o caso foi retatado à sociedade por Cecilia Perret Perez, infectologista na Pontificia Universidad Católica de Chile. Segundo o relato, o turista tinha 36 anos e esteve no Rio de Janeiro, onde morreu. O turista não tinha tomado o imunizante e tinha uma filosofia anti-vacina. Ele viajou para o Rio para o reveillón e começou a apresentar sintomas no começo de fevereiro.

A outra morte foi de turista suíço de 44 anos, que se recusou a tomar a vacina e esteve em Ilha Grande, no Rio de Janeiro, em fevereiro. Ao voltar para Zurique, na Suíça, no dia 22 , o turista chegou em uma condição crítica e morreu na UTI no dia 28. O caso de febre amarela foi confirmado por teste molecular. O relato foi informado à sociedade pela infectologista Patricia Schlagenhauf-Lawlor, professora e pesquisadora na Universidade de Zurique, na Suíça.

Um outro caso relatado à sociedade foi da francesa Eric Caumes, de 42 anos. Segundo o boletim, ela foi diagnosticada primeiro no Brasil antes de voltar para Paris em fevereiro. Caumes apresentou sintomas consistentes com a febre e fez teste laboratorial, que deu positivo. A turista visitou Brumadinho, onde se localiza Inhotin, em Minas Gerais. Segundo a sociedade, trata-se do segundo caso reportado da doença na Europa.

O primeiro caso, já divulgado, foi de um holandês de 46 anos que veio para o Brasil em trabalho humanitário em São Paulo em janeiro. Segundo o relato de infectologistas de Roterdã, na Holanda, o paciente foi liberado no dia 15 de janeiro e passa bem.

Na Romênia, os pesquisadores Simin-Aysel Florescu e Corneliu Popescu, ambos infectologistas no Hospital de Doenças Infecciosas e Tropicais "Victor Babes", em Bucareste, informaram o caso de um turista romeno que também esteve em Ilha Grande, no Rio de Janeiro.

O turista visitou o Brasil e a Argentina entre os dias 11 e 23 de fevereiro de 2018 e passou vários dias no Rio de Janeiro. Ao voltar para Bucareste no dia 23, foi hospitalizado com insuficiência hepática e renal, erupção cutânea (alteração e inflamação na pele), mialgia (dor muscular) e febre. O visitante não tinha tomado a vacina e o caso foi confirmado por exame sorológico.

"O paciente mantém a consciência e a função hepática e renal está melhorando gradualmente", informaram os pesquisadores.

Vacina não é exigida para turistas

Não é pedido Certificado Internacional de Vacinas para quem entra no Brasil, diz o Ministério da Saúde. O certificado é exigido apenas por alguns países, para residentes no Brasil que vão viajar para fora.

"O país recomenda que as pessoas que vão se deslocar para áreas com circulação do vírus e para áreas com recomendação de vacinação, que se vacinem", disse a assessoria da pasta.

"A questão de se pedir o certificado para quem entra aqui é muito discutido. Mas eu não tenho dúvida de que, para a proteção individual do turista, ele é necessário, principalmente para Rio, São Paulo e Minas, onde temos uma transmissão ativa", diz Artur Timerman, médico infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Arboviroses.

A Organização Mundial da Saúde também tem uma recomendação de vacinas para algumas regiões de transmissão no Brasil, mas trata-se de uma recomendação -- e não uma exigência.

"A questão de uma exigência de um certificado tem uma repercussão muito negativa", diz Timerman.