O governador Romeu Zema está cada vez mais parecido com os políticos mineiros que o antecederam. No bom sentido. Com o jeitão caipira lá do Araxá, ele lembra as velhas raposas mineiras, com aquele jeitão “não diz que sim e nem que não, não aprova e nem desaprova, muito antes pelo contrário”, que celebrizou o estilo conciliador. Enfrentando uma situação atípica e complexa como é a da pandemia, ele tem conseguido se equilibrar entre as medidas de contenção do vírus, a flexibilização da quarentena com a retomada da economia e, o mais importante, sem perder a ternura.

Na quarta-feira passada, 11/6, o governador comemorava a redução do número de mortes em Minas Gerais, de maneira geral, não só por Covid. Segundo dados dos cartórios, foram 1.680 mortes a menos nos meses de janeiro a maio de 2020 do que no mesmo período do ano passado.

No mesmo dia, ele lamentava as mortes no país e se mostrava solidário com as vítimas da doença e suas famílias. “41.058 vidas perdidas para o coronavírus no Brasil. Lamento muito. Presto meus sentimentos e solidariedade às famílias neste momento tão difícil. Esta doença é um inimigo invisível e imprevisível. Por isso, peço que se cuidem e se puderem, fiquem em casa. Cada vida vale muito”, escreveu ele, em seu perfil nas redes sociais.

Agindo assim, Zema se diferencia de Bolsonaro que, até agora, não se mostrou convicentemente empático com as vítimas da Covid. É inegavelmente um aliado do presidente mas, ao mesmo tempo, apoia o isolamento que Bolsonaro despreza; e usa máscara, que o presidente dispensa. Agindo sim, fazendo uma coisa sem esquecer a outra, Zema administra um estado que apresenta um dos menores índices de mortalidade no país. Inegável, apesar do grande aumento de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave, o que poderia sinalizar subnotificação e elevar em mais de quatro vezes os números mineiros.

O governo mineiro, porém, garante que todos os óbitos suspeitos de coronavírus são testados. Oficialmente, Minas tinha neste domingo, 14, 21.381 casos de coronavírus confirmados e 475 mortes, enquanto no Rio de Janeiro, com 20% menos habitantes, 7.672 pessoas tinham perdido a vida com a doença.

Ao mesmo tempo, o governo mineiro criou um programa de retomada das atividades econômicas, o Minas Consciente que, se teve que voltar atrás esta semana na região central por causa do aumento de casos, deu ao setor produtivo um norte e um cronograma ao definir indicadores de flexibilização da quarentena.

E é assim, se equilibrando entre extremos, que ele está até se saindo bem. O que é surpreendente em se tratando de um político com experiência próxima de zero. Mas, empresário bem-sucedido, Zema sabe ouvir quem entende do assunto. Ou seja, no mínimo, ele escolhe bem quem o orienta. E está aprendendo muito.
 

Bianca Alves

Criadora e editora do projeto AQUI PL, é formada em Comunicação Social pela UFMG e trabalhou em publicações como os jornais O Tempo, Pampulha, O Globo e revistas Isto é, Fato Relevante, Sebrae, Mercado Comum, entre outras